Bem pessoal, estou aqui novamente para relatar fatos pitorescos de uma pescaria, fatos que nos deixam ainda animados com a bondade humana, que ainda existe em algumas pessoas.
Quatro e meia da manhã de sábado, saímos de Bauru, eu (Fernando Alvarez), Lêlo, Marcelo (Orlando Orfei) e Rick (Língua Preta), para pescarmos em Salto Grande no Paranapanema. O Pavanato desta vez não pôde ir, pois estava cuidando de sua saúde, mas na próxima com certeza irá.
No caminho, já paramos para tomar um “pingado†no posto, enquanto o Rick, no desespero, já falava que a “hora da piapara já tinha passadoâ€, pois estávamos demorando demais.
Chegando lá, fomos levar a “traia†para o barco, só que o barco era de bico chato - ruim para cortar a água, sendo que não tínhamos motor e subiríamos a correnteza do rio a remo - e os pescadores dali diziam que não conseguiríamos subir o rio remando. Fomos margeando o rio contra a correnteza e nossos braços, meus e do Rick, já davam sinal de extremo cansaço, quando enfim, como verdadeiros vencedores, chegamos no lugar desejado, onde só os motores chegavam. Vale lembrar que todos no barco estavam com seus devidos coletes salva-vidas.
Quando começamos a pescar, já era oito horas da manhã. Por volta da uma da tarde, e com alguns exemplares fisgados, a fome falava mais alto do que qualquer vontade de pescar e resolvemos, com dor no coração, levantar a poita e descer o rio, já pensando nas bolhas que estavam em nossas mãos de tanto remar, sendo que teríamos que fazer o caminho de volta depois do almoço.
Almoçamos e, para nossa surpresa, um “Japonêsâ€, sozinho, que chegou para pescar à tarde, estava sem minhoca, ou melhor tinham escapado com o calor. Logo ofereci uma lata cheia de minhoca, que aceitou de pronto.
O desânimo tomava conta da gente em pensar em subir o rio com aquela correnteza novamente, pois na parte de cima é que estava “pegandoâ€. Não agüentei, e perguntei ao “Japonês†onde iria pescar e fui informado que iria subir o rio. Quando ele disse isso, perguntei se ele poderia nos “guinchar†até perto da ponte, onde estava “pegando†piapara de bom tamanho.
É aí que vem a história. Pensamos que subiríamos todos no barco e o “Japonês†nos puxaria até o local desejado, mas não. O “Japonês†quis me levar primeiro com o barco e o Marcelo ao seu lado. O Rick e o Lêlo ficariam para a segunda viagem. Enquanto o nosso barco subia rebocado, pensei: Ainda existe gente boa de coração!!!.
Após ter nos deixado no lugar para “apoitarâ€, o “Japonês†desceu o rio novamente para buscar os outros dois companheiros, só que para nossa surpresa, trouxe só o Lêlo para depois buscar o Rick. Então o “Japonês†fez três viagens, mostrando assim ter um bom coração e uma sensibilidade com o próximo a ser por nós seguida.
Ele não pensou que perderia seu tempo nos puxando, ou quem sabe forçando seu motor e seu barco, não pensou que gastaria sua gasolina e sim pensou em ajudar alguns “amigos†pescadores, que não tinham levado seu motor.
Esta história é uma homenagem a você “Japonês†que nos ajudou a passarmos bons momentos de uma bela pescaria. Ah! Não falei dos peixes... Foram sete quilos, bem pesados, fora os que escaparam do embornal!! O detalhe é que os peixes eram tão sadios, que ficaram quase três horas fora d’água e quando chegamos em Bauru eles ainda estavam vivos!!!
Na próxima contarei, em homenagem ao meu amigo “Ticãoâ€, a história das aranhas que voavam!
Fernando Alvarez é pescador e contador de histórias