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Unesp: frango está livre de antibióticos

Redação
| Tempo de leitura: 3 min

Pesquisadores afirmam que o mercado avícola tem buscado formas de eliminar antibióticos, que são prejudiciais à saúde.

Desde a década de 50, quando começou uma maior preocupação com a produtividade na avicultura, criou-se a idéia de que são utilizados hormônios para auxiliar o crescimento do frango. Mas pesquisadores da Universidade Estadual Paulista- (Unesp) afirmam que: o problema do frango não são hormônios, mas e sim antibióticos. Eles também garantem que o mercado avícola tem buscado formas de eliminar completamente o uso de antibióticos, que se provou ser prejudicial à saúde humana.

Os antibióticos têm sido usados para combater algumas doenças que atingem o frango. O objetivo é diminuir a idade e aumentar o peso com que esse animal pode ser abatido. As principais doenças combatidas são as causadas por Clostridium perfringens, uma bactéria que já chegou a contaminar 25 % dos frangos de corte nas granjas do Interior do Estado de São Paulo.

Essa bactéria, que é patógenica, ou seja, causa doenças, se aloja no intestino do animal e rouba seus nutrientes, afirma o aluno de Zootecnia Tiago Urbano, que desenvolve pesquisa sobre o assunto há mais de um ano, sob orientação do professor Rubén Schocken-Iturrino. Assim, as aves afetadas por clostridium apresentam má pigmentação, crescimento deficiente, depressão, perda do apetite, penas arrepiadas, fezes escuras, sanguinolentas ou aquosas.

Para combater o Clostidium, os antibióticos vinha sendo utilizados indiscriminadamente na alimentação animal, o que pode trazer más conseqüências. A primeira é para o próprio frango, pois com o excesso de remédio as bactérias acabam tornando-se resistentes ao tratamento.

Porém, a conseqüência mais preocupante é para a saúde humana. Para Urbano, o antibiótico deixa resíduos na carne do animal, então quem consome o frango consome parte do remédio. Na hora em que essa pessoa precisar tomar antibióticos para tratar alguma infecção eles provavelmente terão o seu efeito reduzido, previne.

Conscientes do problema, os principais importadores do frango brasileiro, como Europa, Estados Unidos, Japão e Oriente Médio, em especial a Arábia Saudita, exigem que o Brasil elimine o uso de antibióticos da criação do frango de exportação.

Antibióticos bons

A primeira iniciativa tomada para tentar eliminar o antibiótico foi sua retirada da alimentação do frango 10 dias entes do abate. O resultado foi uma diminuição na quantidade de remédio, mas os resíduos continuavam.

Assim, iniciou-se uma outra linha de pesquisa que busca substituição dos antibióticos por probióticos. O antibiótico é contra a bactéria e o probiótico é a favor, ou seja, ajuda o desenvolvimento das bactérias saprófitas, que são os lactobacilos, auxiliadores da digestão, afirma Tiago Urbano.

Logo que o pintinho chega à granja, começa-se a ministrar na água e na ração esse probiótico, que imuniza o intestino do animal e não deixa espaço para que as bactérias más alojem-se no organismo. Assim, o frango criado com lactobacilos possui uma carne saudável e sem resíduos.

As pesquisas da Unesp comprovaram a eficácia do probiótico no desenvolvimento e produtividade do frango. Para isso, 360 frangos comerciais foram submetidos a experimentos que utilizavam diferentes tratamentos, com e sem probióticos. As pesquisas concluíram que o uso do probiótico foi eficiente em todos os sentidos: no ganho de peso, na condição alimentar e no controle das bactérias patogênicas.

Esse estudo está dentro de uma linha de pesquisa do chamado frango orgânico e frango verde. Mas não chega a ser esse tipo de frango, pois utilizamos rações de origem animal, o que não pode ser feito na criação do frango verde, explica o pesquisador.

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