Geral

Pode a pobreza ser erradicada?

(*) N. Serra
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Matéria estampada, em dia da semana passada, em páginas de jornais, faz-nos voltar ao assunto da pobreza que assola todo o território nacional, destacando que cerca de 50 milhões de brasileiros situam-se na faixa de miseráveis, pois cada um deles receberia apenas 15 reais mensais, em média. Mas a nossa opinião, de quinta-feira passada, enfocava especialmente a miserabilidade da criança e da juventude e apontava como exemplo o caso do garoto, detectado por um recenseador, vivendo sozinho e esfomeado em uma palhoça do Maranhão. Focalizamos apenas uma amostra, porém, divulga-se agora, pelo menos 45% dos miseráveis disseminados no espaço nacional têm menos de 15 anos de idade. Dá, então, para se imaginar, a montanha de garotos e garotas existente por aí, à margem da sociedade, e, a quê e a quem a notícia credita a deplorável problemática? Tem que ser a educação. E, realmente, o informe jornalístico coloca a responsabilidade nesse exato prisma, defendendo como prioritários imediatos investimentos no setor. Por que a educação? Diga-se que seja porque insere-se ela num amplíssimo campo de interligação com crianças e jovens, a maioria dos quais escapa ao controle dos pais, normalmente ausentes do lar por necessidade empregatícia ou mesmo sem a devida formação paternal, despreparados, então, para o acompanhamento dos filhos nos caminhos da escola e no sentido de uma sadia vida social, sujeitando-os, rotineiramente, aos descaminhos das ruas. Chama a atenção na notícia, por sinal, a idéia de que investindo na educação o País poderá chegar ao fim da pobreza, valendo dizer isso que uma e outra são comungantes ou fundamentalmente irmãs gêmeas, crescendo juntas desde as profundezas do útero da pátria-mãe. Todo o estudo procede de conclusões de técnicos da Fundação Getúlio Vargas e se reveste de uma acuidade tão ressaltante que merece a consideração dos órgãos correlatos do Governo se interessados, realmente, em fazer a sua parte para a erradicação da pobreza nacional, bem como da minimização da mendicância e da violência infantis, a fim de que nenhuma criança continue tendo de viver sozinha e experimentar a fome debaixo dos viadutos, pontes e palhoças... É a nossa opinião.

(*) O autor, N. Serra, é o jornalista responsável do JC e Delegado Regional da Associação Paulista de Imprensa e da Ordem dos Velhos Jornalistas do Estado.

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