Reeducandos do Instituto Penal Agrícola de Bauru (IPA) estão sendo treinados pelo instrutor de solda Vagner Hilário dos Santos, do Senai. O curso é oferecido através de uma parceria com a empresa GRP Construtora, que implantou um galpão nas dependências do IPA, para uso da mão-de-obra dos reeducandos na montagem de estruturas metálicas.
O curso, iniciado no dia 13 de outubro, é desenvolvido durante três sábados, totalizando 30 horas de treinamento. Estão sendo oferecidas 24 vagas, divididas em duas turmas de 12 alunos. O aluno recebe do Senai o certificado de treinamento no curso básico de soldagem, no processo eletrodo-revestido, estando habilitado para execução de trabalhos em estrutura metálica, manutenção na área de soldagem para empresas e se fizer um aperfeiçoamento posterior, pode ser admitido como soldador de caldeiras, por exemplo, disse o instrutor.
Para Gilberto de Assis Oliveira, diretor Técnico de departamentos do Instituto Penal Agrícola de Bauru, a qualificação profissional é essencial para os reeducandos, uma vez que através da parceria com o Senai e empresas, eles obtém uma profissão e se preparam para o retorno à sociedade. O interesse dos reeducandos é muito grande, segundo Oliveira, porque além da qualificação, cada dia de trabalho no IPA representa a redução de três dias na pena que está sendo cumprida e um mês trabalhado rende cerca de três quartos de um salário mínimo vigente.
A seleção dos alunos é feita pelo IPA e pela empresa, observando-se, entre outros fatores, o comportamento disciplinar adequado. Oliveira informou que vários reeducandos que já deixaram o IPA estão hoje empregados em suas cidades de origem, exercendo a função de eletricistas, graças a um curso oferecido anteriormente ao de solda, pelo Senai.
O reeducando Luciano Roberto Maia, 24 anos, da cidade de Limeira, está fazendo o curso do Senai confiante em uma colocação no mercado de trabalho, no ano que vem, quando deve deixar o IPA tendo concluído sua pena. A sociedade dá mais valor quando a gente tem um certificado de curso dado pelo Senai, disse ele, ansioso para retornar à cidade natal, onde tem uma filha de três anos.
O supervisor da GRP, Marlei Roberto de Castro Mello, disse que o galpão da empresa foi construído no IPA há cerca de quatro meses, para funcionamento da indústria de estruturas metálicas, que usa mão de obra do reeducando e que a vantagem daquele que faz o curso do Senai é que sai da unidade com certificado e prática na função, o que representa competitividade no mercado.
Problema social
O diretor de reabilitação do IPA, Luciano Roberto Maia, salientou que o importante do curso profissionalizante é a forma como o reeducando vai ser recebido na sociedade novamente. É uma nova opção que é oferecida a ele para que não volte a delinqüir. O apoio das empresas e entidades como o Senai é essencial para a mudança de vida dos reeducandos e sentenciados de outras unidades prisionais salientou, concluindo que hoje a realidade social do preso é um problema, não só de segurança pública, mas da sociedade e todos devem voltar parte de sua atenção para reinseri-los no convívio social.