Apesar de a mobilização contra o terror ter iniciado no dia 13 de setembro com o envio de forças especiais para o território afegão, o dia 7 de outubro ficará marcado como a data do início da ofensiva aliada contra o terror. Explico. Especula-se que cerca de dois dias após os atentados contra o WTC e o Pentágono, os EUA enviaram para o Afeganistão agentes das unidades especiais Boinas Verdes (Exército), Seal (Marinha) e a força especial Delta. O Reino Unido enviou agentes da unidade especial da força aérea, intitulada Serviços Aéreos Especiais (SAS). Estas unidades estão caçando as diferentes células do grupo de Ossama Bin Laden no território afegão com o intuito de capturar seus líderes. Além disto, os grupos realizam o mapeamento de possíveis alvos, como áreas de construção de bombas e bunkers. Entretanto, esta é apenas uma das frentes contra o terror.
Se alguém tinha alguma dúvida sobre a autoria dos massacres do dia 11 de setembro, ela se dissipou no domingo, 7 de outubro, quando Bin Laden fez um pronunciamento via rede de TV do Qatar em que aprovava os atos terroristas contra os EUA. Na sua fala tentou impor uma política de medo, que consiste em ameaças de novos ataques em solo americano. Um outro líder do Al Qaeda ainda ameaçou os EUA com novos seqüestros de aviões. Além disto, Bin Laden usou de forma leviana a causa palestina como o motivo da ira muçulmana contra os americanos. O terrorista saudita errou. Logo após seu pronunciamento, o Ministro de Informações palestino alegou que não deseja o apoio de Bin Laden e que a solução para a causa palestina não será encontrada via seus atos de terror.
Os EUA agiram até o momento de forma correta, pois não realizaram ações precipitadas e criaram uma forte coalizão com a expressiva ajuda do premiê britânico Tony Blair para combater e responder ao terrorismo. Enquanto a coalizão internacional estava sendo formada, os serviços de inteligência estavam trabalhando no intuito de fazer um exato mapeamento dos locais de ataque. Os governos americano e inglês somente autorizaram a ofensiva militar após serem apresentadas provas irrefutáveis da autoria dos atentados e receberem amplo apoio internacional. Rússia, França, países da Commonwealth, Espanha, Itália, Alemanha, Japão e até a Líbia, por intermédio do ditador Kadafi, apoiaram e avalizaram o ataque.
Caberá aos EUA um extremo cuidado nos ataques que seguirão. A ofensiva militar lançada sobre os patrocinadores do terrorismo não se resumirá ao Afeganistão. Além deste, outros países abrigam e fornecem suporte para grupos que espalham o medo, como mostrou a lista de terroristas divulgada pelo governo norte-americano. Entretanto, qualquer ataque desta natureza somente ocorrerá com a concordância plena dos países que fazem parte da coalizão internacional, como assegurou o premiê Blair. Para um sucesso pleno, esta aliança deve se expandir, estendendo-se a outros países muçulmanos que desejam o fim do terrorismo. Os aliados devem atacar as bases terroristas, bem como responder àqueles países que fornecem abrigo e estrutura para o desenvolvimento do terror, mas para isso devem contar com apoio de países muçulmanos, visto que um movimento vacilante pode desencadear uma guerra santa de proporções inimagináveis.
Vale lembrar que o mundo finalmente percebeu o perigo dos crescentes grupos terroristas que habitam o Planeta. Não há dúvidas de que chegou a hora de extirpar o terror do mundo. Este novo tipo de confronto inaugura também um novo tipo de ofensiva. As ações se tornam multilaterais, concomitantemente em diversas áreas e o confronto bélico é apenas uma fração de uma grande operação. A teia estratégica se divide em serviços de cooperação econômica e financeira, de forças especiais para localizar terroristas e seus esconderijos, sistemas de inteligência e informação, além da militar, que visa extirpar os núcleos de produção de bombas e treinamentos de terroristas. Esta é uma nova guerra, logo necessita de novas estratégias. Será um confronto longo e não terminará com a captura de Bin Laden e a quebra da estrutura do Al Qaeda. (*) Márcio Chalegre Coimbra é advogado - e-mail: marcio.coimbra@uol.com.br