Geral

Nervoso só na pista

Marcelo Ferrazoli
| Tempo de leitura: 3 min

Seu nome é Alexandre, mas a maioria o conhece por Nervo, apelido que o acompanha há muito tempo. Dizem que sou meio nervoso, mas só sou assim nas pistas, brinca.

As pistas a que se refere o bauruense Alexandre foram os locais por onde ele atuou durante três anos como piloto de kart. No período de 1996 a 1998, Nervo disputou vários campeonatos da modalidade, como a Copa Malta e a Fórmula Kart do Centro Oeste Paulista.

Competindo com kartistas que mais tarde conseguiriam se consagrar no esporte, como Diego Butolo, o bauruense marcou presença com seu talento, que lhe rendeu um quarto lugar (Copa Malta 96), três vice-campeonatos (Fórmula Kart do Centro Oeste Paulista 97, Fórmula Kart 98 e Campeonato Ourinhense de Kart 98) e um título de campeão (Fórmula Kart 98).

Mas os bons resultados obtidos por Nervo parecem nunca ter sido suficientes para atrair patrocinadores. Ao lado do preparador de karts Cássio Oliveira Bertoti, o Beiço, Alexandre competia por amar o esporte. Fiz tudo sozinho, pois nunca tive qualquer tipo de auxílio financeiro, ressalta ele.

A paixão pelo kart começou em 1990, quando comprou um por brincadeira. Depois fui tomando gosto e percebi que tinha o dom para o esporte. Conheci o Beiço e, em 1995, participei pela primeira vez de corridas de kart. Acabei conseguindo bons resultados, o que me incentivou a seguir em frente, afirma Alexandre.

Para suprir a ausência dos patrocinadores e poder disputar os campeonatos, Nervo não pensou duas vezes ao vender uma Chevy 1994. Com o dinheiro obtido na venda do carro consegui disputar as competições, lembra ele.

Uma das provas mais marcantes para Alexandre aconteceu em 1997, no município de Avaré (SP). Sob uma chuva intensa, e largando na pole position, Nervo rodou logo na primeira curva e caiu para a última posição. Mas consegui me recuperar e terminei a corrida na segunda colocação, a apenas uns 10 metros do primeiro colocado, relembra o kartista.

Recentemente, para matar a saudade, Nervo disputou uma prova de kart em Presidente Prudente. Estou há dois anos parado, mas se aparecer alguém interessado em me ajudar, certamente volto a correr, e com o maior prazer, destaca Alexandre.

Gosto por carros

Mas a paixão do piloto bauruense não se resume somente aos karts. Os automóveis também sempre tiveram a admiração de Alexandre, que por muito pouco também não iniciou carreira em competições de carros. Cheguei a ter um Voyage 1994 porque intencionava disputar provas com ele. Fui até São Paulo para orçar os preços dos equipamentos necessários para preparar o carro, mas acabei desistindo na última hora desse projeto em virtude da família, conta ele.

O gosto de Alexandre por automóveis vem desde a infância, quando o então menino de 11 anos insistia para o tio deixá-lo assumir a direção do carro. Desde então, com o auxílio do pai, Nervo foi aprendendo os macetes para guiar um veículo.

Hoje, ele relembra com saudade dos automóveis que já teve. A coleção reúne vários modelos e marcas: Del Rey, Corcel, Fusca, Chevette, Chevy, Kadett, Fiorino, Gol e Escort.

A verdadeira adoração pela velocidade também já levou Alexandre a realizar verdadeiras loucuras. No início da década de 90, eu, Beiço e mais três amigos íamos direto a Interlagos para acompanhar a realização das provas da Fórmula Super 1.600. Mas, para chegarmos lá viajávamos no baú de um caminhão que transportava os equipamentos de uma equipe que participava da competição. Como o espaço era reduzido, tínhamos de nos revezar no cockpit do carro, lembra, rindo, o kartista bauruense. E conclui: Ajudávamos a carregar e descarregar o caminhão, dormíamos no baú e comíamos até pizza de banana. Tudo isso só pelo prazer de estar presente na competição.

Comentários

Comentários