Economia & Negócios

Carnaval adia vaga para emprego

Rose Araujo
| Tempo de leitura: 3 min

Os desempregados estão procurando se adequar cada vez mais às movimentações do mercado de trabalho. Tanto é que a procura por vagas no início do ano tem diminuído em relação a outros períodos. De acordo com agências de emprego consultadas pelo Jornal da Cidade isso ocorre porque as pessoas acreditam que as empresas só começam a contratar depois do Carnaval. A retração de interesse em relação a dezembro, por exemplo, foi de 20%.

De acordo com a psicóloga Maria José Conde Cortez, que trabalha para uma empresa de recrutamento da cidade, em janeiro há uma acomodação do mercado. “As pessoas sabem que as empresas só começam a produzir para valer a partir de março. Por isso, elas preferem correr atrás do emprego quando o mercado apresenta mais ofertas”, disse.

Élcia Terezinha Rodrigues, psicóloga do Centro de Orientação para o Trabalho (COT), órgão ligado à Cáritas Diocesana, concorda com a colega. Segundo ela, muitas pessoas ligam para a entidade para pedir informação e dizem que só vão buscar emprego depois do Carnaval.

Mesmo com essa acomodação do mercado, a procura por uma vaga de trabalho em Bauru não pára. Mirela de Preto Vioto, psicóloga de outra agência de seleção de pessoal, disse que a sala de espera da empresa ficou lotada no mês de janeiro. “As pessoas dão muito valor à carteira de trabalho assinada. Mesmo tendo empregos alternativos, elas querem resguardar seus direitos trabalhistas”, disse.

De acordo com um levantamento feito pelo COT em janeiro, a maioria das pessoas que procurou a entidade neste ano estava em busca de um cargo que exige escolaridade superior. Dos 161 atendimentos, 50% apresentavam diploma de terceiro grau. A psicóloga do COT disse que notou que no primeiro mês deste ano houve uma grande oferta de vagas para estagiários com nível superior, o que justifica esse grande movimento de pessoas formadas na faculdade no COT.

Carência de vagas

Por ser uma cidade com características comerciais, Bauru é muito carente em termos de vagas de emprego. Grande parte das ofertas é para cargos de vendedor externo e, a maioria delas, exige que o candidato possua veículo próprio. “O perfil dos desempregados da cidade não condiz com essa realidade”, disse Maria José.

Élcia ressalta que o setor industrial da cidade não tem uma participação tão efetiva no recrutamento de pessoal. Segundo ela, as empresas desse porte são em número reduzido e estão caminhando a passos lentos. “As indústrias de Bauru têm fechado muitos postos de trabalho e não estão a todo o vapor”, disse.

Com isso, o que resta é a contratação para preencher vagas comerciais. Setores que antes tinham as portas abertas para o campo administrativo também deixaram de contratar, o que provocou um inchaço no número de desempregados. Entre eles estão os bancos e o serviço público, que raramente abrem concurso na cidade.

Outro problema notado pelas psicólogas é com relação à qualificação dos candidatos. “Muitas vezes, temos dificuldade em encontrar um candidato para determinada vaga por causa da falta de especialização”, disse Élcia.

Para estar sempre antenadas com as necessidades do mercado, as pessoas devem investir no seu aprimoramento. Cursos de reciclagem, de informática e de idiomas são grandes armas para se destacar em meio à concorrência.

A informação também é uma grande aliada e as psicólogas recomendam que os candidatos mantenham-se muito bem atualizados a respeito do que acontece no mundo. Além de assistir televisão, eles devem ler jornais diariamente, para estar preparados para as entrevistas feitas durante a seleção de pessoal.

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