No livro Economia Social no Brasil, 23 acadêmicos das principais universidades brasileiras compõem um raio-x do País, analisando distribuição de renda, trabalho informal, violência, mortalidade, educação, saúde pública e sistema previdenciário.
Criado em 1997 com o intuito de dedicar-se ao estudo de temas econômicos vinculados ao cotidiano do País, o Laboratório de Economia Social (LES) da PUC-SP tornou-se em pouco tempo um pólo de talentos acadêmicos. Em torno de seu propósito reuniram-se economistas, sociólogos, geógrafos e educadores da USP, PUC, Unicamp, Fundação Getúlio Vargas, ESPM, Metodista e várias outras instituições de prestígio.
Atendo-se a uma área específica, cada integrante do núcleo desenvolveu uma pesquisa analítica, angariando números para a composição de um perfil sócio-econômico brasileiro. Desses estudos, surge agora a coletânea Economia Social no Brasil (Editora Senac-SP), um guia que mostra os caminhos tortuosos que levam o País a apresentar quadro social tão degradante.
Farto em estatísticas, o livro, organizado pelos doutores em economia Ladislau Dowbor e Samuel Kilsztajn, expõe alguns fatos ainda pouco quantificados ou explorados, como a situação do valor agregado do setor social (superior aos do setores industrial e agrícola, embora os economistas e administradores continuem privilegiando as indústrias).
Em relação à distribuição de renda, dados de 1998 revelam, por exemplo, que o rendimento familiar per capita médio era de R$ 254,00 ao mês, mas aproximadamente 75% dos brasileiros tinham rendimento inferior à média. Pior: uma pessoa com rendimento familiar per capita mensal igual a R$ 893,00 não se considere parte da elite do País. Porém, de acordo com os dados do IBGE, apenas 5% dos brasileiros tinham rendimento igual ou superior a esse valor na época.
Para analisar a questão da moradia no País e na América Latina, os economistas Fernando Garcia, Rogério César de Souza e Ana Maria Castelo criaram o Índice de Desenvolvimento Habitacional (IDHab), que pondera o déficit habitacional, a infra-estrutura e o adensamento dos domicílios.
Em relação à saúde pública, depois de analisar o quadro profissional, o número de leitos e os gastos públicos, Samuel Kilsztajn e Dorivaldo Francisco da Silva revelam que a distribuição regional dos serviços de saúde caracteriza-se por uma aspecto perverso, privilegiando as regiões mais ricas e penalizando as áreas que mais carecem de assistência médica.Outros capítulos do livro: Violência e mortalidade nas áreas metropolitanas; Uma tentativa de avaliação das possibilidades de geração de emprego na agricultura brasileira; Sair para o mundo trabalho, família e lazer: relação e representação na vida dos excluídos; Programas de garantia de renda mínima e desigualdade social. Os organizadores doaram os direitos autorais do livro para o Centro Social de Parelheiros, em São Paulo, creche que cuida de crianças de 0 a 6 anos, fornecendo-lhes alimentação e educação.