
No vôlei, a líbero joga distante da rede. Mas, no caso da bauruense Keyla Alves, 23 anos, que atua nessa posição pelo Osasco, pode-se dizer que há uma intimidade muito grande com as redes. As redes sociais! Enquanto a atleta trabalha duro em quadra de olho em títulos importantes e para alcançar o sonho de disputar as Olimpíadas pela Seleção Brasileira, ela também se consolida a cada dia como fenômeno na Internet. Recentemente, Key, como é conhecida, alcançou a marca de 2,6 milhões de seguidores no Instagram (@key.alvees) e se tornou a jogadora de vôlei mais seguida do mundo na plataforma, ultrapassando a turca Zehra Güne, que soma 2,2 milhões.
Ela ainda tem mais 1,2 milhão de seguidores no TikTok e números significativos no Facebook, Kwai, Telegram e Twitter. O sucesso das fotos e vídeos, principalmente os mais desinibidos, despertou o interesse por outro nicho de mercado. Há pouco tempo, a jogadora resolveu entrar para o OnlyFans, plataforma para assinatura de conteúdos adultos.
Mas, não se engane: Key faz questão de deixar bem claro que o sucesso nas redes sociais só foi possível pelo que ela vem construindo dentro de quadra. "O vôlei é minha prioridade. Deixo de dar entrevista ou, às vezes, de fazer uma propaganda com alto valor para treinar".
Ela passou a infância no Ferradura Mirim, onde os pais Manuel e Karina moram até hoje. Estudou nas escolas estaduais Mercedes Paz Bueno e Dr. Luiz Zuiani. Nesta última, fez as primeiras aulas de vôlei e se apaixonou pelo esporte. Depois, jogou as categorias de base pela Luso até ser selecionada em uma peneira - só na décima tentativa - para o time de Araraquara. Por ter se destacado no Campeonato Paulista, chamou atenção do Sesi Vôlei.
A primeira temporada como profissional foi em 2020/21 pelo Pinheiros e, só recentemente, chegou ao Osasco, um dos grandes sonhos da carreira. Lá, inclusive, ela passou a treinar ao lado da grande inspiração: a líbero Camila Brait.
Frequentemente, Key aparece nas redes sociais com a irmã gêmea Keyt, também jogadora de vôlei, hoje no Vinhedo. Mas, quem partiu primeiro para o esporte foi a mais velha, Keysi Alves, que chegou a defender Bauru e Brasília e, atualmente, é fisioterapeuta do Sesi Vôlei Bauru. "Minha família sempre incentivou todas nós", revela.
A bauruense conversou com o JC e contou um pouco mais sobre essa sua trajetória.
Jornal da Cidade - De onde veio a ideia de ser jogadora profissional de vôlei?
Key Alves - Minha irmã mais velha puxou a fila. Chegou a jogar dois anos no profissional. Começamos por causa dela, seguindo o mesmo caminho. Ela se machucou, estudou fisioterapia e, hoje, trabalha no Sesi Vôlei Bauru. E nossa família sempre incentivou, todas nós, no esporte.
JC - E como começou nas redes sociais?
Key Alves - Comecei com 14 anos como todo mundo, postando minhas coisas no Instagram. Não tinha intenção nenhuma de ser a mais seguida no mundo. Até imaginava que eu seria muito conhecida, só que, na minha cabeça, seria como jogadora de vôlei, e não através de redes sociais. Eu sempre postei tudo sobre mim, queria mesmo mostrar a minha vida. Os atletas não faziam muito isso. Antes, a gente tinha um pouco de receio de revelar o que fazíamos fora do esporte, por causa das críticas. Eu quis fazer diferente. Claro, com responsabilidade, mas para mostrar minha vida fora das quadras. Aí vieram patrocinadores, marcas, as dancinhas do TikTok... e tudo isso foi 'bombando', porque ninguém fazia.
JC - E a ideia de entrar na plataforma OnlyFans? Como surgiu?
Key Alves - Foi há uns três meses. Quando eu ultrapassei a jogadora turca (Zehra Güne) em número de seguidores, eu pensei: 'preciso ganhar dinheiro com isso'. Por coincidência, um empresário entrou em contato e falou sobre o OnlyFans, uma plataforma de fotos sensuais. E disse: 'você já faz isso aqui no Instagram de graça, mas tem como ganhar dinheiro com isso'. E vimos que 92% do meu público era masculino. Como não tinha nada a perder, decidi fazer.
JC - O retorno foi rápido?
Key Alves - Hoje é meu maior rendimento, sem dúvida. Foi o que 'bombou' na Internet esses dias. É um retorno 50 vezes maior do que no esporte.
JC - E se sentiu à vontade para fazer esse tipo de conteúdo?
Key Alves - Claro, porque o que eu posto lá é semelhante ao que faço no meu Instagram. Não vou além disso. Nunca vou postar nudez, nunca vou postar nada que possa acabar com minha carreira de atleta. Sempre tenho o vôlei em primeiro lugar. São fotos sensuais, de biquíni. Inclusive, foi um tipo de conteúdo que me fez crescer no Instagram. Não vou tirar a roupa.
JC - Como faz para equilibrar a carreira de jogadora com as redes sociais?
Key Alves - Hoje, eu tenho uma equipe de sete pessoas. Elas fazem tudo isso para mim, não consigo fazer sozinha, até porque minha prioridade é o vôlei. Eu deixo de dar entrevista ou de, às vezes, fazer propaganda com valores altos para treinar. Nunca deixei de me dedicar ao esporte. Então, hoje, eu tenho pessoas que me ajudam. Só assim eu consigo fazer tudo perfeito e manter minha imagem de atleta em primeiro lugar. Encaro as redes sociais como um extra. Chamo até de segundo trabalho, porque não é minha prioridade, mesmo que, hoje, seja o que me dá mais dinheiro.
JC - Onde quer chegar como atleta?
Key Alves - Meu sonho é chegar na Seleção Brasileira adulta. Já servi as categorias de base. Então, meu sonho é jogar uma Olimpíada ou outro campeonato mundial. E, com certeza, assumir o lugar da Brait quando ela se aposentar. Essa é minha intenção desde que cheguei aqui no Osasco e a intenção do time desde que cheguei aqui.
JC - Paris 2024. Já dá para sonhar ou ainda é muito cedo?
Key Alves - Ainda é cedo, não tive oportunidade de jogar uma superliga como titular. Quando isso começar a acontecer, poderei ser mais vista pelo técnico da seleção. Então, talvez, esse sonho seja para daqui alguns anos.