EDUCAÇÃO

Em 2040, Brasil poderá ter carência de 235 mil professores, diz estudo

Pesquisa aponta que a carreira vem registrando um envelhecimento de profissionais e forte evasão de alunos

Por Agência Brasil | 22/01/2023 | Tempo de leitura: 2 min

Divulgação

Entre 2009 e 2021, o número de professores em início de carreira caiu de 116 mil para 67 mil
Entre 2009 e 2021, o número de professores em início de carreira caiu de 116 mil para 67 mil

Uma pesquisa divulgada pelo Sindicato das Entidades Mantenedoras de Estabelecimentos de Ensino Superior no Estado de São Paulo (Semesp) mostra que até 2040 o Brasil poderá ter uma carência de 235 mil professores de educação básica.

O estudo aponta para um crescente desinteresse, especialmente dos jovens, em seguir a carreira docente. Segundo o estudo, o crescimento no número de ingressantes em cursos de licenciatura foi menor do que no restante do ensino superior. De 2010 a 2020, houve um crescimento de 53,8% no ingresso em graduações que tem como carreira o ensino, enquanto nos demais cursos o aumento ficou em 76% no período.

O estudo aponta ainda o problema da evasão. Nos dez anos analisados, o percentual de estudantes que concluiu os cursos de licenciatura aumentou apenas 4,3%.

O levantamento foi feito a partir de dados disponibilizados pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), que é vinculado ao Ministério da Educação. Ainda a partir dessa base de dados, a pesquisa mostra que o percentual de novos alunos em cursos de licenciatura com até 29 anos de idade caiu de 62,8%, em 2010, para 53%, em 2020.

Assim, a carreira vem registrando, segundo a pesquisa, um envelhecimento dos profissionais. Entre 2009 e 2021, o número de professores em início de carreira, com até 24 anos de idade, caiu de 116 mil para 67 mil, uma retração de 42,4%. Ao mesmo tempo, o percentual de docentes do ensino básico com 50 anos ou mais cresceu 109% no período.

A presidente do Semesp, Lúcia Teixeira, destaca que a formação de professores com mais de 29 anos não significa, necessariamente, a entrada de novos professores na carreira. Segundo ela, esses profissionais são, na maioria das vezes, pessoas que já trabalham na área. "Isso acontece em razão da lei que obriga o professor em exercício a ter formação mínima na área de pedagogia ou em licenciaturas para o magistério na educação básica", explica.

CURSOS

Algumas carreiras estão em situação mais delicada do que outras. A pesquisa mostra que caiu em 21,3% o número de alunos que concluiu o curso de licenciatura em biologia entre 2016 e 2020. Em química, a redução ficou em 12,8% no período e, em letras, 10,1%.

De acordo com a pesquisa, o número total de docentes da educação básica está estabilizado em cerca de 2,2 milhões desde 2014, após ter tido um crescimento de 10,8% em comparação com 2009. Esses professores atendem uma população de aproximadamente 44,6 milhões de jovens entre 3 e 17 anos.

A projeção do IBGE é que, em 2040, o Brasil tenha cerca de 40 milhões de jovens nessa faixa etária. Para manter a proporção atual de professores e alunos, seria necessário ter 1,97 milhão de docentes. No entanto, o estudo projeta, a partir das taxas observadas até 2021, que o país chegue a esse momento com apenas 1,74 milhão de professores.

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