O vigia Ricardo Gomes garantiu que Alzira Garcia entrou no DAE no dia 21 de setembro à noite. Já Alzira nega.
Os depoimentos de ontem à tarde na CEI do DAE podem ter encerrado a fase de apuração em relação à contratação do poço Roosevelt II, sem licitação, em 1999, mas não esclareceu a dúvida levantada por membros da comissão sobre a entrada ou não da ex-diretora jurídica Alzira Garcia nas dependências do DAE, no dia 21 de setembro à noite. Embora o vigia Ricardo Gomes tenha afirmado, ontem, que foi Alzira quem esteve no departamento naquela data, a ex-diretora, assim como as demais pessoas ouvidas pela CEI, rechaçaram esta possibilidade.
O fato é tão estranho quanto seu objetivo perante a comissão de inquérito. Foi levantado que no livro de registros dos vigias do DAE está apontado que no dia 21 de setembro, às 19h36, Alzira Garcia entrou na Divisão Jurídica, estando lá com Simone Scarabotto e Adriane Brunhari, estas pertencentes ao quadro de servidores da autarquia na gestão atual. O fato foi informado pelo vigia Ricardo Gomes ao colega Joaquim Pio, que relatou a ocorrência no livro.
A ocorrência levou a CEI a apurar, conforme pedido de alguns vereadores, por que a ex-diretora Alzira Garcia teria ido ao DAE naquela data. Ontem, ficou demonstrado que o vigia Ricardo Gomes pode ter se enganado quanto à entrada de Alzira Garcia, embora esta dúvida não tenha sido esclarecida. A questão é que Gomes está praticamente isolado na afirmação de que a ex-diretora esteve no DAE em 21 de setembro. De certo, os depoimentos de ontem serviram para esclarecer que Simone Scarabotto foi ao DAE naquela data, por volta das 20 horas, para convidar a amiga, Adriane Brunhari, da Divisão Jurídica, para um bate-papo com um grupo de colegas, em um barzinho da cidade.
Já Adriane Brunhari aceitou o convite, deixando a autarquia momentaneamente, voltando algum tempo depois para buscar seu carro, que havia ficado no pátio do DAE. A diferença entre o que foi apontado pelo vigia é que Simone Scarabotto declarou à CEI que foi ao DAE acompanhada de sua mãe, Tereza Scarabotto, e não de Alzira Garcia, como insiste em dizer o vigia Gomes.
De qualquer forma, também ficou latente na reunião de ontem que a dúvida sobre a permanência ou não de Alzira Garcia no DAE, em 21 de setembro, não colaborou em nada para a investigação. Não há nenhum elo de ligação entre o fato e o objeto em apuração. A situação gerou, inclusive, constrangimento para alguns vereadores. Simone Scarabotto, assim como outras depoentes, não gostou nada de ter sido exposta publicamente em um fato corriqueiro dentro da autarquia - um convite para lazer entre amigas de trabalho -, acontecimento que não tinha relação com os assuntos elencados na comissão.
A decisão de ouvir pessoas sobre assuntos paralelos ao objeto investigado gerou depoimentos desnecessários. Ontem, por exemplo, Elza Aparecida Lama, servidora da Emdurb que presta serviços na cooperativa da empresa municipal, foi convocada sem ter nada a comentar sobre os fatos. Ela disse que tem ido ao DAE a trabalho, ação de rotina. Contudo, a servidora declarou nunca ter comparecido à autarquia após o expediente, não tendo nenhuma condição de colaborar com a investigação.
A CEI retoma o rumo da apuração no próximo dia 30 de outubro, quando os vereadores vão discutir os nomes para os depoimentos na denúncia de eventual renúncia de receita no DAE. Este item pode ser o mais longo dos que estão sob investigação. A prática de redução dos valores de contas de consumo de água na autarquia é rotineira e atinge inúmeros casos, como vazamentos, tarifas sociais, hidrômetros embaçados, ausência de leitura de identificação de consumo, mudança de tipo de economia de consumo, etc. A diversidade de opções para as alterações é tão grande quanto o número de ocorrências. São centenas de contribuintes que, todos os meses, se dirigem ao DAE para reclamações. Para tanto, existem resoluções que definem as regras a serem adotadas.