Cerca de 850 pessoas preencheram cadastro, ontem, para disputar a uma das 30 vagas de trabalho que estão sendo oferecidas em Bauru por uma loja de eletrodomésticos e eletroeletrônicos, cuja previsão de inauguração é para a segunda quinzena de abril. Pessoas das mais diversas idades, em muitos casos desempregadas há mais de um ano, estão apostando nessa oportunidade para conseguir trabalho.
Hoje, os candidatos continuarão sendo atendidos, das 8 às 18 horas, no hotel Bekassin. A loja está sendo construída no local que abrigava o antigo Hotel Central, demolido recentemente.
De acordo com o supervisor regional da loja, Emílio Carlos Medeiros de Andrade, a previsão é de que, hoje, cerca de 420 pessoas ainda façam sua inscrição para a pré-seleção de candidatos. As vagas são para vendedores e operadores de caixa.
O grande número de candidatos não chegou a surpreender o supervisor da loja, em função do tamanho da cidade. Por outro lado, é uma prova real do alto nível de desemprego que atinge pessoas das mais diversas idades e graus de escolaridade.
“A quantidade de candidatos não nos surpreendeu em função do porte de Bauru e também da atual situação de desemprego que se vê em todo o País. Do total de pessoas que passou por aqui hoje (ontem), cerca de 80% eram de Bauru e o restante se dividia entre algumas cidades da região, como Agudos e Pederneirasâ€, diz Andrade.
Roberta Maia de Souza, 20 anos, era uma das pessoas que engrossavam a fila de candidatos a uma vaga de vendedora ou caixa. Ela possui 2.º Grau completo, está desempregada há seis meses e conta que já enviou seu currículo a todas as agências de emprego da cidade. Antes, havia trabalhado em uma lanchonete e numa loja de confecções.
“Eu já fiz várias entrevistas de emprego, mas percebo que estou perdendo a vaga para pessoas com nível de escolaridade superior ao meu. Ter 2.º Grau já não é o suficiente. No momento, eu gostaria de trabalhar como auxiliar de escritório, mas qualquer outra oportunidade que aparecer, como essa, é bem vindaâ€, diz Roberta.
Morando atualmente com os pais, ela conta que se sente mal por não estar podendo contribuir para as despesas da casa e não ter seu próprio dinheiro para comprar coisas de que gosta.
Esperança
Nancy Amorin Kuchausky, 33 anos, está desempregada há um ano e também está depositando suas esperanças de conseguir um emprego nessa loja. Mãe de um menino de sete anos, ela conta que mora na casa da sogra e que se sente mal por não poder ajudar nas despesas ou comprar um brinquedo para o filho.
“Antes de ficar desempregada eu trabalhava como auxiliar de escritório. Mas agora, aceito trabalhar em qualquer outra área, como vendedora ou operadora de caixa. Preciso ter uma renda porque tenho um filho de sete anos. É muito triste não ter dinheiro para comprar uma coisa que ele me pedeâ€, comenta Nancy, que também diz já ter enviado seu currículo a todas as agências de emprego de Bauru.
Gislene Aparecida Avelino, 18 anos, também está entre as 850 pessoas que passaram pelo escritório da loja, ontem. Ela conta que está desempregada há cinco meses e que sua maior dificuldade em conseguir trabalho está no fato de ter pouca experiência numa atividade profissional.
Na outra ponta dessa linha está Álvaro Wellichan, 48 anos. Ele conta que em oito meses entregou 20 currículos e que a idade tem sido o maior obstáculo na sua procura por emprego. Pai de dois filhos, Álvaro acha que pessoas mais velhas e com responsabilidade familiar deveriam ter mais chances no mercado de trabalho.
Milton Francisco Oliveira, 35 anos, pai de cinco filhos, está sem trabalho há um mês e diz que está passando dificuldades em função disso.
Outro supervisor da empresa que está recrutando candidatos, Odacir Packer, diz que a loja a ser inaugurada em Bauru será a 115.ª filial da rede no Brasil (todas em imóvel próprio), que possui sua sede matriz em Salto (SP) e este ano completa 50 anos de atividades.
“O processo de ampliação da rede não segue um cronograma pré-determinado. Os pontos de interesse vão surgindo através de estudos de viabilidade e Bauru foi considerada uma cidade com potencial para sediar uma filial da empresaâ€, afirma Packer.