Associações de moradores de vários bairros da cidade estão cobrando da Prefeitura de Bauru a implantação do passe-integração, que reduziria os custos de transporte para quem usa mais de um ônibus para chegar ao destino. Segundo Claudinei Teixeira de Moura, que iniciou o movimento, o prefeito Nilson Costa prometeu manifestar-se sobre o assunto até outubro do ano passado, mas ainda não se posicionou sobre o assunto.
A intenção dos integrantes do movimento, apoiados pela Federação da União das Associações de Moradores, é diminuir o custo com transporte coletivo da população de baixa renda. Eles acreditam que assim poderão aumentar as chances no mercado de trabalho das faxineiras, empregadas domésticas e trabalhadores braçais.
O idealizador do movimento quer saber porque o passe integração ainda não foi implantado, já que no orçamento do município para este ano estaria previsto um gasto de R$ 500 mil para esse fim. “Temos vários abaixo-assinados, de várias associações de moradores, fazendo a mesma reivindicação. Em cidades como Marília, Ribeirão Preto, entre outras, o passe integração está implantadoâ€, exemplifica.
Ele lembra que em bairros periféricos 70% da população utilizam o transporte coletivo para se deslocar para o trabalho. “A maioria gasta quatro passes por dia. Muitos perdem o emprego porque a patroa ou o patrão não concorda em arcar com o transporte. Ele preferem contratar empregados que morem nas imediações do local, para pagar só dois passesâ€, conta.
O presidente da Associação de Moradores da Pousada da Esperança, Natalino Davi da Silva, ressalta que no bairro o índice de mulheres desempregadas é alto. “A maioria é doméstica ou faxineira. Para elas se deslocarem da Pousada da Esperança até a Zona Sul, onde estão o maior número de vagas, são obrigadas a usar quatro passes. As patroas não aceitam pagar os quatro e dispensam as empregadasâ€, explica.
Ele acredita que o passe-integração vai beneficiar não só as moradoras dos bairros periféricos. “Os patrões também serão beneficiados uma vez que vão desembolsar só dois passes por diaâ€. Com o passe-integração, na opinião dos idealizadores do movimento, o número de usuários do transporte coletivo deve crescer nos finais de semana. “As pessoas querem passear, mas não podem porque fazer uma visita do outro lado da cidade custa R$ 4,00â€, ressalta.
O presidente da Associação de Moradores da Vila São Paulo, Cícero dos Anjos, lembra que a Lei Orgânica do Município, em seu artigo 170, prevê que as empresas concessionárias do transporte coletivo são obrigadas a fornecer o passe-integração.
O presidente da União Municipal dos Estudantes Secundaristas de Bauru (Umesb), Rafael Gomes, diz que irá somar com os trabalhadores na luta pelo passe integração. “Há mais de 10 anos estamos lutando pelo passe-integração. Várias proposta foram encaminhadas à Empresa Municipal de Desenvolvimento Urbano e Rural de Bauru (Emdurb)â€, conta.
Ele diz que está disposto a aglutinar todos os setores da sociedade para denunciar a falsa que é o preço da tarifa de transporte coletivo em Bauru. “A tarifa não custa R$ 1,00. Este custo é do bairro até o Centro da cidade. A tarifa é de R$ 2,00 porque para cruzar a cidade a população e o estudante gastam R$ 2,00. Não vamos mais aceitar este falso discursoâ€, frisa.
Emdurb nega que há verba reservada para implantar o sistema
O presidente da Empresa Municipal de Desenvolvimento Urbano e Rural de Bauru (Emdurb), Antônio Carlos Duarte, afirma que não existe uma previsão de verba no orçamento para implantação do passe-integração. “O que existe é um plano plurianual de aplicações, no qual o horizonte é de quatro anos, ou seja, há uma previsão de recursos para quatro anos. O passe-integração é um dos itens a ser implantadoâ€, conta.
De acordo com ele, há um projeto de remodelação do sistema de transporte coletivo. “A remodelação prevê um melhor atendimento, com um número menor de veículos. Hoje, temos 263 ônibus nas ruas. Com a remodelação, esse número baixaria para 240â€, diz.
Para implantar o projeto, segundo ele, as concessionárias do transporte coletivo da cidade precisariam fazer investimentos. “A estimativa de custo de implantação do sistema é de R$ 5 milhões. A Emdurb entra com 20% e cada grupo de 60 ônibus com a mesma quantia. O grupo entra com 80%â€.
A instalação do terminal urbano, uma das maneiras de implantar o passe-integração, está descartada, de acordo com Duarte. “O projeto prevê a bilhetagem automáticaâ€. A catraca automática é outra forma de implantar o passe-integração.
O diretor de transporte da Emdurb, Waldomiro Fantini Júnior, diz que o projeto tem duas fases: a institucional e a operacional. “O projeto está em andamento. Estamos na fase de licitação. Depois que estiver definida a terceira empresa de ônibus, podemos solicitar os investimentos. Antes disso não é viávelâ€, ressalta.
Ele acredita que o projeto comece a ser implantado ainda neste ano. “Pode começar a ser implantado porém, a previsão é de um prazo de 12 a 18 meses para completar a implantaçãoâ€, diz.