Nesta semana, o combate contra a dengue foi intensificado com a realização de bloqueio químico - mais conhecido como nebulização - nos bairros de Bauru em que foram confirmados casos positivos da doença. O procedimento, realizado pela Superintendência de Controle de Endemias (Sucen) - órgão estadual -, visa matar os mosquitos transmissores na fase adulta. Ontem, ele foi aplicado no Jardim, Bela Vista.
Rosinaldo Romero, que trabalha na área de educação da Sucen, explica que o bloqueio químico que está sendo realizado em Bauru é diferente da nebulização, praticada anteriormente. Os caminhões espalhavam veneno nas ruas dos bairros da cidade em que havia alta concentração do mosquito.
O bloqueio químico é realizado casa a casa. Os alvos são os quarteirões que estejam dentro do raio de cem metros das casas em que há casos positivos de dengue.
Inicialmente, a equipe da Secretaria Municipal da Saúde (SMS) passa nas casas realizando o arrastão para eliminação de criadouros do mosquito Aedes aegypti, transmissor da doença. Paralelamente a esse trabalho, é feito o levantamento de casos suspeitos.
Eliminados os criadouros, ovos e larvas, o bloqueio químico pode ser iniciado. O primeiro agente da Sucen passa nas residências de um quarteirão avisando os moradores sobre o procedimento e fazendo as orientações necessárias.
As pessoas devem cobrir alimentos, abrir portas e janelas, afastar cortinas, levantar colchas das camas e retirar animais de estimação da casa. Os moradores, da mesma forma, devem permanecer fora da residência durante 15 minutos - período de ação do inseticida.
O operador da Sucen aplica o veneno nos quintais das casas e direciona os jatos para dentro das mesmas, mas não chega a entrar nos imóveis. Daí a necessidade de que todas as portas e janelas estejam abertas. O produto químico não tem efeito residual. Ou seja, mata apenas os mosquitos que estiverem no local naquele momento.
Romero explica que, por um problema técnico, o inseticida não é aplicado diretamente no interior das casas. Como ele é feito à base de óleo, provocaria manchas e poderia estragar objetos.
“Quando essas ações da Prefeitura e do Estado são bem integradas, há o controle da doença. Acredita-se que isso está acontecendo em Bauru porque não houve uma explosão de casosâ€, expõe Romero.
O bloqueio químico já foi feito em bairros como Núcleo Mary Dota, Núcleo Gasparini, Núcleo Geisel, Núcleo José Regino e Vila Santa Luzia. Todos os bairros em que foram confirmados casos positivos estão sendo visitados pelas equipes da Sucen.
Segundo Romero, ainda há resistência por parte de algumas pessoas que se negam a sair das casas para que o inseticida seja aplicado. Ainda que incomode os moradores por alguns minutos, a colaboração com o trabalho de combate à dengue é de extrema importância e a resistência é um fator que só ajuda o Aedes aegypti.
“Se houver uma ação mecânica mais eficiente (de eliminação de criadouros), a aplicação do inseticida torna-se desnecessáriaâ€, frisa o funcionário da Sucen.
Na última quarta-feira, foi confirmado mais um portador de dengue em Bauru. Trata-se de um caso autóctone de um morador da Vila Souto. Com isso, Bauru soma neste ano 31 casos positivos registrados, sendo 20 importados e 10 autóctones.
Os arrastões e levantamentos de suspeitos estão sendo feitos no Núcleo Gasparini, Jardim Bela Vista, Vila Souto, Vila Lemos, Núcleo Geisel, Núcleo José Regino e Parque Roosevelt. De acordo com Flávio Salvador, da SMS, o Jardim Bela Vista e o Núcleo Gasparine são as regiões que mais preocupam no Município por terem registrados este ano três e dois casos, respectivamente.
“São os mesmos locais em que houve transmissão no ano passado. Por isso, aumenta a probabilidade de que haja casos de dengue hemorrágica. No ano passado, houve epidemia do tipo 1. Este ano, é o tipo 2. A pessoa que teve dengue tipo 1 está imune a ele, mas corre o risco de pegar o tipo 2 e contrair a hemorrágicaâ€, explica Flávio Tadeu Salvador, coordenador do Programa Municipal de Combate à Dengue.
Os principais sintomas da dengue são febre; dor de cabeça; dores musculares, nas articulações, e nos olhos; sangramentos no nariz e manchas avermelhadas na pele. Os casos suspeitos devem ser imediatamente comunicados ao médico nas unidades de saúde.
Serviço
As denúncias de suspeitas de criadouros do mosquito da dengue em Bauru em imóveis de proprietário conhecido devem ser feitas através do telefone (14) 235-1488. As informações em casos de proprietário desconhecido devem ser fornecidas pelo telefone (14) 235-1047.