Em Dalian, bela cidade da velha China, as autoridades educacionais estão, novamente, já a tiveram tempos atrás, com uma missão que consideram difícil: reeducar a linguagem popular, que, de anos a esta parte, despencou outra vez para gírias e palavras obscenas. Enquanto, na maioria das urbes nacionais, a população prima pela polidez das expressões verbais, nessa aí homens e mulheres, inclusive crianças, comunicam-se, teimosas vezes, com palavras socialmente indignas, que eles entendem muito bem à sua maneira.
A deteriorização está gerando, outra vez, problemas para a cidade, cuja fama de incivilidade, por isso mesmo, vem se irradiando a muitos pontos do país. Então, o governo decidiu intervir, convocando professores, sociólogos e mais colaboradores para tentar criar um instrumento que consiga, mais uma vez, reverter a progressão, que já afeta inclusive os fluxos turísticos, os quais se pasmam ouvindo tantos impróprios de grande parte dos citadinos, inclusive moças e crianças, as quais mais chocam os ouvidos dos visitantes.
Como redirecionar o linguajar popular ninguém sabe na localidade, porque o hábito já invadiu até escolas, onde, na verdade inquestionável, o problema não deveria existir mas existe porque parece dotado da mesma força coercitiva com que a moderníssima Internet vive por aí implantando no mundo os seus www-yyy-zzz e um enxame contrastante de letras alfabéticas e internéticas, que somente uma minoria entende porque a maioria do povão mesmo, que as vê na mídia, na maioria dos casos não consegue traduzi-las nas devidas palavras. Bem, conseqüentemente, que elas poderiam entrar, também, no rol proibitório, não só na cidade chinesa como em todos os pedaços do mundo nos quais se infiltraram insidiosamente. Se as autoridades da bela comunidade acharem que a linguagem internética também pode representar palavrão será que, a esta altura dos acontecimentos, terão o imprescindível estofo para proibi-las também? É o que fica para a história contar um dia, essa história irreverente que tem tanta coisa para contar e, através de seu repúdio, tentar modificar. É a nossa opinião. (*) N. Serra, Jornalista Responsável do JC e Delegado Regional da Associação Paulista de Imprensa e da Ordem dos Velhos Jornalistas do Estado.