OPINIÃO

Um pouco de ciência

Por Adilson Roberto Gonçalves | 12/10/2023 | Tempo de leitura: 2 min

O autor é pesquisador na Unesp - Rio Claro

As três universidades públicas paulistas - USP, Unesp e Unicamp - apareceram com destaque nos recentes rankings mundiais. Alguns fatores que contribuem para o bom posicionamento são a produção de conhecimento e o financiamento. A crítica aos critérios quantitativos de produção científica voltou à discussão devido ao grande número de revistas predatórias, aquelas que publicam artigos sem contestação, bastando pagar.

O problema é que os veículos consideradas sérios também estão cobrando para publicar e custear a editoração, uma vez que praticamente não existe mais impressão de revistas. Antes, as assinaturas eram bancadas pelas universidades e agências de fomento. Um dilema, pois formatar um artigo em formato pdf é uma ação simples, mas o conteúdo deve ser avaliado pelos pares, o que poderia ser suprido dentro da própria comunidade científica como já é, apenas não estaria atrelada a essas editoras. Lógico, mas não simples.

Patentes são uma forma de produção tecnológica, tão ou mais pública do que um artigo científico. As universidades de pesquisa já atentaram para isso há um bom tempo e a necessidade de patentear não fica restrito a medicamentos. Mas o tempo da análise é incompatível com o tempo da dinâmica econômico-social. Junto com outros pesquisadores, por exemplo, desenvolvi uma formulação de tinta à base de resíduos agroindustriais; já mudei de instituição de pesquisa três vezes e aquele pedido de patente ainda tramita no órgão oficial de propriedade intelectual há mais de 10 anos.

Além disso, a dispersão do fomento à pesquisa científica também volta à discussão. Em artigo recente na Folha de S. Paulo, o professor Rogério Cezar de Cerqueira Leite foi muito preciso na análise sobre a forma com que o escasso financiamento para a ciência está sendo conduzido e pela defesa de uma divisão entre as demandas de balcão por parte dos cientistas e os grandes projetos para o país ("O dilema da ciência brasileira").

É mais do que premente a necessidade de um "Sputnik", ou seja, um projeto que aglutinasse os principais grupos de pesquisa em torno de um objetivo comum e que fosse a base para os saltos tecnológicos e sociais de que necessitamos. Sem publicar e sem produzir pereceremos.

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