Em reunião com os vereadores, o Executivo propôs a apresentação de um bloco de emendas para modificar e aprovar o texto
O projeto do Executivo que prevê a criação da Fundação de Previdência Municipal (Funprev) não deverá mais ir a votação no plenário da Câmara até o final do mês. Polêmico em vários pontos, o texto foi novamente discutido nesta semana. Entre os temas levantados, a Prefeitura ficou com a missão de reestudar a matéria sem que os inativos e pensionistas participem da contribuição. Todavia, a exclusão na cobrança exige a elaboração de um novo cálculo para definir quem vai cobrir essa diferença. Antes de ser colocado em pauta na Câmara, o projeto de Funprev vai receber um pacote de emendas do Executivo, para modificar os pontos que estão gerando conflito.
Um dos temas foi justamente a intenção do prefeito de cobrar dos inativos e pensionistas para criar o novo regime de previdência. A contribuição prevista no projeto é de 2%, sendo que o Executivo contribuiria com 14,5% da folha de pagamento e o servidor continuaria recolhendo 8% de seus vencimentos. Com a exclusão dos inativos, a Administração terá que refazer as contas. A medida, em tese, significa um acréscimo de R$ 90 mil na partilha dos recursos que vai manter a previdência municipal. O Executivo resiste a assumir também esta despesa. O problema é nitidamente uma questão de caixa.
Mas, além de não concordar com a contribuição para inativos e pensionistas, os vereadores discutiram com a Administração outras modificações. A composição dos conselhos, sobretudo o Curador e Fiscal, não agradaram. Vinculados em demasia ao chefe do Executivo, os conselhos teriam a maioria de seus membros indicada pelo prefeito, que ainda iria escolher o presidente da Funprev. Uma das propostas é que a formação dos membros seja paritária entre o empregador e os servidores.
Outro ponto polêmico que pode ser modificado através de emenda é a estrutura da Funprev. A Administração já adiantou que o organograma original vai ser alterado. Contudo, alguns vereadores também não concordam que a Funprev tenha, ainda que inicialmente, a mesma estrutura atual do Seprem. A proposta iria possibilitar que a fundação funcionasse recheada de cargos em comissão e diretorias. Outro item é a autorização prevista no projeto de lei onde o prefeito poderia, a qualquer tempo, alterar as alíquotas de contribuição através de decreto. O dispositivo, no mínimo, geraria incertezas na existência do fundo e liberdade para que o chefe do Executivo pudesse penalizar as contribuições a seu gosto.
Embora polêmico, o tema está tendo avanços na discussão. A necessidade de criação de um regime próprio de previdência está prevista em legislação federal, para os municípios que não pretendem ficar vinculados ao sistema comum, do INSS. Assim, Prefeitura e Câmara têm interesse que a questão seja definida ainda até o final deste ano.
Lei impõe prazo para adequação
Os Estados e municípios que mantém regimes próprios de previdência têm até 1º de novembro para se adequar à nova regulamentação do setor. De acordo com a regulamentação, os Estados e municípios sem CRPs (Certificados de Regularidade Previdenciária) serão punidos com corte de recursos financeiros da União, Previdência e crédito de bancos federais.
Segundo o secretário de Previdência Social, Vinícius Carvalho Pinheiro, fazem parte das punições a suspensão da transferência de recursos voluntários do Orçamento da União, da concessão de crédito junto aos bancos federais e corte do repasse da compensação previdenciária.
Exemplo desta penalidade são os repasses feitos em nome da compensação previdenciária, que é uma espécie de acerto de contas entre o INSS e os regimes próprios, necessária desde que os servidores estaduais e municipais (antes contribuintes do INSS) começaram a se aposentar por esses regimes próprios, sem ter contribuído para esses regimes.
Para ter direito ao CRP, os regimes próprios têm de seguir uma série de regras, como o caráter contributivo. Por essa regra, os Estados e municípios só podem pagar benefícios para quem contribuiu. "Vários municípios pagam benefício para quem nunca contribuiu", disse Pinheiro.
Outra exigência é a cobertura previdenciária apenas para servidores de cargo efetivo. Dessa forma, ficam de fora da cobertura servidores de cargo comissionado, que têm de receber benefício previdenciário pelo INSS.
A nova legislação também proíbe os regimes próprios de conceder empréstimos e prestar assistência médica com recursos da Previdência. (AF)