No dia 4 de março, li no Jornal da Cidade a matéria “Música erudita atrai mais os jovens†e fiquei gratamente impressionada. Em momentos atuais, quando ainda não compreendo por que se fala muito nesta região sobre a dicotomia “ Música Popular ou Eruditaâ€, a matéria sobre a “Arte de Beethoven†é muito reconfortante para os que, como eu, se dedicam ao ensino da música.
Sem dúvida alguma, tanto no Brasil como no resto do mundo, seguiram-se formando muitos jovens, amantes da chamada “música eruditaâ€, que encontram nesse Arte Universal seu meio de expressão e de inspiração. Acho que isso não tem nenhuma contradição com aqueles que preferem estudar ou se dedicar à “música popularâ€, pois as diferenças individuais do ser humano provocam tudo isso, e o gosto por uma ou por outra deve ser respeitado por todos.
Ministro aulas de música em Bauru, na USC, há três anos, sou formada em Cuba e na Rússia e nunca vi tanta discussão a respeito. A Arte dos sons não tem limites nem fronteiras, e aí sua grandiosidade, só preferências marcadas, como já disse, pelo gosto individual. Acho absurdo quando muitos “profissionais†atacam aos estudantes de música erudita ou ao contrário aos de música popular, professando que uma ou outra são superiores ou pertencem a tempos passados.
A Música Erudita Universal é Universal precisamente porque pertence a todos a Arte de Beethoven, Bach, Mozart, não é dos europeus, mas também do mundo todo, pois expressa os sentimentos da humanidade que podem ser assimilados em qualquer época ou país, da mesma forma que a música brasileira, por sua riqueza e seu caráter universal é abraçada também por pessoas de outros continentes.
Infelizmente, a limitação na formação de muitos “profissionais†não permite ver a grandiosidade de uma sem minimizar a importância da outra. Mas a quantidade de jovens que hoje em dia, no mundo todo, se dedicam à Arte da Composição ou da Interpretação da chamada “Música Erudita†tem demonstrado que estará vigente ainda por muito tempo, pois a boa música não passa com o tempo, ela perdura, é eterna.
As Escolas de Música e os Conservatórios têm esse desafio, oferecer todo para o estudante, e ele decide qual responde mais a sua forma de expressão. Tenho alunos que vibram com Beethoven e outros com Tom Jobim, qual dos dois está certo?..... pois os dois, é essa a diferença do seres humanos que faz o mundo de hoje tão rico e complexo. O ensino da música popular não pode pular o estudo da música erudita, ao final de contas, os estudos teóricos sobre a música e sua evolução partiu daí, e tem que fazer parte da cultura de qualquer músico, ao mesmo tempo que um estudante da música erudita tem que conhecer toda a música que se produz em seu país, não tem contradição; penso que essas discussões só prejudicam o estudante. Na verdade, o melhor seria tirar esses adjetivos que não deixam ver claramente que ambas deveriam ser chamadas simplesmente de “Músicaâ€. (Drª Rosa Maria Tolon Marin - RNE V251398-I)