Estávamos em 18 pessoas, sendo 4 homens e 14 mulheres, na noite de 28 de abril, realizando uma vigília em nossa igreja, situada numa chácara da Vila Industrial. No momento em que entoávamos um hino de adoração ao nosso Deus, fomos interrompidos por uma voz sinistra. Abrindo nossos olhos, percebemos um rapaz com uma arma na cabeça do nosso irmão que ministrava o louvor lá na frente. Atrás de nós mais sete rapazes encapuzados e armados. Fizeram-nos deitar ao chão, ordenando que não olhássemos em seus rostos senão seríamos mortos ali mesmo.
Uma de nossas irmãs, deitada, começou a chorar e clamar a misericórdia de Deus para com as nossas vidas. O rapaz colocou a arma na cabeça dela, ameaçando atirar mas a irmãzinha não se calou. Então, ele arrastou-a pelos cabelos, para dentro da casa. Fomos todos trancados num pequeno quarto escuro, sendo intimidados a cada segundo por um deles que abria a porta e ameaçava atirar. No corredor, um outro gritava que não sairia dali sem matar alguém.
Levaram todos os instrumentos musicais de nossa igreja, o computador, o dinheiro do caixa, nossos celulares, documentos, chaves, carteiras, talões de cheque, aparelhos eletrodomésticos etc. Colocaram em dois carros que nos pertenciam e fugiram. Ficamos lá trancados, orando, chorando, clamando ao Pai uns pelos outros. Em menos de uma hora a polícia encontrou um dos carros totalmente queimado num matagal... no dia seguinte encontraram o outro carro abandonado... nada mais foi achado até hoje.
No culto seguinte, estávamos todos presentes. Não havia microfones nem instrumentos musicais, somente o som de nossas vozes elevava aos céus um cântico de adoração profunda... Acho que há muito não nos dávamos tanto ao Senhor. O pregador da noite foi o nosso querido irmãozinho que teve seu carro queimado. Como poderia estar ministrando diante de tantas perdas? Ele disse: - A igreja não se resume nestas paredes, nestas cadeiras, nos instrumentos que foram levados... a verdadeira igreja somos nós e nada, absolutamente nada nos separará do amor de Cristo, nem a morte. As portas do inferno não prevalecerão sobre a igreja do Senhor...
Foi uma das mais lindas pregações que eu já ouvi porque soava de uma forma totalmente verdadeira, não era apenas um discurso. Quase um mês depois, nosso irmãozinho continua indo diariamente para a igreja. De ônibus, de carona ou caminhando, ele não falta. Deus trabalha em mistério e nada sabemos, nada somos, nada podemos... mas a justiça de Deus é perfeita e não falha nunca... estejamos sempre refugiados no esconderijo do Altíssimo ao invés de buscarmos a justiça dos homens. Faça chuva ou faça sol, continuaremos adorando ao Único que é digno de toda adoração. Temos reivindicado a vida daqueles rapazes para o reino de Deus, para que possam conhecer a vida abundante que nos foi dada por herança. Nossa luta não é contra os homens, mas contra toda potestade e principado das trevas. Diante da morte pudemos vivenciar a fidelidade de um Deus supremo, onipotente, onipresente, onisciente, que nos cobriu com o sangue santo do Cordeiro e nos livrou de todo o mal. Afinal, tudo neste mundo há de passar e de se acabar, mas a Palavra de Deus permanecerá viva para sempre. Pense nisto: se você morresse agora, para onde iria sua alma?... Por onde você tem andado?... O que tem feito? Cuidado!... ninguém sabe o dia e nem a hora de estar diante do Criador... O que você teria em mãos para oferecer a Ele?... (Fátima Majone - RG: 11.533.697-7)