Geral

As árvores da nossa vida

(*) N. Serra
| Tempo de leitura: 2 min

Não podemos exaurir de vez, repentinamente, como o fazem as mansas águas dos rios quando encontram as verdes dos mares, o flagrante assunto copaíba... Temos de contê-lo por um dever de gratidão aos inúmeros leitores que nos telefonaram ou nos abordaram na rua para nos manifestar apoio carinhoso pelo artigo que escrevemos há dias defendendo a preservação da bonita árvore, então ameaçada de extração. Impõe-nos esse agradecimento. É forçoso reconhecer, no entanto, que a nossa matéria não nos resultou somente aplausos e mais aplausos. Foi bem mais longe, pois nos presenteou com até mesmo uma árvore, talvez irmã daquela. Querem saber como isso aconteceu? Um arboricultor, Waldomiro Rett, da vizinha Pederneiras mas com atividade diária em Bauru, empolgou-se tanto com a nossa crônica que, ontem, bateu em nossa porta e nos disse: Amigo, você foi tão feliz na defesa da copaíba que gostaria de completar a sua felicidade oferecendo-lhe uma árvore também. Trata-se de um ipê-amarelo que vou plantar já, agora, no canteiro central da Nações Unidas, exatamente diante de sua moradia.

Quem teria incentivado Waldomiro a ser assim um arboricultor que, incansavelmente, anda aí por tantas artérias das cidades zelando pelas vegetações públicas? Certa vez, perguntamos-lhe isso. E ele, com simpatia religiosa, revelou-nos incontinenti: Um dia pedi a Deus que me desse paz, saúde e alegria. E ele me respondeu simplesmente: reze, plante e cuide... E é o que venho fazendo com todo entusiasmo, seguindo a orientação divina, defendendo a natureza e brindando com ipês aos que também batalham acudindo as espécies vegetais que vivem abandonadas, tristes e atacadas por formigas aí pelos quadrantes da existência. Já homenageei, dessa forma, além do prezado jornalista, muitos outros benfeitores das árvores, entre eles Gabriel Ruiz Pelegrina e Luciano Dias Pires.

E aí está, caros leitores: temos, agora, por uma circunstância especial, um bonito ipê em nossa vida, por sinal plantado em local onde poderemos nos encontrar todos os dias e até trocar juras de afeição. Lá está ele, tão pequeno, tão esguio, tão sozinho, mas tão simpático, confiando, certamente, em que nossas mãos possam salvá-lo sempre das garras da violência urbana. Waldomiro, amigo, muito obrigado pela generosidade!

(*) O autor, N. Serra, é o jornalista responsável do JC e delegado regional da Associação Paulista de Imprensa e da Ordem dos Velhos Jornalistas do Estado.

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