Num momento de grande lucidez, um deputado teve a feliz idéia de tentar melhorar o currículo de ensino médio que, na realidade, nem é humanista (como antes de 1942) nem totalmente técnico-prático como aparenta, apresentando projeto de lei, aprovado, incluindo Filosofia e Sociologia nesse pobre currículo que aí está. O nosso brilhante ministro da Educação, por incrível que pareça, se posicionou, não apenas contras mas, o que é pior, dizendo ser a medida um retrocesso. Em verdade, o que ocorre hoje é que, pela fraqueza dos conteúdos programáticos, os alunos do ensino médio são forçados (os que podem) à freqüência de cursinhos que, na realidade preparam-nos para o exame vestibular mas não para cursarem uma faculdade com eficiência, com um conteúdo firme, capaz de lhes assegurar uma base sólida para o exercício da futura profissão.
Durante os longos anos em que militamos no ensino superior, sempre levamos aos nossos alunos a mensagem de que três são os requisitos indispensáveis a um bom profissional: a vocação, a formação específica e a cultura geral.
É importante lembrar que cultura geral adquire-se desde os bancos do ensino fundamental e, portanto, se no ensino médio, o estudante aprimora os seus conhecimentos com uma base de filosofia e sociologia, chegará ao curso superior capaz de, ao lado do conhecimento específico, conseguir firmar uma conduta de filosofia de vida, um conhecimento social e político que lhe assegure uma compreensão mais profunda do valor e da importância da sua profissão e, conseqüentemente, da sua parcela de responsabilidade na convivência social.
É muito importante que os nosso professores, os médicos, os advogados, promotores, juízes, engenheiros, químicos, enfim, que os profissionais todos tenham consciência do seu papel perante os seus semelhantes que tenham consciência plena da sua fundamental importância no crescimento da nossa pátria. Somente com profissionais competentes, vocacionados e cultos é que o País poderá ter políticos cônscios da sua importância no pleno desenvolvimento político do Brasil; só assim é que poderemos banir da política brasileira os carreiristas, os corruptos, os incompetentes, os que vão aos parlamentos com a finalidade única de se locupletarem; só um povo realmente culto poderá livrar o Brasil dos nicolau, dos estevão, dos barbalho e que tais, que conseguem, mercê de conchavos, cambalachos e exploração da incapacidade intelectual, política e econômica do povo, ir de vereador a governador e até a alturas maiores... Finalmente, a única forma de crescimento do povo em geral é dar à Educação, realmente, o papel prioritário que ela, de fato, tem no desenvolvimento do País. (José Benedicto Pinto - RG. 4.440.349)