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Método de tiro defensivo preserva vida

Redação
| Tempo de leitura: 4 min

Criada por Nilson Giraldi, a técnica ganhou adesão não só em Bauru, mas no Estado de São Paulo e em outros países

O Método Giraldi de Tiro Defensivo na Preservação da Vida tem mais de 80% de eficácia de proteção aos policiais. A informação é do assessor de tiro e assuntos correlatos da Polícia Militar do Estado de São Paulo (PMESP), Nilson Giraldi, autor do método que alcançou sucesso no Brasil e em outros países.

O objetivo do método, que existe há 40 anos, é a preservação da vida de inocentes, de policiais e das pessoas às quais ele tem que defender. Tem como finalidade orientar policiais quanto ao uso de seu armamento em defesa da sociedade.

Os treinamentos do curso são baseados em fatos imitativos da realidade, oferecendo ao policial diversas possibilidades de posicionamento e reação de agressores e inocentes. Ou seja, os policiais são condicionados a agir em eventuais situações semelhantes antes que ela aconteça. Não basta saber o que fazer. Tem que estar condicionado a fazer a partir de um treinamento realista, afirma.

Giraldi garante que o método pode ser aplicado em qualquer situação e que todas as possíveis cenas a serem encontradas pelos policiais são treinadas. Além disso, durante o curso, são utilizadas todas as armas que a PM usa em seu ofício. Entre elas, estão: revólver, pistola calibre 40, espingarda 12, sub-metralhadora, fuzil e carabina de calibre 38.

O objetivo do procedimento não é matar o agressor, mas sim fazer cessar sua ação criminosa contra a vida de alguém. Assim, dispara-se rapidamente na direção do agressor. Não dá tempo de enquadrar o aparelho de pontaria, afirma.

Giraldi explica que, durante o confronto armado, não há possibilidade de escolher pontos de acerto do tiro no agressor. É impossível escolher um ponto de acerto. Tudo está em movimento. Se tem uma pessoa atirando contra você, você tem que tentar paralisar essa pessoa, diz.

As condições físicas e psíquicas dos policiais, diante da possibilidade de morte, ficam totalmente alteradas. Por isso, a necessidade de estar condicionado a executar procedimentos simples e rápidos para a preservação da vida de inocentes e da própria vida.

Giraldi também ressalta a importância dos procedimentos, mais relevantes que os tiros. Não basta saber quando atirar. Tem que saber quando atirar e saber executar procedimentos. Pois são procedimentos que preservam vidas e solucionam problemas na quase totalidade das vezes, orienta.

A duração dos treinamentos, que qualificam de soldado a coronéis, depende do desempenho de cada profissional. Alguns são condicionados em apenas três dias. Outros, demoram um pouco mais.

De acordo com o assessor de tiro da Polícia Militar, o método está de acordo com os princípios da Carta da Organização das Nações Unidas, da Cruz Vermelha Internacional e do Comitê Internacional dos Direitos Humanos. Foi aprovado também por policiais canadenses, estadunidenses, europeus e latino-americanos. Os policiais de fora dizem que nenhum país do mundo tem um método tão evoluído, conta. Em Bauru, cerca de 50% a 60% dos policiais já passaram pelos treinamentos do método, de acordo com Giraldi.

Não há resistência nem questionamentos por parte dos profissionais. O autor do método enfatiza que as instruções de tiro nos cursos da PMESP atualmente têm mais aceitação entre os aspirantes.

Eficácia

O Método Giraldi é eficaz em mais de 80% dos casos de confronto, defendendo a vida de policiais. É o que garante seu autor. A ressalva feita por ele refere-se às fatalidades. O policial não está livre de uma fatalidade, frisa.

No entanto, quanto à morte de inocentes, os procedimentos teriam 100% de eficácia. Ele baseia-se no seguinte princípio: O que eu ouço, eu esqueço. O que eu vejo, eu lembro. O que eu faço, eu aprendo. Não tem teoria, é só prática, acrescenta Giraldi, que carrega 50 anos de experiência policial e de tiro.

Giraldi, que nasceu em Marília, foi registrado em Lins, mas recebeu o título de Cidadão Bauruense, orgulha-se de ter tido a oportunidade de levar o nome de Bauru a outros Estados e países com o método de sua autoria. Bauru me adotou, brinca.

Erros

O policial preparado pelo Método Giraldi não comete erros, afirma o assessor de Tiro da PM.

Ele acredita que os principais erros cometidos por policiais que não passaram por seus treinamentos são: matar, morrer ou contrair uma deficiência sem necessidade; e ser processado, condenado e afastado do convívio da família ou da sociedade por tiros fora de oportunidade.

Para Giraldi, faltam leis que sustentem o trabalho da Polícia Militar; faltam tecnologias e materiais de ponta; continuidade do aperfeiçoamento e investimentos.

Ele recomenda que os cursos de requalificações sejam feitos a cada dois ou três meses. O policial sempre tem que estar preparado. É como futebol, natação ou ciclismo: só se aprende praticando.

O autor do método que conquistou policiais nos quatro cantos do mundo acredita que a arma deve defender a sociedade, e jamais ser usada contra ela. Na vida, nada é mais importante que a própria vida. Se a instrução de tiro lida com a vida e com a morte, ela acaba sendo a mais importante, de maior responsabilidade e conseqüências entre todas as instruções, ressalta.

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