A Secretaria Municipal do Planejamento (Seplan) vai contratar uma empresa para estudar os problemas de Bauru e apontar quais obras são necessárias serem feitas nas bacias de quatro córregos que cortam a cidade - Água da Ressaca, Água da Forquilha, Água do Sobrado e da Grama - para evitar inundações por ocasiões de chuvas fortes e erosões. Como trata-se de um estudo caro, estimado em R$ 200 mil, a contratação será feita através de tomada de preço.
As informações são da assessoria de imprensa da Prefeitura. A titular da Seplan, Maria Helena Rigitano, conta que iria encomendar o estudo apenas para a bacia do córrego Água da Ressaca, mas conversando com o prefeito Nilson Costa obteve autorização para estender a área de estudo. A pesquisa deve apontar a obra, piscinão ou outro tipo de bacia de contenção de águas das chuvas, necessária em cada bacia de rio, as prioridades e os valores estimados.
Num estudo prévio, a Seplan propôs a construção de um piscinão no Parque Vitória Régia, utilizando o espaço do lago. Mas a definição pela obra vai depender do estudo que será contratado. “Talvez seja necessário um movimento de terra no local para acomodar um volume maior de água. A saída da água acumulada seria por gravidade, sem a necessidade de bombeamento, mas tudo vai depender do estudo que será feitoâ€, explica.
Maria Helena conta que os técnicos da área que visitaram Bauru levantaram a possibilidade da necessidade da construção de uma barragem no Parque Vitória Régia, idéia inicial da Seplan. “Eles têm colocado que o ideal seria a inundação geral do parque. A água chegaria até o segundo degrau da arquibancada. Com isso, seria alcançado o volume suficiente para armazenar a água durante o período crítico da chuva, que é de uma a duas horas. Depois, a água escoaria naturalmenteâ€, conta.
A equipe da Seplan tem visitado cidades que também sofrem com inundações e já construíram piscinões para represar a água da chuva. Eles já estiveram em Ribeirão Preto, São José do Rio Preto, Londrina e na sexta-feira passada visitaram Santo André, cidade que conta com quatro piscinões municipais e um estadual. A comitiva de Bauru, integrada por técnicos das secretarias municipais do Planejamento, Obras, Meio Ambiente e Caixa Econômica Federal, conheceu um piscinão com capacidade para 30 mil metros cúbicos de água, que utiliza o sistema de gravidade para retorno da enxurrada ao córrego.
No local foi construído um pesqueiro que serve como área de lazer. A população, que ajuda a cuidar do local, pesca e devolve os peixes às águas. Santro André tem um outro piscinão que utiliza o sistema de bombeamento para a canalização da água da chuva.
Esse piscinão, com capacidade de reservação para 27 metros cúbicos, está localizado em área central, sob um viaduto. O local também é utilizado como área de lazer, mas com uma quadra poliesportiva de fundo.
Passado o período das chuvas, o Serviço de Saneamento Ambiental (Semasa) de Santro André faz a limpeza e desinfecção da área, que pode ser aproveitada pela comunidade. Também nesse sistema foi adotado um serviço de sinalização especial para que a população saiba que as bombas estão ligadas. Um semáforo ligado às bombas avisa quando o sistema está em atividade.
Embora a situação entre Bauru e Santo André sejam diferentes (Bauru ainda pode trabalhar preventivamente, ao contrário de Santo André), para os técnicos é importante conhecer as experiências e as alternativas existentes para que a melhor opção seja idealizada e aplicada de forma direcionada aos problemas locais.
Santo André contava com aproximadamente 70 pontos de enchentes. Com as medidas implantadas - quatro piscinões municipais e um estadual -, após cinco anos de atuação intensiva em drenagem urbana, a cidade tem hoje com cerca de 40 pontos de inundação. A previsão do Semasa é construir mais um piscinão neste ano, orçado em R$ 7 milhões.
A secretária municipal do Planejamento, Maria Helena Rigitano, ressalta que a realidade de Santo André é bem diferente da de Bauru.
“Em primeiro lugar é uma cidade muito mais densa. Não tem espaços vazios, não tem os fundos de vales que a gente tem aqui, mas valeu conhecer a experiência pra ver a importância de ter um plano de macrodrenagem que vai estar definindo as obras que vão ser feitas, a prioridade na execução dessas obras e a localização desses dispositivos, ou seja, os reservatórios, canais, tudo o que for necessário. A gente precisa ter essa visão macro da cidade para a partir disso ir corrigindo os problemas dentro de uma ordem de prioridade, e esse estudo nós não dispomosâ€, diz.