O clima descontraído das academias facilita amizades e namoros. Encontro diário para exercício cria afinidade.
Exercícios físicos ou um bom bate-papo? Ambas as atividades são freqüentes em academias. O ambiente é considerado favorável ao surgimento de relacionamentos, como amizades, paqueras e até mesmo namoros,mas professores de Educação Física não aconselham a conversa durante a prática de exercícios físicos para não atrapalhar a atividade.
A musculação, a caminhada e as aulas de ginástica localizada muitas vezes são consideradas atividades monótonas e desmotivantes pelos mais avessos à malhação. Apesar disso, uma boa companhia muitas vezes é suficiente para que o ambiente (e a ginástica) tornem-se mais atraentes aos olhos dos preguiçosos.
O professor de Educação Física Adilson Eduardo Severino, coordenador de ginástica da academia Marathon, conta que a grande quantidade de pessoas que freqüenta a academia favorece os encontros e amizades. O fato de mexer com o corpo deixa as pessoas mais sensíveis, revela.
As conversas durante a prática de exercícios são comuns, de acordo com Adilson. No entanto, ele afirma que os professores procuram evitar que isso aconteça. A desatenção prejudicaria o objetivo principal da academia: a prática da atividade física. Não é legal conversar durante a atividade, mas o pessoal conversa, disse.
O ambiente descontraído das academias favorece, inclusive, a liberação de pessoas tímidas. É o que afirma o professor de Educação Física Thiago Domingues. Tem pessoas que, quando entram, se mostram totalmente tímidas. Depois de algum tempo, elas começam a ser mais comunicativas, analisa.
Thiago também partilha da mesma opinião que Adilson: a conversa atrapalha as atividades físicas. O atleta perde o ritmo do treinamento, apresenta queda de freqüência cardíaca e precisa voltar a aquecer o corpo. O ideal é que a pessoa venha, faça tudo o que tiver que fazer e, depois, se quiser conversar, conversa, sugere.
Paquera
Percorrendo rapidamente os aparelhos das salas de musculação, não é difícil encontrar amigos que se conheceram no local e até mesmo paqueras confessas. É o caso do casal Nicécio Cornejo Noronha, de 30 anos, e Adriane Sampaio, 26 anos.
Ele não acredita que os exercícios possam prejudicar o desempenho físico. Pelo contrário: É uma motivação a mais, frisa.
Já Jamile Moreno, de 15 anos, acredita que muita conversa atrapalha o desempenho nos exercícios porque tira a atenção. Eu gosto de fazer sozinha, mas tem pessoas que treinam em dois, enfatiza.
Para Nicécio, os encontros diários e os objetivos em comum criam afinidades que favorecem a possibilidade de relacionamentos nas academias. Com o tempo, não tem como fugir disso, acrescenta Adriane.
As paqueras e ficadas também são cultivadas no ambiente da malhação. A estudante Anita Keller, de 15 anos, conta que já ficou com um garoto que conheceu na academia. É um ambiente propício para amizades porque tem bastantes jovens. O pessoal se vê todos os dias e acaba conversando, observa.
Sempre rola. Sempre tem aquele clima de chavecar, complementa Gustavo Coutinho de Souza, 16 anos.
Nas salas de ginástica, a pequena quantidade de panos que escondem curvas e músculos definidos é mais um fator motivador dos flertes. Sempre tem pessoas que chamam a sua atenção e te atraem, entrega Gustavo Silva Bonfietti, de 16 anos.
A companhia ideal para os treinos, na opinião, de Liege Freitas Trevizo, de 15 anos, são pessoas dispostas e que não se cansem facilmente.
E não há quem negue: muitas pessoas freqüentam as academias mais pelo ponto de encontro do que pelo desejo de suar a camisa. Às vezes eu também faço isso, confessa Anita.
Pesquisa
Uma pesquisa recente realizada na universidade americana de Indiana revela que 96% das pessoas que chegam sozinhas a uma academia de ginástica ou que se propõem a fazer caminhadas sem companhia em um parque abandonam essas atividades menos de um ano depois de começar.
A mesma pesquisa mostra que, entre pessoas que se exercitam na companhia de um parente ou amigo, esse índice cai para 10%. Ou seja, nestes casos, a companhia pode transformar em diversão o que para muitos é um sacrifício.