Turismo

É Carnaval

Por Flávia Perin | Agência Estado
| Tempo de leitura: 4 min

Uma das cidades mais negras do País, Salvador, homenageará neste Carnaval sua rica fonte de inspiração e verdadeira raiz: a África. Daí vem o título “Carnaváfrica”, como está sendo chamada a festa em 2002. Nada mais justo, já que, da população soteropolitana, 80% são afrodescendentes.

A colorida herança será lembrada na decoração e promoção do evento, e também de forma personificada. A atriz baiana Edvana Carmo de Carvalho, de 33 anos, foi selecionada em um concurso da prefeitura para viver uma importante personagem. Ex-integrante do Bando de Teatro Olodum, ela representará a Mãe África em aparições públicas. Na abertura oficial do Carnaval, ocorrida dia 7 de janeiro e que contou com a presença de 600 tambores, Edvana marcou sua estréia.

Completando o clima, uma comitiva de artistas e representantes de países africanos como Moçambique e Angola irá a Salvador especialmente para o Carnaval. Para a escolha do logotipo do Carnaváfrica, houve outro concurso só que em âmbito nacional. Desta vez, mais um baiano saiu na frente: Hector Fábio Salas, de 29 anos.

A marca-símbolo criada pelo vencedor é uma máscara tribal africana estilizada, que enfeitará camisetas e bonés. Estará presente, ainda, na nova forma de orientação da festa. É que os 25 quilômetros de ruas, avenidas e praças que servem de passagem para desfiles e encontros de foliões ganharam sinalização especial. O novo projeto faz parte do Plano de Estruturação Físico-Ambiental do Carnaval (PEC). Desenvolvido numa parceria entre a prefeitura e a Universidade Federal da Bahia (UFBa), o projeto visa a melhor orientar e informar o folião no Carnaváfrica por meio de pontos de localização seqüenciais - ou seja, 370 placas numeradas serão colocadas no decorrer do trecho que vai do Pelourinho até Ondina.

Além disso, placas, bandeiras e marcos usarão linguagem lúdica, inspirada no tema central da festa: a cultura africana. Outra novidade são os tapumes que protegem os monumentos públicos durante a folia. Eles receberão desenhos em estilo africano dos arquitetos Alice Lino de Abreu Elon e José Vieira de Vasconcelos Neto. O artista plástico J. Cunha, autor da padronagem das fantasias do bloco afro Ilê Aiyê, completa o time.

Os três profissionais são os ganhadores de outro concurso nacional, promovido pela Emtursa (entidade responsável pelo turismo em Salvador). O objetivo era transformar os tapumes - que antes serviam apenas para a proteção de prédios e monumentos - em elementos decorativos.

Pipocas

Seja em trios elétricos ou folias de rua, o turista notará algumas mudanças na estrutura da festa. Agora serão ao todo cinco portais para as principais vias de acesso ao carnaval do centro: Centenário/Shopping Barra, Garibaldi/Ademar de Barros, Vale do Canela/Campo Grande, Vale dos Barris/Lapa e Praça Cairú/Elevador Lacerda.

E parece que o chamado pipoca (que pula na rua sem pagar abadá) pode comemorar. O Espaço do Folião garantirá uma área maior, já que houve a retirada de barracas do canteiro central da Rua N, no circuito Dodô. No Largo do Relógio de São Pedro, no circuito Osmar, também prevê-se um aumento da área disponível para os pipocas.

“Praças de convivência” encontram-se entre as medidas adotadas para oferecer mais comodidade. Inspiradas nas festas de Largo de Salvador, terão banheiros públicos e balcões para a venda de refeições. Anote os pontos onde estarão localizadas: Castro Alves, Campo Grande e Bahia Sol (em Ondina).

Circuitos

Aliás, para quem é estreante no Carnaval baiano ou mesmo quer somente entendê-lo, são três os circuitos percorridos pelos trios elétricos (ou entidades, como os baianos costumam chamá-los): Osmar, Dodô e Batatinha.

No primeiro, passam os mais famosos, como o Me Abraça, do grupo Asa de Águia. No circuito Dodô, desfilam trios alternativos, com abadás mais baratos e uma galera mais jovem entre os participantes. Por último, o Batatinha, cuja fama é de ser mais tradicional, mais light, atraindo principalmente famílias para o Centro Histórico.

Na Marquês de Sapucaí

“O maior espetáculo da terra”. Assim é conhecido o desfile das escolas de samba na Marquês de Sapucaí, no Rio de Janeiro, que reúne, por noite, mais de 60 mil pessoas na passarela, quatro mil por agremiação.

Os ingressos estão praticamente esgotados. Mas quem não conseguiu seu lugar ao sol, poderá assistir aos desfiles pela televisão ou partir para outros cantos do Rio, fora do sambódromo, que também promoverão folias paralelas. Caso das bancas e blocos de rua famosos, como o Cacique de Ramos, Cordão da Bola Preta, Banda de Santa Clara, Banda de Ipanema, Banda Carmem Miranda, entre outras.

Basta você acessar o site www.rio.gov.br (guia da Cidade do Rio de Janeiro) para saber os horários das farras paralelas na Cidade Maravilhosa. Outra forma de se esbaldar no Rio, é freqüentar o Terreirão do Samba, que fica na Praça Onze, ao lado da Marquês da Sapucaí. O ingresso custa R$ 3,00 e é certeza de alegria com muito samba, suor e cerveja. Outra alternativa fica por conta dos Arcos da Lapa, com hip hop, funk, soul, rock e forró ao ar vivo.

Serviço

Informações sobre os desfiles do grupo especial na Central de Vendas da Liga das Escolas de Samba, Av. Graça Aranha, 416/a, Centro, Rio de Janeiro. Telefone (0xx21) 2292-3177.

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