Os desempregados estão procurando se adequar cada vez mais às movimentações do mercado de trabalho. Tanto é que a procura por vagas no início do ano tem diminuído em relação a outros períodos. De acordo com agências de emprego consultadas pelo Jornal da Cidade isso ocorre porque as pessoas acreditam que as empresas só começam a contratar depois do Carnaval. A retração de interesse em relação a dezembro, por exemplo, foi de 20%.
De acordo com a psicóloga Maria José Conde Cortez, que trabalha para uma empresa de recrutamento da cidade, em janeiro há uma acomodação do mercado. “As pessoas sabem que as empresas só começam a produzir para valer a partir de março. Por isso, elas preferem correr atrás do emprego quando o mercado apresenta mais ofertasâ€, disse.
Élcia Terezinha Rodrigues, psicóloga do Centro de Orientação para o Trabalho (COT), órgão ligado à Cáritas Diocesana, concorda com a colega. Segundo ela, muitas pessoas ligam para a entidade para pedir informação e dizem que só vão buscar emprego depois do Carnaval.
Mesmo com essa acomodação do mercado, a procura por uma vaga de trabalho em Bauru não pára. Mirela de Preto Vioto, psicóloga de outra agência de seleção de pessoal, disse que a sala de espera da empresa ficou lotada no mês de janeiro. “As pessoas dão muito valor à carteira de trabalho assinada. Mesmo tendo empregos alternativos, elas querem resguardar seus direitos trabalhistasâ€, disse.
De acordo com um levantamento feito pelo COT em janeiro, a maioria das pessoas que procurou a entidade neste ano estava em busca de um cargo que exige escolaridade superior. Dos 161 atendimentos, 50% apresentavam diploma de terceiro grau. A psicóloga do COT disse que notou que no primeiro mês deste ano houve uma grande oferta de vagas para estagiários com nível superior, o que justifica esse grande movimento de pessoas formadas na faculdade no COT.
Carência de vagas
Por ser uma cidade com características comerciais, Bauru é muito carente em termos de vagas de emprego. Grande parte das ofertas é para cargos de vendedor externo e, a maioria delas, exige que o candidato possua veículo próprio. “O perfil dos desempregados da cidade não condiz com essa realidadeâ€, disse Maria José.
Élcia ressalta que o setor industrial da cidade não tem uma participação tão efetiva no recrutamento de pessoal. Segundo ela, as empresas desse porte são em número reduzido e estão caminhando a passos lentos. “As indústrias de Bauru têm fechado muitos postos de trabalho e não estão a todo o vaporâ€, disse.
Com isso, o que resta é a contratação para preencher vagas comerciais. Setores que antes tinham as portas abertas para o campo administrativo também deixaram de contratar, o que provocou um inchaço no número de desempregados. Entre eles estão os bancos e o serviço público, que raramente abrem concurso na cidade.
Outro problema notado pelas psicólogas é com relação à qualificação dos candidatos. “Muitas vezes, temos dificuldade em encontrar um candidato para determinada vaga por causa da falta de especializaçãoâ€, disse Élcia.
Para estar sempre antenadas com as necessidades do mercado, as pessoas devem investir no seu aprimoramento. Cursos de reciclagem, de informática e de idiomas são grandes armas para se destacar em meio à concorrência.
A informação também é uma grande aliada e as psicólogas recomendam que os candidatos mantenham-se muito bem atualizados a respeito do que acontece no mundo. Além de assistir televisão, eles devem ler jornais diariamente, para estar preparados para as entrevistas feitas durante a seleção de pessoal.