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Redação
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Pousada de Bariri vai fechar em março

Pousada de Bariri vai fechar em março

Todas as pousadas administradas pela Cesp, inclusive a de Bariri, vão ser fechadas, porque são deficitárias

Bariri - O Hotel Pousada Bariri, um atraente local que aconchega turistas na região, deixará de funcionar a partir de 01 de março. A pousada, situada no km 10 da rodovia que interliga Bariri e Boracéia, fica no bairro Queixada, ao lado da usina hidrelétrica da Companhia Energética de São Paulo (Cesp) e é uma das sete mantidas pela Fundação Cesp, que integra todos os funcionários da empresa. As pousadas - em geral, abertas somente aos funcionários da Cesp e das demais empresas estatais conveniadas - são deficitárias. O preço cobrado pelas diárias não é suficiente para bancar todos os gastos, e o prejuízo, até agora, era assumido pela Fundação. Mas a privatização das empresas de energia - entre elas a Cesp - está em trâmite, e as empresas privadas que assumirão as energéticas não devem concordar com a manutenção do subsídio a atividades de lazer, nas quais se integra a pousada. Por isso, e também para apresentar às eventuais compradoras das energéticas números atrativos quanto a despesa e receita, as pousadas, localizadas em Bariri, Ibitinga, Ilha Solteira, Jurumirim, Nova Odessa, Paraibuna e Salto Grande, devem deixar de funcionar.

A Cesp foi dividida em três empresas diversas para fins de privatização. Uma delas, a distribuidora, já foi privatizada. As pousadas pertencem ao segmento da geração de energia, que deve ser privatizado em junho. Um outro segmento, da transmissão, deve permanecer sob o controle estatal.

Ao todo, 282 funcionários serão demitidos, com o fechamento das pousadas. Só em Bariri, são 32 deles. Além disso, o fechamento da pousada deve causar a redução do movimento em lavanderias e empresas prestadoras de outros serviços utilizados pelas pousadas.

A pousada de Bariri tem capacidade para abrigar 120 pessoas, distribuídas em 16 chalés com lugares para duas, quatro ou cinco pessoas. Dispersa em uma área de oito alqueires e meio - dois deles construídos -, a pousada dispõe de excelente infra-estrutura e oferece opções diversificadas de lazer: há campo de futebol em tamanho oficial, campo para a prática de futebol suíço, quadras de tênis, futebol de salão, vôlei e basquete, piscinas infantil e adulto, quadra de bocha, pista de cooper, churrasqueiras, saunas seca e úmida, pesqueiro, sala de musculação, vestiários, sala comunitária de televisão, restaurante, sala de mamadeira e uma área especial para brincadeiras infantis, chamada Clube da Criança. Além disso, há serviço de aluguel de bicicletas, pedalinhos e cavalos. Todos os 44 apartamentos dispõem de ar condicionado, frigobar e televisão com antena parabólica e canais por assinatura. A pousada dispõe, ainda, de um salão de convenções, com um auditório que comporta até 150 pessoas, além de salas de recepção e de apoio. Os preços das diárias variam conforme o salário do funcionário. Assim, se ele ganha um salário considerado pequeno, lhe será cobrada a menor diária: R$ 22,50 por pessoa; a maior diária, cobrada daqueles cujo salário também

é maior, corresponde a R$ 45,00. Esse valor dá direito ao café-da-manhã, almoço, jantar e pernoite. Segundo Cássio Roberto Ferraz de Aguiar, gerente do hotel, a maioria dos usuários paga diárias de até R$ 30. O custo básico de manutenção da pousada

é de R$ 28, durante a maior parte do ano, mas aumenta nas temporadas. Com isso, acumula-se um déficit mensal de aproximadamente R$ 90 mil, em média. O prejuízo anual de todas as sete pousadas soma R$ 7 milhões. Segundo o gerente da pousada de Bariri, além do valor subsidiado da diária, o desequilíbrio nas contas decorre, também, do salário dos funcionários - que não é fixado com base no mercado, mas sim respeitando o piso aplicado a todos os funcionários estatais. Assim, em muitos casos, um servidor da pousada recebe pelo serviço que presta um valor acima do que receberia se trabalhasse numa empresa privada. A média salarial, em Bariri, é de R$ 650.

Ainda não há destinação definida para as pousadas, depois do fechamento. As alternativas são reestruturar e reabrir sob a mesma administração, vender ou até mesmo doar, conforme menciona o próprio gerente. A última avaliação feita pela Cesp, em 1995, indicou que a estrutura do hotel de Bariri vale aproximadamente US$ 1,7 milhão.

O gerente tem receio de que a área fique abandonada. Esse receio, que atinge funcionários de todas as pousadas, fundamentou a criação de uma comissão responsável por avaliar alternativas de manutenção do funcionamento das pousadas. Aguiar é um dos integrantes desse grupo, e afirmou que uma das hipóteses em estudo é transferir a administração das pousadas para entidades de classe dos funcionários das empresas energéticas - Contadores

(Adecom), Engenheiros (Aecesp) ou Aposentados (Afunc), por exemplo.

Mas essa é apenas uma hipótese ainda em análise. Por ora, o certo é quem, em 1 de março, todas as pousadas vão amanhecer fechadas.

Casas surgiram durante construção das usinas

Durante a construção das hidrelétricas, havia necessidade de alojar os trabalhadores que prestavam serviço na obra em local próximo dela. Para isso, foram construídos grupos de casas, que serviram de moradia durante a construção das usinas. Após finalizada a construção, as casas perderam a utilidade. Ao assumir, um dos presidentes da estatal decidiu transformar as casas em colônias de férias, e começou a implementar o projeto das pousadas. Com o tempo, elas foram aprimoradas e se transformaram em clubes muito bem estruturados.

A localização das pousadas - que ficam muito próximas das usinas, dentro de sua área de segurança - é um obstáculo para a comercialização do empreendimento, porque permitiria fácil acesso aos equipamentos que garantem o funcionamento da hidrelétrica.

O gerente da pousada de Bariri é funcionário da Cesp há 22 anos e há 21 trabalha nas pousadas. Já passou por todas elas e há quatro anos gerencia o empreendimento de Bariri.

Fechamento é inevitável, diz Fundação

Embora alerte que decisões governamentais sempre estão sujeitas a alterações, Osmar Martins, funcionário da divisão de administração e hotelaria da Fundação Cesp, considera inevitável o fechamento das pousadas. Ele afirma que são dois os principais objetivos da Fundação: arrecadar e administrar recursos que permitam conceder aposentadoria suplementar aos funcionários e, em segundo lugar, garantir a eles assistência médica-hospitalar. Por tudo isso, não há como impedir o fechamento

- ainda que provisório - das pousadas. Ele destaca, ainda, que, num momento de luta pela manutenção do emprego, a manutenção de benefícios de lazer é secundária, ainda que também importante.

O funcionário afirmou também que, mesmo quando sob administração estatal, já se cogitou várias vezes a possibilidade de fechar as pousadas, em razão do prejuízo que elas causavam às entidades mantenedoras.

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