A briga entre os supermercados e os cartões de débito deverá permanecer apenas no alto escalão do setor. A informação é do diretor regional da Associação Paulista de Supermercados (Apas), Jad Zogheib. Ele esteve em São Paulo, na última quinta-feira, participando de uma reunião na entidade que abordou justamente este assunto.
Há cerca de uma semana, pelo menos quatro grandes redes do setor anunciaram que, a partir deste mês, deixarão de aceitar o pagamento de suas vendas através de cartões de débito (Visa Eletron, RedeShop, Maestro e Cheque Eletrônico). O motivo seriam as altas taxas cobradas pelas administradoras de cartões.
Em Bauru, dez lojas devem adotar a medida. O Wal-Mart e a Rede Sé de Supermercados (com nove unidades na cidade) já anunciaram a decisão.
Zogheib explicou que as empresas de cartões reivindicaram aos 20 maiores supermercados de São Paulo um aumento na taxa de administração dos cartões. Ele não soube dizer de quanto foi esse percentual mas, segundo apurou a reportagem, o aumento seria de 50%.
O diretor regional da Apas, que também é proprietário de uma rede de supermercados em Bauru, disse que essa medida só atingiria as grandes empresas do setor.
Ele contou que as maiores redes decidiram se unir para pressionar as administradoras. “Como grande parte dos consumidores que possuem cartão de débito também têm o de crédito, as empresas sabem que não vão ter grandes perdasâ€, disse.
Mesmo assim, os supermercadistas teriam sugerido às administradoras que, ao invés de aumentar a tarifa para as empresas, elas negociassem com os bancos a cobrança da taxa interbancária, que seria um valor cobrado pelas instituições financeiras para repassar o dinheiro da conta do consumidor para a do supermercado.
De acordo com Zogheib, outra explicação para toda essa “quebra de braço†é que a maioria dos supermercados atualmente possuem cartões de crédito próprios. Boicotando as administradoras, eles estariam incentivando seus clientes a usarem o recurso.
Para ele, os supermercadistas estão certos ao comprar essa briga. “As redes estão defendendo o consumidor, já que se aceitassem esse aumento, a majoração teria de ser repassada aos clientes através do aumento de preçosâ€, disse.