Terminou ontem, por volta das 3 horas, o primeiro seqüestro ocorrido em Bauru e o segundo na área do Departamento de Polícia Judiciária do Interior-4 (Deinter-4). O fazendeiro João Lourival Arantes, 68 anos, seqüestrado anteontem, foi encontrado amarrado a uma árvore na antiga estrada que liga Bauru a Piratininga. Sem ferimentos graves, ele foi levado para o atendimento médico, enquanto a polícia prendia os sequestradores. O resgate de R$ 50 mil, pedido pelos sequestradores não chegou a ser pago. Os acusados eram amadores neste tipo de crime e se aventuraram no seqüestro para tentar angariar mais dinheiro de uma só vez.
O seqüestro teve início no início da manhã de quarta-feira, na entrada da fazenda Ipê, de propriedade da vítima, localizada na estrada que liga o Núcleo Mary Dota ao Esquadrão da Vida, divisa de município entre Bauru e Pederneiras. O fazendeiro, que todo dia cumpria a mesma rotina, saiu de sua casa em Bauru e após abrir a porteira para entrar em sua propriedade, por volta das 6h20, foi surpreendido por três homens.
Após a liberação de Arantes, o trio foi preso e identificado como Anderson Aparecido da Silva, 21 anos, Cícero Ferreira da Silva, 24 anos, e Wellington Luiz Batista de Andrade, 18 anos. Eles são acusados de render a vítima que, sob ameaça de um revólver, foi amarrada e colocada em um Corcel II que pertencia a um dos seqüestradores.
Da fazenda, Arantes foi levado para a antiga estrada que liga Bauru a Piratininga, onde passou 21 horas amarrado a uma árvore. O seqüestro do fazendeiro foi percebido rapidamente. Momento antes, sua cunhada, que teve o nome preservado, passou pelo local e ficou aguardando a chegada dele na fazenda. Como Arantes não apareceu, ela comunicou o filho da vítima.
O filho, Juarez Arantes, percorreu o trajeto que o pai costuma fazer e encontrou o veículo da fazendeiro, uma Pick-up, abandonado na porteira. A polícia foi comunicada e passou a trabalhar no caso. Quatro horas depois do desaparecimento da vítima, os seqüestradores fizeram o primeiro contato com o filho do fazendeiro, pedindo R$ 50 mil para libertar Arantes. O seqüestro estava configurado.
Mais dois contatos foram feitos com o filho do fazendeiro. O último foi por volta das 13 horas de quarta-feira. Depois disso, a família do seqüestrado não teve mais notícias dele e a tensão aumentou, uma vez que não se sabia o grau da periculosidade dos seqüestradores. A preocupação da Polícia Militar e do Grupo Especializado em Resgate (GER) da Polícia Civil era com a vida do fazendeiro. Deixar os seqüestradores nervosos poderia significar um final infeliz.
Depois de estudar a situação, alguns nomes foram levantados pela polícia e um deles foi o de Anderson Silva, conhecido por Joel. As polícias Civil e Militar passaram a procurar por ele. No período noturno, ele foi encontrado entrando em um motel na rodovia Bauru/Marília, acompanhado de uma estudante.
Ele tentou esquivar-se das acusações, mas acabou confessando sua participação. Ele levou os policiais até o cativeiro, onde a vítima foi encontrada, por volta das 3 horas da madrugada. Anderson também entregou seus companheiros e levou a polícia até a casa de Cícero, no Jardim Ivone. Em seguida, levou os policiais a sua casa, na Pousada da Esperança, onde Wellington estava escondido.
Com ferimentos leves, escoriações e hematomas, o fazendeiro foi levado para atendimento médico. Depois de uma hora em observação, ele foi liberado. Ele não falou com a imprensa, porém seu filho garantiu que ele está bem, apesar do susto.
Rotina
O idealizador do seqüestro, que seria Anderson Aparecido da Silva, foi peão e garante que fazia negócios com gado. Conhecia a vítima e sua rotina. Há 20 dias, ele acompanhou uma terceira pessoa até a fazenda do seqüestrado e presenciou a venda de um lote de gado. O negócio foi fechado e a primeira parcela do pagamento foi marcada para o final de fevereiro.
Imaginando que neste período a família da vítima estava com dinheiro em caixa, ele resolveu promover o seqüestro. Estudou a melhor maneira, observando a rotina do fazendeiro, que todos os dias saía de Bauru e ia buscar o leite em sua fazenda. Planejou o crime na entrada da propriedade. Quando o fazendeiro passou a porteira e tentava fechá-la foi surpreendido pelo trio.