
Rita Lee, morta nesta segunda-feira (8) aos 75 anos, contou detalhes íntimos de sua trajetória em "Uma Autobiografia", livro lançado em 2016. Ela também escreveu títulos infantis, de contos e livros de poemas ilustrados por Laerte. Mas a cantora também deixou um livro pronto, "Outra Autobiografia", anunciado neste ano e com lançamento marcado para 22 de maio (leia mais abaixo).
O velório da cantora Rita Lee ocorreu nesta quarta-feira (10) no planetário do Parque Ibirapuera, na capital paulista. As filas de fãs e admiradores para se despedir da artista começaram cedo. Muitos famosos estiveram no velório, como Xuxa, Pedro Bial, Ronie Von, Wanessa Camargo, entre outros. No teto do planetário foi exibido o céu do dia em que Rita Lee nasceu, em 31 de dezembro de 1947. No final da tarde e começo da noite desta quarta (10), o corpo foi cremado em uma cerimônia particular, conforme desejo da cantora. O livro que segue fazendo sucesso na pré-venda teve alguns trechos revelados com antecedência pelo jornal O Globo nesta terça-feira (9). A publicação vai se concentrar em histórias de Rita dos últimos anos de sua vida, quando descobriu um câncer de pulmão, passou por tratamentos quimioterápicos até a doença entrar em remissão.
O novo livro compila memórias da artista desde quando ela descobriu o tumor, em abril de 2021, quase que por acaso, passando por impressões sobre a comida de hospital - com um patê de grão-de-bico com "gosto de parede" - e sobre usar turbante, após perder cabelo em decorrência dos tratamentos. Sem franja, ela diz, se sentia pelada no meio da Paulista.
A descoberta do tumor: “Imaginava que fosse voltar para casa no mesmo dia; devia ser uma bronquite e um remedinho daria conta de me deixar nos trinques. Mas fui comunicada pelo dr. Ribas de que poderia ser uma de três coisas: fungo, tuberculose ou câncer. A ‘massa’, como eles se referiam ao troço, precisava ser investigada para fecharem o diagnóstico e terem mais detalhes. Era preciso que fizesse na mesma tarde uma tomografia com contraste para buscar sinais de metástase.”
Enfermeira sininho: “Vez ou outra, durante as primeiras horas do dia, entrava no meu quarto uma auxiliar de enfermagem, que devia ter menos de um metro e meio, com um rostinho sereno e bonito, um rabo de cavalo até a cintura, supermagrinha. (...) Me contou que nasceu com os órgãos internos invertidos! Coração do lado direito, fígado do lado esquerdo, canhota... Parecia uma fadinha se comparada às outras enfermeiras. A apelidei de Sininho.”
'Morte é única verdade': “Algo me diz que tenho escrito muito sobre morte. Aliás, por que há tanta gente que até se benze quando tocamos no assunto? A morte é a única verdade, e cada dia a mais vivido é um dia a menos que se vive. Pra que fazer tanta cara de enterro quando deveríamos tratar dela com humor? Desta vida não escaparemos com vida... A verdade é que eu queria mesmo é ser abduzida por um disco voador e sumir sem maiores explicações”.