Tribuna do Leitor

DIA INTERNACIONAL DA MULHER

Silvana Case
| Tempo de leitura: 4 min

Comemorar só uma vez ao ano não me parece muito justo, pois todos os dias são nossos também. E o dia internacional do homem? Não existe...

As novidades sobre as mulheres no mundo dos negócios: todos falam do assunto, todos têm interesse em saber...

Vamos lá - as melhorias são notórias.

Sempre participo (direta ou indiretamente, pois sou mulher) da realização de pesquisas sobre o tema “O Mercado de Trabalho” e a participação da mulher executiva é tema garantido. Mas afinal, como estamos? Ganhando participação a cada dia mais e a remuneração acompanhando esse crescimento.

Na última pesquisa, de 2001, um dos resultados aponta que, em média, a mulher executiva está no momento com salário 10,3% inferior ao dos homens quando ocupa o mesmo cargo, em empresa de porte similar.

No ano anterior, a pesquisa realizada com a mesma metodologia, apontava que a diferença era de 17%. Podemos tentar imaginar que mulheres estarão com salários iguais em breve? Por que não?

Ainda com dados da pesquisa, no nível de executiva principal somos 13,8%; diretoria 19,7% e gerência 20,4% - a cada pesquisa subimos pontos percentuais. Portanto, a participação feminina é crescente, certa, e sem retorno.

Motivo para comemoração? Creio que sim, já que tanto “lutamos” pela igualdade, inclusive no mercado de trabalho, agora estamos a cada dia mais perto dos homens.

Na minha percepção, mais interessante é que estamos rompendo preconceitos e mais próximos da vida real, deixando de lado o feminismo e sendo femininas, galgando cargos e responsabilidades pela capacidade de agregar valor, sem destruir a essência natural de mulher, que tem múltiplos papéis. Pergunta-se muito: será que ainda existem empresas pensando que ser mulher, filha, dona de casa, esposa e/ou mãe é empecilho para o bom desenvolvimento das atividades profissionais e, conseqüentemente, com obtenção de resultados satisfatórios? Infelizmente sim, apesar de parecer tão retrógrado. Mas que conseguimos atingir os resultados, creio que poucos duvidam. Preço a pagar? Sim, como tudo na vida, nada sai de graça. Atingir a perfeição? Não, não conseguimos atingi-la em todas as funções. Mas ela existe? Se existe, quem a atinge?

Neste 8 de março teremos um motivo a mais para comemorar: fomos presenteados, homens e mulheres, com uma obra do autor Júlio Lobos, cujo título é Mulheres que abrem passagem e o que os homens têm a ver com isso. Ele a elaborou com uma análise da mulher no mundo dos negócios - origem, características, diferenças entre os estilos homem-mulher, de mulher para mulher, visões de si mesma, dilemas, o lidar com o sucesso, etc. A obra é acrescida de ricos depoimentos de mulheres que se destacaram no cenário empresarial, extraídas a partir da pergunta: O que você sabe - e que antes desconhecia ou suspeitava - sobre como progredir profissionalmente sendo mulher? Aqui estamos nós, depoentes, falando de nossa luta, estilos, conquistas, do sabor dos resultados alcançados e elogios recebidos.

Citando outra pesquisa, a realizada pelo Instituto Ethos e Fundação Getúlio Vargas de SP, encontrou-se que 6% dos cargos de chefia das 500 maiores empresas brasileiras são ocupados por mulheres. É pouco, mas há pouco tempo era próximo a zero. Então, por que não vibrar com esses números e seguir em frente para ampliá-lo ao invés de lamentarmos? Há muito para trabalhar nesse sentido.

Hoje até já estão considerando o sentimento como algo existente no ser humano, a importância dos relacionamentos interpessoais, a cooperação e a motivação e não mais a austeridade desmedida, que desagrega e faz nos sentirmos pequenos.

Como disse Fernanda Montenegro em depoimento ao livro a ser lançado (e que tive o privilégio de ler antes de seu lançamento), “prenuncia-se uma nova forma de gerir empresas: a feminina. Não se atreva a ignorá-la”.

Na “nova empresa”, a alma feminina pode fazer a diferença. Vamos somar as características femininas às masculinas. Com certeza, o resultado será mais equilibrado e todos ganharão. Outra polêmica: a dupla jornada de trabalho. Mentira? Sim, pois ela não é só dupla. Citando mais um brilhante depoimento, que sintetiza a mulher executiva, de Karim Hans, “o homem precisa sair de casa todas as manhãs para matar um leão. A mulher, além de matá-lo, necessita temperá-lo, assá-lo, servi-lo e estar bem também... impecável para receber os convidados”. (Silvana Case - vice-presidente executiva do Grupo Catho)

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