Economia & Negócios

Indústria de Bauru remunera melhor que a de São Paulo

Patrícia Zamboni
| Tempo de leitura: 3 min

A indústria de Bauru remunera melhor seus funcionários na comparação com dados referentes ao Estado de São Paulo. A informação é relativa à variação salarial do setor industrial registrada durante o ano 2001, segundo levantamento conjuntural realizado pelo departamento de pesquisa da diretoria regional do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp).

O levantamento indica que, no item “salários reais” (que desconta a inflação), houve uma variação positiva de 15% em Bauru contra a de 2% registrada no Estado, no mesmo período. Para o vice-presidente do Ciesp, Ricardo Marques Coube, essa evolução seria resultado, entre outros pontos, de uma postura mais humana do empresariado local.

“A diferença registrada entre Bauru e São Paulo chega a ser surpreendente. Acredito que seja fruto de uma postura mais cuidadosa e humana, característica do Interior, na qual os funcionários não são tratados como números. Isso faz com que muitos dos benefícios aferidos pelas empresas sejam transferidos também para os salários, através de PLR (Participação nos Lucros e Resultados) e outros itens”, analisa o vice-presidente do Ciesp.

No item classificado pela pesquisa como “vendas reais”, Bauru também aparece em destaque sobre o Estado, com resultados positivos. Durante 2001 houve crescimento local nas vendas de 11,5%, contra a variação de menos 4% (queda nas vendas) em São Paulo.

“A nossa região tem exportado muito mais e esse crescimenro tem contribuído para que muitas empresas melhorem sua performance comercial, agregando a exportação como alternativa de negócio”, observa Coube.

Em relação ao nível de utilização da capacidade instalada das empresas, durante o ano passado, outra vitória foi registrada para Bauru. A pesquisa da diretoria regional do Ciesp mostra um salto de 66% para 71% (de dezembro de 2000 a dezembro de 2001), contra o decréscimo, no Estado, de 80% para 76%.

“Em relação a esse item, é necessário observar que ainda temos muito a crescer. Um nível de ocupação razoável é acima de 85%. Ou seja, as indústrias ainda têm muita capacidade ociosa e isso nos faz acreditar que o País tem muito a crescer”, ressalta.

Bauru em evidência

No item “total da folha de pagamento” do setor industrial, Bauru também ficou na frente com uma evolução de 24,6%, contra 8,59% no Estado.

Quando se observam os números referentes à “folha de pagamento real”, a situação é ainda mais favorável a Bauru. O crescimento registrado, durante o ano passado, foi de 12,84%, enquanto que no Estado houve decréscimo de 1,5%.

Em relação ao item “total de pessoal ocupado” (vagas ocupadas no setor industrial), Bauru registrou, de dezembro de 2000 a dezembro de 2001, uma variação em torno de 1%, contra 1,5% em São Paulo.

“São variações mínimas que indicam a boa performance do setor durante o ano passado, que foi repleto de adversidades e momentos difíceis na economia do País”, observa Ricardo Coube.

Para ele, a pesquisa mostra uma situação muito interessante em Bauru, com aumento substancial de vendas acompanhado pelo crescimento da massa salarial e do nível de utilização da capacidade das empresas. O vice-presidente do Ciesp diz que a indústria bauruense detém um perfil diferenciado em relação ao Estado.

“Os resultados ressaltam que a nossa indústria tem um perfil diferenciado. Não houve, por exemplo, uma influência marcante do racionamento de energia no desempenho do setor. As empresas que, teoricamente, seriam afetadas e influenciariam nesse resultado, são as que investiram em geradores e outras medidas que resultaram num nível de performance próximo do que havia sido previsto para o período”, analisa.

Em relação a 2002, Ricardo Coube diz que, se for levado em consideração que mesmo com todas as adversidades enfrentadas durante o ano passado (racionamento, crise da Argentina, desvalorização do real etc) houve estabilidade no quadro de funcionários no setor industrial, a indicação é de que o número de vagas ocupadas aumente neste ano.

â€œÉ claro que isso está atrelado ao real crescimento do nível de atividade econômica que venha a ocorrer neste ano. Mas a projeção é de crescimento na oferta de empregos. Isso siginifica que deverão ocorrer investimentos e a continuação da melhora dos salários”, projeta o vice-presidente do Ciesp.

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