Presidente da companhia informou, ontem, na Câmara, que cobre déficit na receita mensal com não-pagamento do seguro.
A Companhia Habitacional de Bauru (Cohab) tem receita média mensal de R$ 400 mil, valor único utilizado para fazer frente a despesas como cerca de R$ 437 mil com folha de pagamento, incluindo encargos, e mais R$ 400 mil com seguro. A informação foi dada pelo presidente da Cohab, Constante Mogione, ontem, na Câmara Municipal, durante apresentação da execução orçamentária da companhia, conforme determina a lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). Em uma matemática simples, Mogione não negou que a companhia sobrevive com o calote no pagamento do seguro.
Administrando uma companhia sem perspectivas de sobrevivência para os próximos anos e reconhecidamente deficitária, Constante Mogione voltou a apresentar números dos balancete que assustam, como ele mesmo definiu. Embora tenha reduzido sua folha de pagamento nos últimos anos, eliminando os exageros do passado, a Cohab continua gastando muito mais do que arrecada, conforme os valores apresentados por Constante Mogione. Ele definiu que, com uma inadimplência mensal de 51,07%, a companhia realmente não tem como equilibrar suas contas.
Por outro lado, a direção da Cohab também tem conhecimento que, além de não poder manter esta situação por mais tempo, terá que fazer cortes na folha de pagamento. Ainda que a medida não fosse a vontade da presidência, o déficit mensal pressiona Constante Mogione neste setor. Fora isso, a Cohab terá, até novembro próximo, mais 21 mil contratos extintos, o que significa a eliminação de pouco mais da metade de todos os contratos existentes hoje. Assim, não terá nenhum sentido manter a estrutura atual para uma demanda de serviços substancialmente menor.
Mas esses não são os únicos desafios da Cohab-Bauru, assim como o de outras do gênero no País. Não há previsão de que a companhia retorne a ser agente promotora de núcleos habitacionais. A legislação atual coloca a companhia apenas como intermediária na relação entre projetos, novos mutuários, as construtoras e a CEF. A Cohab é mera administradora de créditos antigos, que estão sendo eliminados cada vez que o Governo Federal amplia o programa de quitação do saldo devedor.
A companhia tem um passivo de longo prazo, correspondente aos núcleos antigos, de R$ 546 milhões, contra um ativo de 327 milhões mais quitações no valor de R$ 225 milhões. Matematicamente, as cifras do patrimônio parecem se equilibrar ao longo dos próximos anos. Mas a Cohab ainda não solucionou a dívida de cerca de R$ 27 milhões com a seguradora, valor que vem sendo acrescido aos calotes mensais anunciados pela presidência, ontem na Câmara.
Para finalizar, a companhia tem um patrimônio de imóveis hipotecados no valor de R$ 12 milhões, incluindo os de fora de Bauru, e um patrimônio de imóveis não hipotecados de R$ 13 milhões. A situação da Cohab, pelos números, se agrava mês a mês, com o aumento da dívida cativa, permanente, que vem se repetindo para bancar a atual folha de pagamento, que, pelos dados apresentados, também não se justifica.