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Povo cigano

Erika de Lima
| Tempo de leitura: 5 min

Ciganos não podem namorar

Ciganos não podem namorar

Texto: Erika de Lima

Antigamente a cigana não podia escolher seu pretendente para esposo. Hoje ela pode optar pelo namorado que desejar, desde que ele faça parte da sociedade cigana. Em algumas famílias as ciganas não podem namorar, somente paquerar seus pretendentes e, se gostar, então, seus pais fazem o casamento.

"O casamento entre os ciganos é um pouco rigoroso. Logo que a moça encontra um cigano para namorar, os pais fazem o casamento para que, assim, os casais não separem-se, tendo a vida toda para namorar", disse a cigana Jodana Castilho, 53 anos.

Pela tradição, o casamento é realizado somente entre ciganos, mas com o modernismo, está ocorrendo uma mistura, onde os ciganos estão casando-se com gadjês

(pessoas não-ciganas).

Em algumas famílias só o cigano pode casar com uma gadjê. Em outras, ambos podem casar.

Algumas famílias ciganas aceitam este tipo de casamento. A cigana que casar-se com um gadjê tem que segui-lo e fazer parte de seu sistema.

Se uma gadjê casar-se com um cigano, ela deverá seguir os costumes dos ciganos, usar suas roupas e adaptar-se à tradição a partir da convivência, sempre seguindo o esposo. "A mulher deve seguir seu marido", afirma Castillo.

Quando um gadjê casa-se com uma cigana, ele também deve seguir a tradição dos ciganos, deixando seu sistema e seguindo outros costumes, como os dos negócios, trabalhar com artesanatos ou vendas, conforme o critério dos ciganos.

Para consumar o casamento é realizada uma festa, que dura três dias. Dois são feitos pelos pais do noivo e um pelos pais da noiva, quando reunem-se ciganos de vários locais do País, em um clube ou em uma grande barraca, tendo comida e bebida à vontade. Mas se a noiva não for virgem, a festa é reduzida para dois dias.

"Quando há casamento, a gente pega as barracas para ficar de três a quatro dias no casamento", relata o cigano Estele Sau, 44 anos.

Durante a cerimônia, os noivos escolhem um casal para padrinhos, que ficará aguardando na porta do quarto, para saber se a noiva é invicta ou não. Sendo casta, a festa perdura por três dias, senão é reduzida para dois.

"A noiva, quando não é virgem, deve casar com vestido que não seja branco, para ser sincera em relação

à sua 'pureza'", retrata a cigana Iraci Zancovich Costa, 27 anos.

Para a reunião de todos os ciganos na festa, depende do acolhimento do noivo, dos seus pais e da noiva. "Quando é uma família acolhedora, todos participam, caso contrário, muitos não aparecem na festa", explica Castillo.

Como em todo casamento há presentes, no costume cigano não é diferente. A noiva recebe jóias, como presente de seus pais e o noivo um dote.

Em algumas famílias não é revelado o presente que a noiva ganha no dia do seu casamento, pois as mães dizem que devem manter segredo. E isso é transmitido e ensinado de geração a geração.

Ângela Caldeira Gomes, 20 anos, está grávida e conta que seu filho ou filha, será educado com os mesmos costumes, dentro da tradição cigana.

Origem dos ciganos que estão em Bauru

No Brasil acredita-se os ciganos dividem-se em dois grupos, o kalon e o rhom. Os rhomá (plural de rhom) concentram-se em São Paulo, principalmente nos arredores de Campinas; em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul.

Eles vieram de outros países como Romênia, Pérsia

(Irã), Grécia, Alemanha, Rússia e Itália. Chegando aqui com o objetivo de exercer suas profissões, como caldeireiros, serralheiros, artistas circenses, músicos ou simplesmente para comercializar; as mulheres lendo a sorte.

De acordo com alguns estudos os ciganos rhoms são tradicionalmente mais cultos, conservam suas tradições de pais para filhos, falam um idioma (rhomanô ou rhomanês) e usam automóveis para transporte. Atualmente, muitos já são sedentários, residindo em belas e confortáveis mansões.

Os kalon no geral não seguem a tradição, são menos conservadores e tendem a esquecer com maior rapidez a cultura dos pais.

Para os kalon no rito fúnebre há o costume de queimar objetos que pertenciam a pessoa morta, já os rohmá fazem um banquete para celebrar a morte da pessoa.

Talvez as famílias ciganas espalhadas pelo País diferenciem-se por serem kalon ou rhom e até descubram suas origens.

Na família do Jardim Terra Branca, o membro mais velho Rodolfo, é argentino, mas seus filhos e netos são brasileiros e a verdadeira origem não sabem, pois mesmo com estudos feitos não descobriram ainda. "Uns falam que nossa origem veio da Grécia, outros da Itália, mas ninguém sabe ao certo", retrata Castillo. Ele conta que tem certeza da decendência espanhola, que é de sua família, devido seus avós serem espanhóis.

E pela certeza que muitas famílias ciganas como a Caldeira, têm de sua decendência e também pela tradição há uma preferência por músicas castelhanas e espanholas. Elas exprimem o ritmo de vida que os ciganos levam e os embala para dançar música "calientes", com um ritmo rápido, ao som das castanholas no fundo. "Eu gosto muito de dançar, principalmente a Coração Bonito de um grupo castelhano", disse a estudante, cigana Samira Sau, 11 anos.

Para completar a origem espanhola, há as saias compridas de tecidos finos, que são feitas pelas ciganas e também prisadas com ferro.

A cigana Márcia Castilho, 17 anos afirma que as ciganas fazem suas roupas, como vestidos e saias e criam seus próprios estilos. "Nós mesmo que costuramos nossas saias e desenhamos", comenta.

Estatísticas

O POVO

Nome do Povo: Cigano Lovari

País: Brasil

Sua língua: Romani Vlach

População: 16508

Maior Religião:

Cristãos: 80%

Escrituras disponíveis em sua Língua: Porções Bíbl SEU PAÍS

País: Brasil

População : 157644000

Religião Principal: Catolicismo

Evangélicos no País: 22140254 (15%)

Número de Igrejas no País: 42000

Número de Missionários no País: 3381

Liberdade de Pregação: Sim

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