Bairros

Chuva castiga Bauru

Rita de C. Cornélio
| Tempo de leitura: 4 min

A forte chuva que caiu ontem pela manhã em Bauru, acompanhada de vento, provocou estragos em toda a cidade. Os bairros mais castigados foram os da região Noroeste, já vitimados em temporais anteriores, como Parque Jaraguá e Parque Santa Edwirges. A enxurrada foi tão forte que inundou a creche Rainha da Paz, localizada na Vila Falcão. As crianças precisaram refugiar-se sobre as mesas e carteiras.

A chuva começou a cair por volta das 10h30. Com forte intensidade, em pouco tempo alagou a avenida Nações Unidas. O Pelotão de Trânsito da Policia Militar precisou interditar temporariamente os pontos mais críticos. Mesmo assim, motociclistas e motoristas insistiram em passar pelos locais alagados, colocando em risco suas vidas.

Na Nações, os pontos de alagamento foram os mesmos de chuvas anteriores - próximo ao Parque Vitória Régia, sob o viaduto da avenida Duque de Caxias e sob o viaduto da Fepasa. Outra via problemática, a avenida Alfredo Maia, também ficou alagada. Mas o mais grave é que a mureta lateral da via, na altura do córrego Água do Sobrado, desmoronou com a chuva de ontem.

As ruas de terra foram castigadas e várias estão intransitáveis. A região Leste da cidade também sofreu com o temporal. Na Vila São Paulo, Pousada da Esperança 1 e 2, as ruas ficaram bastante danificadas. Outros bairros cujas ruas também foram bastante afetadas são Núcleo Leão 13, Jardim Olímpico, Mutirão Primavera, Jardim Solange e Vila Santista.

As 50 crianças que estavam na creche Rainha da Paz viveram momentos de pânico ao ver a enxurrada invadindo o prédio. Desesperadas, elas gritavam e não queriam ficar sobre as mesas e carteiras da entidade, que é mantida pela Igreja Católica.

Esta foi a terceira vez que a creche é invadida pela água de chuva. “No ano passado, a enxurrada invadiu a creche duas vezes. Neste ano, invadiu de novo”, explicou o presidente da creche, José Carlos Rodrigues Bighetti.

Na opinião dele, a rua foi construída de maneira errada, contribuindo para alagamentos. “A enxurrada dos bairros mais altos corre para região. As bocas-de-lobo não dão vazão e a água entra na creche”, relata. Ele explica que a situação de ontem foi a pior. “Manter as crianças sobre as mesas e carteiras foi o mais difícil, elas não queriam ficar”, diz.

Quando a água baixou, os pais das crianças foram comunicados para que buscassem seus filhos. “Não temos como mantê-los aqui. A enxurrada trouxe muita sujeira e nós temos que desinfetar a creche toda”, explica Bighetti. Os irmãos Artur Fernando, 3 anos, e Alícia Olímpia, 4 anos, contaram que ficaram com medo. “Eu fiquei com medo. Tinha muita água e molhou o meu pé”, disseram.

Erosão aumenta

A erosão já existente no Mutirão Primavera aumentou de tamanho e ameaça duas residências. Os moradores estão revoltados com a situação e pedem providências urgentes. “Nós já procuramos a Regional há mais de um mês e até hoje (ontem) nada foi resolvido”, desabafa a moradora Roseli Aparecida Carvalho.

Segundo ela, a erosão existe há oito anos e a associação de moradores do bairro já tentou de várias maneiras resolver o problema. “Esperaram a situação chegar nisso. A prefeitura alega que não tem máquina nem pessoal para resolver. A erosão vai engolir minha casa”, receia ela.

Outra moradora, Odeli Martins, diz que o esgoto corre a céu aberto e as ratazanas estão invadindo as casas. “Há mais de 15 dias que o esgoto corre a céu aberto. O asfalto foi levado pela enxurrada e nós não agüentamos mais a situação”, afirma.

Recuperação das ruas

O secretário das Administrações Regionais (Sear), Celso Donizeti, calcula que pelo menos 40% dos serviços executados nas ruas de terra nos últimos dias foram perdidos com as chuvas de ontem. Segundo ele, ruas que já estavam em boas condições foram danificadas novamente.

Donizeti defende a colocação de piçarra seca e compactada para que o trabalho de recuperação possa ser mais conservado. “Camadas de 20 centímetros compactadas podem resolver, temporariamente, os problemas das ruas não pavimentadas. O preço é baixo e o material é reutilizável”, diz

A prioridade da Sear, segundo ele, são as ruas utilizadas pelos ônibus urbanos, acesso a creches, núcleos de saúde e comércio. “São muitos os pontos danificados”, ressalta. Sobre a erosão do Mutirão Primavera, Donizeti explica que está fazendo o atendimento emergencial, mas que o local tem um projeto da Secretaria Municipal do Meio Ambiente (Semma).

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