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Consumidor reclama de alta na gasolina

Patrícia Zamboni
| Tempo de leitura: 3 min

Mesmo sem aumento de preços nas refinarias, a gasolina teve alta de aproximadamente 11% em vários postos.

Na manhã de ontem, a redação do Jornal da Cidade recebeu uma série de telefonemas de consumidores que foram surpreendidos pelo aumento de preços da gasolina comum. Até quinta-feira, era possível encontrar alguns postos de combustíveis que comercializavam o produto por R$ 1,499. Ontem, a média de preços girava em torno de R$ 1,65 a R$ 1,70.

O presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo (Sincopetro), Sebastião Homero Gomes, foi consultado pelo JC, mas disse que o sindicato não interfere em nada sobre a questão de preços aplicados pelos postos. Na opinião dele, não há nada de estranho no fato de alguns preços terem aumentado e sobre a pequena diferença entre os valores aplicados pela maioria dos postos. Isso nada mais é do que a concorrência do setor. Desde que os preços da gasolina foram liberados pelo governo, a situação é assim. Os donos de postos estão sempre disputando para não perder mercado. Os postos que estavam aplicando preços mais baixos fizeram isso como promoção, apenas por um determinado período. Não há como ficar muito tempo vendendo o litro da gasolina a R$ 1,50 se o nosso preço de custo para a compra da gasolina nas distribuidoras varia de R$ 1,50 a R$ 1,52, observa.

De acordo com Gomes, outra explicação para o aumento de preços verificado ontem seria a alta já anunciada do valor da gasolina para daqui aproximadamente dez dias. Na opinião dele, com esse anúncio, os empresários não teriam condições de continuar com as promoções. O presidente do Sincopetro acrescenta, ainda, que a liberação do preço da gasolina pelo Governo Federal teria prejudicado o setor. Segundo ele, na época em que o preço era tabelado, os empresários do segmento obtinham uma margem de lucro de R$ 0,22 por litro. Após a liberação, essa margem teria passado para cerca de R$ 0,15.

Questionado sobre as reclamações recebidas pelo JC, ontem, de consumidores dizendo que os preços estariam voltando a se alinhar, Gomes descartou qualquer possibilidade disso estar ocorrendo. As pessoas não entendem esse mercado e como funciona a concorrência, por isso, questionam coisas que não existem e especulam demais. Não existe nunhuma possibilidade dos donos de postos estarem combinando os preços. É impossível reunir representantes de 100 postos para fazer isso. Ninguém faz uma reunião para combinar preços que não vão dar lucros satisfatórios. Essa história do cartel poder estar sendo praticado é absurda, afirma.

Consultado para falar sobre as queixas de consumidores recebidas pelo JC, o procurador da República do Ministério Público Federal (MPF), Pedro de Oliveira Machado, disse que fica de mãos atadas enquanto nenhuma pessoa fizer uma denúncia formal, para que alguma providência possa ser tomada. Muitas pessoas fazem queixas e reclamam de possíveis irregularidades, mas sempre informalmente, como fazem quando ligam para o Jornal. Enquanto o Ministério Público não tiver nenhuma queixa ou denúncia formal, de pessoas que estejam dispostas a falar abertamente, nós ficamos de mãos atadas, diz o procurador.

O processo que está sendo julgado na Justiça Federal de Bauru, sobre a formação de cartel dos combustíveis - que surgiu de uma ação impetrada pelo também procurador do MPF, Rodrigo Valdez de Oliveira -, continua na fase de oitiva das 33 testemunhas de defesa dos seis acusados.

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