COLUNISTA

O beijo e a origem dos vírus: 2.500 a.C.

Por Alberto Consolaro | 19/08/2023 | Tempo de leitura: 3 min

Professor Titular pela USP Bauru e Colunista do JC

Tabletes de argila de 1800 a.C. com registros de beijo na Mesopotâmia (“Science” v380, i6646).
Tabletes de argila de 1800 a.C. com registros de beijo na Mesopotâmia (“Science” v380, i6646).

Ciência e a arte são incríveis e representam a expressão mais pura e exuberante da alma. Talvez seja por isto que quando querem dominar os humanos, os espertos se dedicam a manipular a religião para negar a ciência e as artes, pois, sem elas, nossa espécie fica às cegas e sujeita a lideranças toscas.

Algumas evidências sugerem que os vírus no planeta surgiram bem antes do que os humanos. Os vírus são muito simples, muito pequenos e vistos apenas no microscópio eletrônico. Eles são fragmentos de DNA ou RNA envoltos em glicoproteínas.

Muitas pessoas questionam tanto se os vírus apareceram no planeta antes dos humanos, que uma dúvida súbita e turbulenta surge em nossa mente, mas a ciência e a arte nos resgatam do mar das tormentas mentais e nos põe de novo nas planícies tranquilas da consciência e conhecimento. Antes da terra, já existia o universo e muitos outros planetas.

Um exemplo muito comum é o vírus do herpes simples ao qual todos tem contato até os 5 anos de idade e 50% dos adultos apresentarão a doença clinicamente, por razões ainda desconhecidas. A doença herpes simples têm muitos desdobramentos ruins no corpo humano.

As pesquisas que remontam os DNAs mais antigos nos fósseis e múmias, para se saber mais detalhes da evolução humana no planeta, revelam que os genomas do vírus do herpes simples (HSV-1), do vírus Eptein-Barr e do parvovírus humano B19 estão quase sempre lá, incorporados ou livres.

FOI O BEIJO?

Estes vírus são transmitidos pela saliva e esparramou se pelo mundo desde os primórdios da civilização. O beijo é a principal forma de passar esses vírus. Quando se fala de beijo, também se diz libido e relações sexuais. A confirmação de genomas virais nos DNAs mais antigos possíveis dos humanos, indica que a transmissão desses vírus começou nos períodos pré-históricos da civilização.

Pesquisas recentes mostraram o genoma do vírus do herpes simples em esqueletos da idade do bronze de 253 a 1700 a.C., e os autores sugerem que a transmissão se deu através do beijo romântico-sexual. Alguns manuscritos médicos da Mesopotâmia já indicavam esta possiblidade em descrições de pacientes doentes. Também foram encontradas cartas de 1775 a.C. indicando medidas preventivas para que não transmitissem a doença para seus familiares e companhias.

Os primeiros beijos românticos sexuais eram datados de 1500 anos a.C na Índia, mas agora as evidências da Mesopotâmia indicam que desde 2500 anos a.C., ele já era praticado como se viu na revista “Science” (v380, i6646). Escritas cuneiformes em pequenos tabletes de argila na Mesopotâmia revelam figuras do beijo romântico sexual, como está na figura.

O beijo provavelmente não tenha se originado em uma única localidade do mundo e se espalhado como uma prática. As evidências sugerem que quase todas as sociedades o praticavam, independentemente de sua origem, contribuindo para a disseminação do HSV-1 até os nossos dias. Estudos com a bactéria a Methanobrevibacter oralis nos lábios de Neandertais, levaram a hipótese de que eles já praticavam o beijo desde 100.000 anos a.C.

REFLEXÃO FINAL

Quanto mais estudamos a “evolução humana”, mais percebo que aquela brincadeira em reuniões de lazer como conversa fiada, tem lá o seu fundamento. “Tudo evolui de forma rápida e assustadora (celular, internet, medicamentos, carros, aviões etc.), apenas o ser humano continua o mesmo, como demonstra o desmonte do planeta, as guerras, torturas, golpes, redes e as diferenças sociais”. Lembrete: a Mesopotâmia hoje, é o Iraque e a Síria!

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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