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Após fugas, Cadeião terá novo diretor

Ieda Rodrigues
| Tempo de leitura: 3 min

Delegado de Itapuí foi nomeado para cuidar exclusivamente do Cadeião. Fuga em massa agilizou a nomeação

O delegado Roberval Fabbro, que era titular da Delegacia de Itapuí, foi nomeado para o cargo de diretor da Cadeia Pública de Bauru, o Cadeião. A nomeação para o cargo, que desde a transferência do delegado João Dutra para São Paulo, no início do ano, estava vago, ocorreu três dias após o resgate que culminou com a fuga de 89 presos do Cadeião e das suspeitas de envolvimento de um carcereiro da unidade na ação.

Há meses, o Cadeião vinha sendo administrado por delegados lotados em delegacias de Bauru que, ao também responder pelo expediente da unidade prisional, acumulavam função. Até a nomeação de Fabbro para o cargo, publicada no Diário Oficial do Estado de ontem, estava respondendo pela Cadeia Pública o delegado Jáder Biazon, lotado na Delegacia de Investigações sobre Entorpecentes (Dise) de Bauru.

Fabbro deve assumir o cargo nos próximos dias, possivelmente na segunda-feira. Segundo o delegado Antônio Carlos Piccino, corregedor da Delegacia Seccional, há meses vinha sendo solicitada a nomeação de um delegado exclusivamente para o Cadeião. Na opinião dele, a fuga de 89 presos ocorrida na madrugada de domingo pode ter agilizado a nomeação do diretor para o Cadeião, mas o processo teria sido iniciado antes.

A Corregedoria da Delegacia Seccional está apurando a suspeita de envolvimento do carcereiro Fernando César Rodrigues, que foi afastado, na fuga. Ele e o outro funcionário de plantão na madrugada de domingo, Jaime Rosa da Silva, disseram que foram abordados por dois homens armados, que os obrigaram a abrir as celas. A dupla, que estaria com mais dois homens na retaguarda, teria como objetivo principal dar fuga a Reginaldo José dos Santos, acusado de liderar uma quadrilha de São Paulo.

No entanto, na segunda-feira, um ex-presidiário, cujo nome não foi divulgado pela Polícia Civil, denunciou que Rodrigues ajudou os autores do susposto resgate. O carcereiro, segundo o ex-presidiário, logo depois da meia-noite, teria ligado e avisado o grupo que deu fuga a Santos que podia seguir para o Cadeião.

Em troca, Rodrigues receberia, de acordo com o denunciante, R$ 15 mil. O carcereiro, que nega qualquer envolvimento no resgate, disse que foi abordado por dois homens armados, que o ameaçaram de morte para que abrisse todas as celas.

O outro policial de plantão contou que estava muma sala lendo jornal quando ouviu um barulho. Ao aproximar-se do portão de entrada da cadeia, teria encontrado Rodrigues com um desconhecido que lhe apontava a arma. A fuga em massa ocorrida na Cadeia recoloca em discussão a estrutura do prédio do Cadeião, construído na década de 50 e que não atende mais as necessidades de Bauru.

Também é momento oportuno para discutir sobre a segurança do Cadeião, que no dia da fuga era feita apenas por dois policiais desarmados. No dia, o Cadeião abrigava 161 presos, incluindo o alvo do grupo, acusado de ser o líder de uma quadrilha de São Paulo. Anterior à fuga, a polícia há havia tido suspeita de que Santos poderia ser resgatado. Mesmo assim, ele não foi transferido.

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