Diante dos últimos acontecimentos. Essas coisas como a decisão do Tribunal Superior Eleitoral ( TSE) de engessar as coligações, a invasão da Polícia Federal no escritório dos Sarney, no Maranhão, e outros casos que ainda vão aparecer demonstram um padrão de comportamento que grupos envolvidos nas eleições vêm adotando. Com relação ao comportamento da turma é fácil detectar a postura dos políticos. Pelas declarações, procedimento, movimentação das principais personagens da comédia pode-se concluir que: ou todos são culpados, mas estão fazendo papéis de santo; ou ninguém é culpado e, pasmem, todos são mesmo santos; ou ainda que alguém é culpado e precisa ser responsabilizado.
Vamos então aos fatos que continuam a se desenrolar à revelia dos santos. As informações de cocheira dão conta que existe um movimento para esvaziar a candidatura de Roseana Sarney, do PFL, para abrir espaço para o crescimento de José Serra, do PSDB, nas pesquisas eleitorais. E esse movimento adquiriu velocidade maior por causa da decisão do TSE de obrigar que as coligações estaduais para as eleições sejam iguais as coligações nacionais. Existem também suspeitas, ainda não comprovadas, de que a governadora do Maranhão e de que o seu marido Jorge Murad possam estar implicados em supostas fraudes na Sudam. E é verdade ainda que a ação da Polícia Federal, apreendendo documentos e dinheiro grosso, no escritório da família Sarney, em São Luiz, foi escandalosa e espetacular; ação inclusive, vazada para a imprensa.
Óbvio está que ninguém tem nada a ver com isso. Mas não adianta o pessoal chapa-branca dizer que o governo não teve nada com o caso. Porque, apesar de nós todos acreditarmos, Roseana Sarney não acredita. Ou melhor, ela pode até ser levada a acreditar que o governo não se intrometeu, mas acha que Serra tem um dedo nesse caso. Roseana é uma cética. Não acredita em santos, afinal ela também é uma pessoa que faz política. UM MILHÃO DE AMIGOS - Então o rompimento do PFL com o governo pode até ser atenuado, pode até não ser para funcionar a ferro e fogo. Mas a briga com Serra não tem mais volta. A ameaça que Roseana fez de abandonar a candidatura à presidência foi um grande momento na nossa vida pública, para quem gosta de situações farsescas é claro. Mas o importante mesmo ficou na advertência que ela deixou no ar na mesma ocasião: que poderia mandar para o espaço a candidatura, mas que iria fazer de tudo para que José Serra não estivesse entre os escolhidos para o segundo turno. O grupo de Roseana, incluídos aí o seu pai, José Sarney, os seus irmãos e uma penca de gente do PFL elegeu Serra como o mais novo inimigo histórico do grupo.
Enquanto isso, do outro lado do muro, os deuses da política estão sendo generosos com Lula. Deram-lhe uma nova oportunidade de se aprumar. Com a resolução do TSE, Lula e o PT, conseguem nova chance para buscar alianças. Mais de acordo com o perfil do partido. Menos exóticas do que com o PL. E a temporada de caça já começou. O primeiro ataque está sendo ao PSB, dos socialistas e de Anthony Garotinho. Mais interessante é que o PSB está dando alguns sinais positivos. Sinais discretos, como deve fazer toda a moça recatada. Por enquanto apenas indicações de que pode surgir um namoro por aí. Mas o PT tem pretensões à barba-azul. Também quer dragar a parte oposicionista do PMDB e o PPS de Ciro Gomes. Na última estada de Ciro em São Paulo seus lugar-tenentes alertaram aos integrantes do partido para que não caiam na conversa sedutora dos petistas. (Fernando José Dias da Silva/AE)