Geral

Cultura em alto astral

(*) N. Serra
| Tempo de leitura: 2 min

Na década de 40, intelectuais achavam que Bauru já tinha estrutura para manter uma entidade destinada a promover eventos de arte e cultura em geral. E fundaram aquele que seria o Centro Cultural de Bauru. Mas se enganaram. A cidade ainda não estava nem aí nessas coisas e os diretores cansaram de extrair dinheiro grosso dos próprios bolsos para pagar pianistas, violinistas, sopranos, tenores, poetas e conferencistas, os quais, embora recomendados por amplo destaque nacional, eram vistos ou ouvidos nos salões do Automóvel Clube, Bauru Tênis Clube e outros por apenas pouco mais de uma dezena de pessoas, que, no entanto, caprichavam no vestuário e outras exigências da etiqueta social. Em uma noite de tempestade, a então renomada pianista clássica Déa Orciolli maravilhou, tocando para pouco mais de trinta ouvintes no Automóvel Clube completamente às escuras porque logo após o início do seu caríssimo recital faltou luz na cidade, dando uma amostra do que seria o apagão de hoje...

Estamos, agora, no final do ano 2001 e nestes 60 anos tudo mudou. A cidade, que quase nada via nas atividades culturais, hoje vê tudo. A comunidade vai em peso aos auditórios, salões e ginásios escolares e de esportes, pagando caro se preciso para ouvir shows e ver espetáculos de todo gênero. O povão sai da periferia, a pé ou pagando inclusive até duas passagens de ônibus, para ir ver no Vitória-Régia exibições de balé, ginástica rítmica ou conjuntos de música popular ou sertaneja. Elogiavelmente, vêem-se sindicatos, associações, clubes, bancos, empresas e até clínicas médicas abrindo seus saguões a exposições de quadros e artesanatos, de todos os tipos e/ou dimensões. A Casa da Cultura, criada para ajudar no impulso do setor, vive com a agenda permanentemente repleta de eventos. As universidades promovem acontecimentos artísticos franqueados à população. Os meios de comunicação social - jornais, revistas, rádios e televisão - principalmente, que nos idos de 40 faziam das tripas coração para sobreviver, encontram, desde algum tempo, total apoio do comércio, da indústria e demais áreas empresariais, os quais se despertaram finalmente para a verdade segundo a qual quem não anuncia se esconde. Já falamos disso...! E até o Carnaval, um dos ramos do diversificado tronco cultural, cresceu e se tornou adulto neste pedaço de Brasil, dando vida e calor ao sambódromo municipal.

O passado ficou na poeira do tempo. Deu Bauru, nisso, um salto de campeão mundial, ganhando o presente e se estruturando para o futuro. Resta que continue a caminhar na velocidade de sua vigorosa destinação, aproveitando ao máximo o alto astral que sua cultura atravessa. Estamos chegando lá! É a nossa opinião.

(*) O autor, N. Serra, é o jornalista responsável do JC e delegado regional da Associação Paulista de Imprensa e da Ordem dos Velhos Jornalistas do Estado.

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