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Somente um milagre salvará a Argentina

(*) José Almodova
| Tempo de leitura: 3 min

Estou certo de que não sou um dos profissionais capazes e disponíveis, para espalhar maus agouros aos quatro cantos; maledicências que emanam maus presságios e festejam as derrocadas, tal como se mostra a vizinha República Argentina. Contrariamente, porém, estou certo de que por mais de meia-dúzia de vezes abordei a infeliz opção da paridade monetária ali adotada, sob orgulhosa teimosia que até a presente data continua. Um fato conseqüente (consumado à cerca de dez anos), no decorrer da infeliz adoção que concebeu a paridade monetária entre o peso argentino e o dólar Americano. Tudo, entretanto, evoluiu do início dos anos 71, quando as moedas deixaram de ser cotadas em função das reservas nacionais de ouro, segundo os valores fixados pelas próprias políticas monetárias de cada governo. Ocasião em que a paridade passou a ser relacionada às moedas fortes, normalmente utilizadas nas trocas predominantemente internacionais, como o dólar e a libra esterlina. No uso da medida, assim como à referencial no cálculo da cotação das moedas utilizadas no comércio internacional, nas transferências de valores entre países.

Na Argentina de 1995 com Menem na presidência e candidato à reeleição o país nos fustigava, esnobando com a paridade monetária, de (1 peso argentino = 1 dólar americano). Tudo sob a insipiente garantia da comparação do PIB da Argentina de então = 0,30% do PIB dos EUA. Com Domingo Cavallo ministro da Economia, depositavas e total confiança no cidadão, que então surgia (tal como hoje), um milagreiro. Mantido novamente mentor da estabilidade político/econômica no governo Fernando de la Rúa, recebia honrarias, mas buscava apoio logístico no Brasil consultando nosso ministro Malan. Sua última visita ao Brasil foi em (20/10); sempre reclamava de nós, quando sofriam insucesso. Contudo, segundo Menem (quando lá estive), li nos periódicos de 20/2/995 em (El Pais): Em que pese al nerviosismo de la plaza financiera, Menem reiteró su confianza en Cavallo. Em (La Capital), li que o ex-presidente Ongania se referiu a Menem dizendo textualmente: Es el mas corrupto que há habido en la Argentina; es auténtico en el desorden y en las ideas; e, inimputable por auténticamente inepto. Contudo, embora em meio à lavação de roupa suja (Menem, recém- reeleito, num de seus inflamados discursos), elogiava Cavallo como sendo: um hombre imprescindible. Talvez a razão de, de la Rúa guindá-lo e mantê-lo ministro.

No Brasil, pouco antes do primeiro governo de Menem (citado no parágrafo anterior), vivíamos a adoção do Plano Real em (1º/7/1994). Este plano, -que em relação aos que o precederam- foi um dos que provocaram menores alterações na economia. Certamente porque seu lançamento foi precedido pela Unidade Real de Valor (URV) e pelo cruzeiro real (moeda transitória entre o cruzeiro e o real). Tudo, com a finalidade de se alinhar os preços e contribuir para que a transição provocada pela reforma monetária, fosse menos traumática do que em oportunidades anteriores (Plano Cruzado e Plano Collor). A oportuna estratégia adotada na mudança monetária, foi fixar o valor de R$ 1,00 = CR$ 2750,00, em 30/6/1994. E em seguida a da imediata autorização ao Banco Central de emitir, entre junho de 1994 e 31 de março de 1995, até R$ 9,5 bilhões... além de providências assegurando a garantia do que tornou o sucesso da viabilização do sistema.

Assim é, que nossa moeda continua sob a flutuação do dólar, esta, sempre sujeita às flutuações das moedas no mercado internacional. Há que entender que no mercado da globalização (de um modo geral, e como um todo), prevalece a teoria de quem pode mais, chora menos, fato que talvez ainda não haja tocado o país vizinho...

(*) José Almodova é professor-Mestre em Projeto, Arte e Sociedade pela Unesp/SP. É jornalista e colaborador do JC

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