Descontentes com o aumento do intervalo entre as consultas, aprovado em assembléia da Unimed realizada semana passada na cidade, pediatras bauruenses que atendem pela cooperativa médica reuniram-se ontem pela manhã com integrantes da diretoria da Unimed/Bauru para reivindicar mudanças.
Sentindo-se prejudicados pela medida, que extra-oficialmente teria ampliado de 15 para 45 dias o prazo mínimo de retorno após as consultas, os especialistas participaram de uma reunião com o presidente da Unimed/Bauru, Carlos Eduardo Sacomandi, e mais dois representantes da diretoria a fim de expor os problemas que a mudança poderia trazer à categoria, como uma suposta perda de receita.
Sacomandi revelou que um grupo com cerca de 15 pediatras apresentaram três reivindicações durante o encontro. A primeira, e principal delas, é manter o período utilizado antes da assembléia da semana passada para os retornos das crianças com até três anos de idade. Eles querem que não haja nenhuma modificação e que as consultas continuem sendo pagas como antes, a cada 15 dias, ressaltou ele. De acordo com mesma proposta, a nova regra só valeria para crianças com mais de três anos de idade. Uma nova reunião entre os pediatras e a diretoria da Unimed/Bauru, marcada para acontecer hoje à noite, deverá definir a questão. Nela, conforme o presidente, um estudo feito pela Central de Processamento de Dados da cooperativa bauruense irá simular o comportamento do setor mediante os novos intervalos para as consultas. A simulação servirá para determinar o que diferencia a proposta que eles querem daquela aprovada pela assembléia, destacou Sacomandi.
A segunda reivindicação, esta já atendida pela Unimed, segundo o presidente, é rever os custos do pediatra que atua em UTI (Unidade de Terapia Intensiva). A Unimed avalia o custo de cada médico cooperado, como as consultas e os exames, internações e cirurgias gerados pelas mesmas. Dentro da pediatria, é de se esperar que todo médico tenha mais ou menos o mesmo gasto. Entretanto, os pediatras alegaram que o gasto do médico, quando estava na UTI, acabava sendo contabilizado para ele. Também consideraram, por exemplo, que não era justo estar atendendo uma criança em estado grave na UTI e ter o gasto computado como se o pediatra estivesse gastando. Isso está errado e reconsideramos, afirmou Sacomandi.
A terceira questão também relaciona-se com os custos operacionais, mas desta vez envolve os pediatras que atendem os recém-nascidos. Em outros hospitais, o gasto dessa criança vai para o prontuário da mãe. No da Unimed, a criança abre outro prontuário para computar esse gasto, que acaba sendo repassado ao pediatra. E, como nessa situação ele também está sendo penalizado, pois está pegando uma criança que gera um custo, já acertamos essa questão, enfatizou Sacomandi.
Valorização
O presidente da Unimed/Bauru frisou que as mudanças não tencionam prejudicar uma especialidade em detrimento de outra. O objetivo é valorizar a consulta. Minha idéia é que a regra anterior em vigência para os retornos fosse mantida para crianças com até um ano de idade, até porque nesta idade os pais costumam ter mais insegurança. Mas, depois da simulação de amanhã (hoje) à noite nós acertaremos, garantiu ele.
Segundo Sacomandi, a alteração integrou um acerto operacional da cooperativa semelhante ao realizado na unidade de Marília. A idéia era fazer como o que acontece em Marília, onde aumentaram o prazo de retorno e o valor da consulta, explicou ele.
O presidente acrescentou que a Unimed tinha noção de que a iniciativa poderia acarretar dificuldades a determinadas especialidades, especialmente para a ginecologia e a pediatria. Ele explica que o reflexo das alterações tenderiam a ser sentidos principalmente em pacientes no último trimestre da gravidez e nos pais com crianças recém-nascidas. Sabíamos que isso, especialmente para os pais com bebês nos primeiros meses de vida e que ainda não têm tanta experiência e para as grávidas no terceiro trimestre da gestação, também poderia trazer dificuldades. Por essa razão, deixamos na assembléia uma abertura para que toda especialidade que tivesse problema ou verificasse alguma distorção pudesse analisar e corrigir conosco o que estiver errado, considerou Sacomandi.