ENTREVISTA

Filemon Silva Casafus: saúde do homem é seu propósito de vida

Por Tisa Moraes | da Redação
| Tempo de leitura: 5 min
Guilherme Tavares/JC Imagens
Filemon Casafus coordena campanha do Novembro Azul no Interior
Filemon Casafus coordena campanha do Novembro Azul no Interior

Cuidar da saúde do homem e conscientizá-lo sobre a importância de prevenir doenças, especialmente o câncer de próstata, são as maiores missões do médico urologista Filemon Silva Casafus. Nascido em Pedro Juan Caballero, no Paraguai, ele se formou pela Faculdade de Medicina da Unesp de Botucatu e hoje, aos 47 anos, comanda em Bauru uma clínica que possui o que há de mais moderno em cirurgias robóticas.

Apaixonado pela profissão, o médico investe pesado na atualização de seus conhecimentos, sendo rosto conhecido nos congressos ao redor do mundo, com o objetivo de aprimorar cada vez mais suas habilidades para salvar vidas. "Sempre digo que trabalho poucas horas por dia, porque passo a maior parte do tempo fazendo o que gosto", afirma.

Casado com Débora Ramos Casafus, com quem teve os filhos Juan, 18 anos, e Sofia, 16 anos, o profissional é um dos diretores da Sociedade Brasileira de Urologia no Estado e, por isso, coordena a campanha Novembro Azul no Interior, que visa conscientizar sobre os cuidados com a saúde do homem. Em Bauru, a iniciativa contará com corrida de rua no próximo dia 13, às 8h, no Bauru Tênis Clube, e as inscrições já estão encerradas.

Diretor do Congresso Paulista de Urologia e um dos fundadores do Conselho de Desenvolvimento Econômico Sustentável e Estratégico de Bauru (Codese), ele fala, nesta entrevista, sobre seu amor pela cidade e pela profissão, além de compartilhar informações sobre o câncer de próstata, um dos que mais mata homens devido à falta de prevenção. Leia, abaixo, os principais trechos.

JC - Como o senhor chegou até Bauru?

Filemon - Nasci no Paraguai, mas passei a infância e adolescência em Ponta Porã, até ser aprovado, aos 18 anos, no vestibular para medicina em Botucatu, onde me formei e fiz especialização em urologia. No último ano da faculdade, eu já estava casado com a Débora e fui convidado para trabalhar no Hospital Estadual Bauru (HEB), em 2004. Fui convidado por um ex-professor da faculdade, o Luiz Antônio Corrêa, que havia assumido a coordenação da urologia no hospital. Atuei lá por quatro anos e, depois, fui trabalhar com o doutor Aguinaldo Nardi, na Clinica Integra, onde fiquei até 2015. Desde então, tenho minha clínica com meu sócio, o doutor Marcio André Sales.

JC - Em razão do Novembro Azul, o senhor está organizando uma corrida de rua em Bauru. Qual a importância desta iniciativa?

Filemon - Sou um dos diretores da Sociedade Brasileira de Urologia, secção São Paulo, e estou coordenando todas as ações da campanha no Interior do Estado. São vários eventos e, em Bauru, teremos uma corrida de seis quilômetros e caminhada de três quilômetros no dia 13, domingo, a partir das 8h, no BTC. O objetivo é conscientizar sobre a importância de uma alimentação saudável e da prática rotineira de atividade física como forma de diminuir as chances de ter não apenas o câncer de próstata, mas também o de pulmão, pâncreas, intestino. Queremos levar uma mensagem de que o homem tem de cuidar de sua saúde como um todo.

JC - O senhor avalia que ainda há muita resistência em relação a fazer os exames periódicos para rastrear o câncer de próstata?

Filemon - Temos visto uma diminuição dessa resistência na última década. No entanto, ainda há um número relevante de homens que têm preconceito em procurar um urologista. Muitos evitam o toque retal da próstata, que é algo rápido, indolor, não causa nenhum dano à masculinidade e é importante para detectar o câncer de próstata na fase inicial. Também temos o PSA (Antígeno Prostático Específico) e, se em qualquer um desses dois exames, houver alguma alteração, fazemos a biópsia de próstata.

JC - Até por conta dessa resistência, esta doença ainda é muito letal?

Filemon - É o segundo câncer mais frequente no homem, perdendo apenas para o câncer de pele, e também um dos que mais mata, muito em função do diagnóstico tardio, porque 90% dos casos têm cura, quando detectados na fase inicial. A recomendação é que todos os homens comecem a fazer exames anuais a partir dos 50 anos. E, a partir de 45 anos, para homens com obesidade, histórico familiar de câncer de próstata ou que sejam afrodescendentes.

JC - O senhor é conhecido, entre outros motivos, por investir na tecnologia como aliada dos tratamentos urológicos. Quais vantagens ela traz?

Filemon - O câncer de próstata é uma doença muito heterogênea. Se for de baixa agressividade - quando demora para crescer ou não cresce -, há a possibilidade de mantermos apenas a vigilância ativa. No caso dos tumores mais agressivos, indicamos a cirurgia, que é um pouco mais eficaz, ou a radioterapia. E temos na clínica, desde 2020, o robô mais moderno que existe no Brasil, em que usamos a plataforma Da Vinci X. A cirurgia robótica oferece mais precisão e menos complicações, por ser menos invasiva e garantir uma recuperação mais rápida.

JC - E, fora o trabalho, o que mais o senhor gosta de fazer:

Filemon - Jogo futebol e gosto de assistir a jogos de futebol. Também adoro viajar. De 2013 a 2019, fui todos os anos para o Congresso Americano de Urologia. Participei do Congresso Europeu e, desde que sou formado, estou nos congressos Brasileiro e Paulista, sendo que sou diretor deste último, atualmente. E também viajo bastante com a família. Conheço bastante os Estados Unidos, alguns países da Europa e vários da América do Sul. E gosto muito de apreciar um bom vinho.

JC - Essa dedicação para estar sempre atualizado deixa clara sua paixão pela profissão...

Filemon - Sempre digo que trabalho poucas horas por dia, porque passo a maior parte do tempo fazendo o que gosto. São pouquíssimas horas em que tenho momentos mais estressantes. E, além da urologia, sou apaixonado por Bauru. Costumo falar que nasci pela segunda vez aos 29 anos, quando me mudei para cá. É aqui que eu pretendo continuar trabalhando e morar até o resto da minha vida.

O QUE DIZ O MÉDICO

'Ainda há um número relevante de homens que têm preconceito em procurar um urologista'.

'Sempre digo que trabalho poucas horas por dia, porque passo a maior parte do tempo fazendo o que gosto'.

'Além da urologia, sou apaixonado por Bauru. Costumo falar que nasci pela segunda vez aos 29 anos, quando me mudei para cá'.

Filemon, à esquerda, com colegas durante a residência médica na Faculdade de Medicina de Botucatu / Crédito: Arquivo Pessoal
Filemon, à esquerda, com colegas durante a residência médica na Faculdade de Medicina de Botucatu / Crédito: Arquivo Pessoal
Jantar de posse da diretoria da Sociedade Brasileira de Urologia, seccional São Paulo (biênio 2022-2023) / Crédito: Arquivo Pessoal
Jantar de posse da diretoria da Sociedade Brasileira de Urologia, seccional São Paulo (biênio 2022-2023) / Crédito: Arquivo Pessoal
Filemon com a esposa Débora e os filhos Juan e Sofia em viagem a Curitiba, em 2022 / Crédito: Arquivo Pessoal
Filemon com a esposa Débora e os filhos Juan e Sofia em viagem a Curitiba, em 2022 / Crédito: Arquivo Pessoal
Filemon e Marcio Sales, seu sócio, participaram do Congresso Americano de Urologia de 2018, em San Francisco, Califórnia / Crédito: Arquivo Pessoal
Filemon e Marcio Sales, seu sócio, participaram do Congresso Americano de Urologia de 2018, em San Francisco, Califórnia / Crédito: Arquivo Pessoal

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