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Ruídos e chiado nunca mais

André Tomazela
| Tempo de leitura: 6 min

Interferências, chiados e coisas do tipo acabam com o humor de qualquer condutor que tenha intalado no carro o CD player de última gerão. Isso porque a instalação do equipamento é que garante um som límpido e livre das interferências do motor.

Você que tem som no carro deve se lembrar da sensação de quando enfia o pé no acelerador e a rotação do motor vai subindo, roncando feito uma batedeira elétrica, em todos os alto-falantes.

Ninguém agüenta algo assim por muito tempo. Seus ouvidos pedem água em questão de segundos. Tudo bem com o carro parado. Quer dizer, tudo bem se aquele chiadinho que vive rolando no fundo também não te levar à loucura. Esses e outros ruídos, extremamente chatos e comuns nos nossos automóveis, costumam ter a mesma origem: instalação descuidada.

Mas eu tenho um carro popular, diria algum leitor, com o som original do jeito que saiu da fábrica. Mandei instalar apenas um CD player ou coisa que o valha e sofro igualmente com os tais ruídos. Como explicar um caso desse?

É verdade. Nem sempre a origem do problema é responsabilidade exclusiva de um instalador incompetente. O problema pode estar, por exemplo, num simples cabo de vela com defeito. Quando o campo magnético gerado pela tensão que circula no cabo escapa, é interferência na certa. Pode ser também ser uma questão de equipamento ruim.

Exemplo? Se o filtro de alimentação do seu CD player não funciona direito, esqueça. Ou você troca o filtro ou aprende a gostar de música com batedeira e chiado no fundo.

Boa parte dos erros que resultam em interferências, no entanto, é cometida no momento da instalação, ainda que o equipamento a ser instalado seja apenas um toca-fitas. De acordo com o especialista em som automotivo de Bauru, Gilson Cury Misquiatti, proprietário da Heavy Sound, dois cabos instalados que deveriam ficam bem distantes um do outro, mas que foram instalados muito próximos podem ser a causa do ruído. O mesmo vale para um amplificador mal regulado. Felizmente, encontrar a origem dos ruídos e eliminá-los é bem fácil. Os tipos de ruídos podem ser agrupados em três categorias: os originados por interferência dos componentes elétricos do motor; aqueles gerados pelas chamadas interferências de RF (sinal de rádio-frequência); e finalmente os que têm origem na má regulagem de alguns equipamentos, comenta Misquiatti.

O tal efeito batedeira, por exemplo, é um típico ruído da primeira categoria. Um problema desse tipo, cuja origem está na parte elétrica do motor, acontece quando o dispositivo de isolamento de um ou mais componentes elétricos falha, deixando escapar o campo eletromagnético gerado por eles. Com freqüência o vazamento é forte o bastante para vencer a malha de proteção dos cabos que integram o sistema de áudio. A interferência vira ruído e vai parar nos alto-falantes.

Componentes como a bomba elétrica, os vários sensores do motor e a injeção eletrônica trabalham com pontos de tensão diferentes. Se não estiver tudo muito bem blindado e aterrado, o campo magnético pode facilmente causar interferência diretamente no pré-amplificador do equipamento.

Cabos RCA muito próximos de cabos elétricos do automóvel são vítimas freqüentes das interferências vindas do motor. A solução, neste caso, é ter o cuidado preventivo de dimensionar corretamente o projeto.

Deve ser guardada a maior distância possível entre cabos RCA e elétricos. Segundo Misquiatti, cabos vagabundos estão sempre sujeitos a interferência, não importa a distância mantida entre eles.

Quanto maior é o número de equipamentos, maior é risco de interferência elétrica. O motivo? Muito simples: maior será também a quantidade de cabos RCA utilizada no projeto. Amplificadores, equalizadores e processadores trabalham com sinais de alta impedância e são muito mais vulneráveis à interferência de origem elétrica.

Interferências de RF (rádio-frequência) são provocadas por excesso ou falta de sinal. Quando o problema é o excesso, aparece um chiado de fundo e observa-se alguma distorção, em geral das freqüências mais altas. Quando o problema é a falta de sinal, a encrenca não é muito diferente: chiado e estática.

Não há muito o que se possa fazer para evitar os ruídos de RF. Se a antena do carro ainda é do tipo telescópica, a solução para excesso de sinal é baixá-la até a altura em que desapareça a interferência. Para falta de sinal, a receita, obviamente, é inversa. Abre-se o telescópio até sua última varetinha de alumínio. E só. Se nenhuma dessas medidas der resultado, a única alternativa que resta é procurar no dial outra emissora de rádio com sinal mais forte ou fraco. Segundo Gilson Misquiatti, quem tem uma antena amplificada no carro fica de mãos atadas. Não há como eliminar o ruído.

Prevenir o problema na hora da instalação, respeitando certas regras básicas, é a melhor forma de evitar, ou pelo menos amenizar, interferências de RF. A primeira dessas regras: evitar o uso de extensões da antena. Por que instalá-la lá atrás se a fonte geradora do áudio está aqui na frente? Afinal, a opção é pela estética ou pela qualidade do som?

O segundo passo preventivo na luta contra as interferências de RF: a antena tem de ser muito bem aterrada no local da instalação e no conector do rádio. E a terceira dica: confira se o capô está 100% aterrado. Se não estiver, ele pode atrapalhar a sintonia.

Se um chiado insuportável vive atazanando a sua tranqüilidade dentro do carro, mesmo que música alguma esteja sendo reproduzida, você é vítima de uma típica interferência gerada por equipamento mal regulado. Esse chiado é o que os instaladores chamam de ruído de sistema.

Faça o teste. Escolha um CD, feche todo o carro e espere pelo início da reprodução. Então acione o pause do aparelho e preste atenção. Num sistema bem planejado e regulado, o silêncio tem de ser absoluto, como se o aparelho estivesse desligado. Se aparecer um chiado de fundo, a solução e baixar a sensibilidade do módulo até que o ruído desapareça completamente.

Muita gente, incluindo instaladores, acredita que o amplificador deixa de render a potência máxima especificada pela fábrica se a sensibilidade do aparelho for ajustada para baixo. Raciocínio equivocado. Quanto maior a sensibilidade ajustada no amplificador, mais sensível a interferências ele fica.

Mas para eliminar o ruído do meu carro, diria outro leitor, tive de baixar a sensibilidade do amplificador até quase o limite mínimo. O problema é que, agora, o som não tem mais volume. O que fazer? Nesse caso, a solução é instalar um gerador de som com saída pré-out de no mínimo 4 Volts ou adaptar um overdrive entre o CD player e o amplificador. Assim aumenta-se a tensão pré-out de saída do CD, que oscila entre 0,5 Volt e 2,2 Volts, para algo entre 4 e 6 Volts. A má notícia é que só existem duas ou três marcas com aparelhos desse tipo à venda no mercado brasileiro.

Serviço

A Heavy Sound é uma empresa especializada em alarmes e som automotivos. Está localizada à rua Presidente Kenedy, na quadra 7. O telefone é (014) 222-7428.

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