Ruas de terra em processo erosivo por conta da sequência de chuvas, pedregulhos e muita lama, somados à ‘montanha’ de lixo não retirada pela Emdurb há quase 30 dias, dificultam o acesso de moradores à comunidade do Jardim Europa, em Bauru. Quem vive nas ruas 1, 2 e 3, por exemplo, cuja entrada é pela Luiz Bleriot, é desafiado diariamente pelo problema, também enfrentado pelas crianças acolhidas pelo “clube do livro”, realizado em um barracão construído com materiais reaproveitados.
Quem idealizou o projeto foi a trabalhadora e líder comunitária Solidade Roque Moreira, 47 anos, que critica a situação das vias. De acordo ela e outras chefes de família da localidade, Priscila Roque, Rebeca Giovani Sebastião e Larissa Rocha Virgínio, todas as ruas do bairro carecem de manutenção.
Elas cobram pavimentação ou cuidados frequentes após cada chuva forte. Sem a infraestrutura, os moradores precisam de muita resiliência para acessar as vias asfaltadas situadas um pouco acima da comunidade, onde pegam ônibus ou transitam para levar os filhos à escola.
Solidade vive ali há 40 anos e é uma das primeiras moradoras da comunidade, quando ela ainda era uma área rural de Bauru. A líder comunitária viu o número de imóveis e barracos aumentar exponencialmente, chegando a mais de 300, em seus cálculos. Mas por conta da precariedade, ela e as vizinhas esperam mudar para uma residência melhor, especificamente do programa Minha Casa Minha Vida, prometida ainda na gestão passada.
“O clubinho do livro aqui funciona aos sábados de manhã, tanto para crianças da nossa comunidade quanto para quem é de fora. Aqui é tudo muito simples, mas quando chove como hoje, o acesso delas fica ainda mais difícil. O caminhão de coleta (de lixo) não passou aqui por conta de um fio de energia baixo, mas os vizinhos já arrumaram”, comenta Solidade.
O CLUBINHO
Conforme o JC noticiou, Solidade Moreira, carinhosamente conhecida como Fuá, teve seu trabalho sociocultural reconhecido pelo Prêmio Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de Bauru, concedido no último dia 16 de dezembro.
Ela, que ganha a vida fazendo de tudo (desde trabalhos de costura, reciclagem, horta e até brechó), é entusiasta da educação como ferramenta de transformação social. Com o projeto, quer incentivar as crianças, por meio dos livros, a criar, a sonhar e descobrir novos mundos.
PREFEITURA E EMDURB
A reportagem solicitou posicionamentos da Secretaria de Obras, quanto aos problemas estruturais da comunidade, e da Emdurb, com relação a não coleta de lixo, e aguarda as respostas.