COLUNISTA

É mais perigosa a vacina ou a comida?

Por Alberto Consolaro |
| Tempo de leitura: 3 min
Alberto Consolaro – Professor Titular pela USP e Colunista de Ciências do JC
Reprodução
A comida tem muito mais produtos químicos, metais e material genético do que as vacinas!
A comida tem muito mais produtos químicos, metais e material genético do que as vacinas!

As bebidas têm muitos produtos químicos ruins, desde a água, refrigerantes, cervejas, uísque e até os drinques mil inventados. Os embutidos como salames, presuntos, salsichas, copas e mortadelas também têm muitas substâncias prejudiciais à saúde.

Vegetais têm muitos herbicidas, pesticidas e outros tóxicos, neurotóxicos, cancerígenos e nem tomamos consciência disto. A carne animal, todas, para manter a alta competitividade, os animais tomam hormônios e antibióticos que para o humano não fazem bem, para dizer o mínimo. Sem contar que as fezes de alguns animais são comidas de outros, sequencialmente, e comemos todos como alimento “saudável”.

Os peixes são contaminados por muitos produtos, como o mercúrio e outros poluentes, mesmo que venham de florestas e pantanais carregados de gado e mineração ilegal. Plásticos, alguns metais e minerais não precisam estar em nosso corpo e são tóxicos.

Ao falarmos do leite e seus derivados, carregados de produtos químicos, conservantes e outros, são tolerados em prol da produtividade necessária. Consumimos níveis elevados de microrganismos em cada litro que consumimos. Comemos muitos vírus, bactérias e fungos junto com os alimentos.

Ao passar pelos doces, chocolates e outras sobremesas, não daria para encarar se soubéssemos tudo que tem ali. Há um dilema sobre o que faz mais mal: o sal ou açúcar? E os adoçantes?! Em nome da química, devo dizer que tudo na vida são produtos químicos e a grande maioria dos químicos são benéficos e essenciais a vida, mas o homem abusa e usa muitos produtos químicos de forma errada. E ainda usa equivocadamente o termo “químico” para dizer substâncias ruins!

Em todas as comidas temos DNA e RNA, o material genético de plantas, animais e microrganismos. Não tem como não comermos, aos montes diariamente, esses cromossomos e genes que são partes dos núcleos das células dos vegetais e animais ingeridos para nos alimentar e assim sobrevivermos como espécie sobre o planeta redondo que vivemos. A comida tem muito material genético.

VACINAS

Quantas vacinas tomamos na vida e em que quantidade em cada dose? É muito pouco. Imaginando-se a quantidade de DNA e RNA e outros materiais genéticos que possam ter em uma vacina, nem se compara com a imensa quantidade destes produtos cromossomais e genéticos que comemos e bebemos a cada refeição de origem vegetal, animal e dos microrganismos.

Se compararmos a quantidade de mercúrio e outros metais que possam ou poderiam ter em uma dose de vacina, como falam os antivacinas, com a quantidade de mercúrio encontrada em um peixe de rio e mar brasileiros, daríamos um jeito de comer vacina no lugar desses animais salpicados de produtos tóxicos da poluição, mineração, agricultura e extrativismo ilegal.

REFLEXÃO FINAL

Ser contra as vacinas é um questão de inteligência e cultura. Nunca digas que és contra as vacinas, porque precisa-se de muita argumentação e conhecimento científico especializado para combatê-las e, se os tiver, você automaticamente não será mais anti-vacina. Se quiser ser um antivacinas, melhor dizer que não é especialista e não tem conhecimento para opinar, que prefere não usar vacinas por um medo individual inexplicável. E reconheçamos, todo medo vem da ignorância!

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