O estudo sobre meteoros no Hemisfério Sul não é tão constante e intenso quanto no do Norte. Por isso, o Observatório de Astronomia da Unesp investe em pesquisas desta natureza. O aluno do curso de Física e monitor do Observatório, Matheus Agenor, por exemplo, realiza um trabalho de iniciação científica que investiga os elementos químicos dos materiais presentes em meteoros.
O projeto, chamado Patricia (Patrulhamento Investigativo do Céu por Imageamento Automático de Meteoros), faz parte da Bramon (do inglês Brazilian Meteor Observation Network), uma rede nacional de câmeras que monitora meteoros e trabalha na catalogação deles.
Matheus Agenor fará uma apresentação oral dos resultados parciais de sua pesquisa no Encontro de Astronomia, que ocorrerá em Linhares (ES), entre terça e sexta da próxima semana (dias 13 e 16 de junho). Uma das imagens obtidas pelo projeto foi a de um meteoro relativamente brilhante. Por meio de uma técnica chamada de espectroscopia foi possível descobrir a composição química dos materiais presentes na rocha que estava adentrando na atmosfera e formando o meteoro registrado na imagem.
"A partir destas análises, observamos a presença de ferro, cromo, cálcio, níquel, magnésio, nitrogênio e oxigênio, todos em suas formas ionizadas, uma característica esperada do espectro de um corpo superaquecido. Podemos inferir que este é um meteoro do tipo metálico, devido à presença de ferro e níquel. É provável que a presença de oxigênio e nitrogênio seja oriunda da atmosfera, mas o mais interessante é a presença de cálcio, indicando que o meteoro provavelmente é um corpo proveniente de um cometa", explica o aluno.
De acordo com seu orientador, professor Rodolfo Langhi, não é muito ampla a catalogagem de meteoros no Hemisfério Sul. "Estudando a composição química do meteoro, podemos descobrir do que ele é feito e de onde ele veio, além disso, podemos até descobrir de qual astro o meteoro talvez tenha se desprendido antes de vir à Terra", finaliza.
Nebulosa Trífida é fotografada
O Observatório de Astronomia da Unesp apontou seu telescópio acoplado a uma câmera para capturar a luz emitida pela nebulosa Trífida, uma região do espaço onde há muita poeira, ou seja, partículas sólidas, além de gases - principalmente o hidrogênio. Devido à força da gravidade, estes gases estão se juntando para formar novas estrelas. O registro foi feito na madrugada do dia 26 de maio de 2023, na fazenda do Museu do Café (Piratininga).
O tamanho desta nebulosa é tão grande que a luz leva 42 anos para percorrer de um extremo ao outro (para se ter uma ideia desta dimensão, compare com o tempo que a luz leva para percorrer a distância entre o Sol e a Terra: cerca de 8 minutos). A nebulosa Trífida está a uma distância da Terra de aproximadamente 7.600 anos-luz, o que significa que a luz continuamente emitida por ela viaja no espaço durante 7.600 anos até chegar nas lentes dos nossos telescópios e câmeras.
Como se trata de uma nebulosa de fraco brilho e o céu tinha nuvens passageiras, precisou-se fazer 90 fotos de 30 segundos de tempo de exposição, e depois reuni-las em apenas uma única fotografia. É como se fosse uma única foto de 45 minutos de exposição. Para este tipo de processamento foram necessárias cerca de 8 horas de trabalho no computador. As cores desta foto são reais e não foram artificialmente colorizadas. Por causa desta enorme distância e do seu tamanho, ao ser fotografada pela câmera, ela parece ter o mesmo tamanho aparente da Lua Cheia na foto. Mas, por ser de fraco brilho, não é possível visualizá-la a olho nu.