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Uma paixão chamada miniatura

Marcelo Ferrazoli
| Tempo de leitura: 7 min

Colecionadores realizam seus sonhos de consumo através dos carros e motos de tamanho reduzido

Ferrari Testarrossa. Porsche 911. BMW M3. McLaren F1. Mercedes SL. Yamaha R1. Ninja 1000. Tais carros e motos, sonhos de consumo para poucos privilegiados, podem estar ao alcance de todos por preços bem mais acessíveis do que se possa imaginar. Pelo menos no mundo dos colecionadores de miniaturas.

Passatempos para uns, formas de lazer para outros, o automodelismo e o motomodelismo ganham a cada dia mais adeptos e admiradores. Para muitos, comprar uma miniatura é tão prazeroso quanto comprar o veículo ou a motocicleta de verdade.

É o caso do bauruense Antonio Carlos Garcia de Oliveira, mais conhecido por Totó, que trabalha atualmente como promotor de Justiça em Cassilândia (MS). Antonio é um aficionado por motociclismo, motivo pelo qual se integrou ao motoclube Knibais do Asfalto, de Bauru. Além disso, a paixão pelos veículos de duas rodas o levou, há cerca de dez anos, a entrar para o mundo do motomodelismo.

Nesse período, o promotor já conseguiu reunir aproximadamente 85 miniaturas para sua coleção particular, composta em sua maioria por esportivas, estradeiras e as clássicas Harley Davidson. Por amarmos o motociclismo, temos sempre a tendência de utilizarmos utensílios ligados ao tema, como camisas e calçados. A miniatura é mais um deles e também a forma que encontramos para prestarmos uma homenagem e cultuarmos às motos, enfatiza Antonio.

O bauruense acrescenta que não se preocupava em organizar uma coleção. Não era um desejo da época de infância. Na verdade, não tinha a percepção de que, futuramente, iria me transformar em um miniaturista, destaca ele.

Para enriquecer sua coleção, iniciada por uma Harley Davidson, o knibal aproveita os encontros pelo País onde o motoclube bauruense se faz presente. Sempre que posso, participo de feiras e reuniões com outros motoclubes nacionais, uma boa oportunidade para novas aquisições, afirma ele.

Mas, engana-se quem pensa que o magistrado não se encanta também com os carros em miniatura. Mercedes, Porsche e Ferrari são alguns dos exemplares que também integram sua coleção. A maioria deles são cópias dos esportivos que disputam o Campeonato Alemão de Marcas, a DTM. Também tenho um Penske semelhante ao utilizado pelo Gil de Ferran (piloto brasileiro que se sagrou bicampeão recentemente na Fórmula Indy), explica ele.

Sonhos

Apesar de não se considerar um motomodelista avançado, o promotor alimenta um grande sonho. Ainda quero ter uma coleção completa, com todos os modelos e marcas. Mas, é um sonho quase impossível, diz Antonio.

Para conservar a beleza e o brilho das miniaturas, Antonio gasta boa parte de seu tempo vago. Com um pequeno pincel, ele limpa periodicamente um a um as motocicletas e os veículos. É preciso ter cuidado e sensibilidade com as miniaturas, pois possuem peças que podem se quebrar facilmente, ensina o promotor.

Além desses cuidados, Antonio também tem outros planos para incrementar a coleção. A idéia é aumentar o espaço para acomodá-las em um ambiente envidraçado. Dessa forma, além de proteger da poeira, evita que as miniaturas possam ser manuseadas indevidamente, justifica o colecionador.

Como começar a coleção

Uma boa dica para quem quer iniciar uma coleção de miniaturas de carros é separá-la por temas. Além da própria segmentação natural do automóvel, entre carros-esporte, de luxo, por década ou país, por exemplo, podem-se observar outros temas como carros de filmes do cinema, de seriados e de celebridades. Há, ainda, opções de se selecionar por modelos de competição, Fórmula 1, policiais, escala, marca, modelos, décadas ou anos específicos.

O mercado oferece ampla gama de miniaturas nas mais diversas escalas. As mais comuns são 1/43, 1/24 ou 1/25, e 1/18. A escala 1/43 é celebrada por muitos colecionadores pela maior variedade de modelos alguns carros são produzidos apenas em 1/43, deixando as outras escalas no vazio.

A 1/43 surgiu na época em que as miniaturas de automóveis eram simples peças das reproduções das grandes ferrovias, pois é uma das escalas mais usadas nas maquetes.

As escalas 1/24 e 1/25 são talvez as mais comuns nas prateleiras dos aficionados. A 1/24 engloba geralmente modelos em ferro, enquanto em 1/25 encontram-se muitos modelos em kits de plastimodelismo. O uso da escala 1/25 em kits deve-se muito à fábrica norte-americana AMT, que no final da década de 50 passou a investir no plastimodelismo automobilístico e adotou 1/25 como uma das principais escalas de seu catálogo.

Hoje a maioria dos kits de carros disponíveis no mercado são em 1/25, tamanho mínimo para um bom nível de detalhes, como motor, painel e alavanca de câmbio. Os kits em escala menor (como 1/32 e 1/43) em geral não oferecem os detalhes mecânicos dos 1/25.

Em 1/24 pode-se observar uma das maiores disparidades de qualidade e preço no mundo do automodelismo. De um lado temos modelos mais baratos, vendidos aos montes em padarias e barracas de ambulantes. Do outro, modelos chamados Mint ou perfeitos, representados por marcas como Franklin Mint e Danbury Mint. São caros e um tanto raros no Brasil.

Os modelos baratos (se assim forem considerados os que custam até R$ 30,00) possuem boa aceitação entre muitos colecionadores, graças ao preço e ao nível aceitável de detalhes, como a abertura das portas e, em alguns casos, o motor e o movimento das rodas e volante. São detalhes comuns nos modelos desta classe, mas não obrigatórios.

Nos modelos Mint, detalhes como estes são imprescindíveis e costumam somar-se a outros, como interior em tecido similar ao real (como couro), suspensão atuante e antenas móveis, entre outros.

Se você quer boa relação entre preço, tamanho e detalhamento, a pedida é a escala 1/18. Seu tamanho favorece a visualização dos detalhes, sendo obrigatórias as portas móveis e a reprodução da mecânica. Detalhes quase invisíveis em escalas como 1/43 (um painel ou emblema, por exemplo) podem ser melhor admirados em 1/18. Custam a partir de US$ 20, mas a maioria sai em torno de US$ 40 a US$ 50.

(Fonte: José Arnaldo Lopes - Best Cars Web Site)

Automodelismo decolou nos anos 60

As primeiras miniaturas de automóveis surgiram no final do século XIX e início do século XX, produzidas como ornamentos para a confecção das maquetes para o ferreomodelismo e o militarismo. Com o passar do tempo, ganhou autonomia e colecionadores próprios, como os nobres que passaram a ver seus carros um dos maiores símbolos de riqueza na época reproduzidos em tamanho reduzido. Alguns destes primeiros modelos possuíam de 50 cm a 1 metro de comprimento e não seguiam nenhuma escala nem padronização em sua construção.

O automodelismo ganhou maior projeção a partir de 1966, quando foi lançado o Batmóvel do seriado de TV. O que era para ser um simples brinquedo vendeu quase cinco milhões de unidades. Percebeu-se, então, que havia um mercado a ser explorado. Na mesma década a francesa Solido passou a reproduzir modelos em escala 1/43 de boa qualidade, explorando temas como o agente 007, os Beatles e o Papamóvel, por exemplo.

Ao contrário do mundo real, a igualdade dos preços impera entre as miniaturas: um Fusca pode custar o mesmo que um Porsche ou Ferrari apenas pode, pois os preços destas jóias em escala varia de US$ 0,50 até US$ 5.000. Alguns colecionadores chegam a pagar o preço de um automóvel real por modelos muitas vezes artesanais e em escalas maiores, como 1/10 ou 1/12.

Assim como os carros reais, os modelos de baixa produção, séries comemorativas ou limitadas (como os famosos pace-cars, carros-madrinha de competições), os numerados e os modelos fora de linha são os mais cotados a valorizar com o passar do tempo. Os preços que os lojistas pagam pelas miniaturas são fixados em dólar, pois a grande maioria vendida em nosso mercado é importada de países como Itália, França, Estados Unidos e China.

(Fonte: José Arnaldo Lopes - Best Cars Web Site)

Conservação

Para fugir da poeira, as melhores maneiras de conservar as miniaturas são em sua caixa original; em um display, caixa transparente feita de vidro ou acrílico, encontrada em lojas de modelismo; em vitrines; ou em móveis próprios, de preferência com muito vidro para facilitar a visualização e a iluminação.

Para limpeza, use algodão, cotonete e cera de automóveis. Tenha cuidado especial para não acabar com algum detalhe, como os retrovisores ou uma ponteira de escapamento.

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