Araraquara - O líder e fundador da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC), Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, 34 anos, foi transferido para a Penitenciária Regional de Araraquara ontem. Ele veio da Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas (Pasc), no Rio Grande do Sul, de avião e chegou às 16 horas no aeroporto Bartolomeu de Gusmão.
A escolta foi realizada pelas equipes da Delegacia de Investigações Gerias (DIG) em três viaturas e às 16h20 o criminoso já estava na unidade prisional.
De acordo com a assessoria de imprensa do secretário da Administração Penitenciária, Nagashi Furukawa, a transferência de Marcola ocorreu porque a intenção do governo é transferir para o Estado todos os detentos que estão em outras regiões do País.
Apesar disso, a reportagem apurou que a permissão à permanência de Marcola na Pasc, conforme determinação do Ministério da Justiça, vigorou somente até o dia 4 de abril.
A assessoria não informou porque Araraquara foi a escolhida para abrigar o criminoso, mas considerou a hipótese da disponibilidade de vagas na unidade prisional. Atualmente a população carcerária da penitenciária local é de 885 detentos, sendo que a capacidade é para 500 homens.
Segundo a assessoria de imprensa, ainda haveria um ou dois presos ligados ao PCC fora do Estado. Um deles seria César Augusto Roris da Silva, o Césinha, que cumpriria pena no Paraná.
Na série de motins realizados um ano após a megarrebelião ocorrida em 18 de fevereiro de 2001, os detentos pediram a volta dos líderes da facção a unidades paulistas. Apesar de a Secretaria de Administração Penitenciária negar que a volta dos presos ao Estado seja uma forma de atender exigências de integrantes do PCC, eles estão sendo transferidos para São Paulo.
Dois dos líderes da facção criminosa, Júlio César Guedes de Moraes, o Julinho, e José Márcio Felício, o Geleião, foram transferidos, no final de fevereiro, para a Penitenciária de Avaré, na região de Botucatu. Julinho saiu do presídio da Polícia Federal (PF) em Campo Grande (MS), e Geleião deixou o presídio de Bangu 1, no Rio de Janeiro (RJ). O primeiro responde por roubo e homicídio, e já ficou preso na Capital, Interior e Mato Grosso do Sul. O segundo também já passou por vários Estados e é suspeito de ordenar o assassinato de outro fundador do PCC, Mizael Aparecido da Silva, o Misa, na Penitenciária de Presidente Venceslau (Oeste do Estado).
A política de transferências constantes teria sido adotada pelas autoridades para evitar que detentos considerados perigosos como Marcola, Geleião, Césinha e Julinho, tivessem tempo de assumir a liderança nas prisões para onde são mandados.
Tensão
O titular da DIG, Jesus Nazaré Romão, acredita que a vinda de Marcola para a Penitenciária local causará um clima de tensão, já que depois da morte do Idemir Carlos Ambrósio, o Sombra (executado em julho de 2001), Marcola seria o principal e atual líder da facção.
Além dele, a liderança do PCC estaria, hoje, entre Julinho, Geleião e Césinha, pois os outros quatro que faziam parte da alta cúpula do PCC foram assassinados: Alcides Sérgio Delassari, o Blindado, Jonas Mateus e Misael Aparecido da Silva, o Misa.
A advogada de Marcola, Ariane dos Anjos, que é de Araraquara, soube da transferência do cliente através da reportagem e disse que irá à Penitenciária hoje pela manhã. Ela somente poderá afirmar se o detento veio para ficar na cidade ou se está em trânsito, após conversa com o líder.
Há informações extra-oficiais de que a família de Marcola teria colaborado para que a transferência dele fosse para o município.
O diretor do presídio, Jorge Aparecido Bento de Camargo, foi procurado pela reportagem por volta das 17 horas de ontem mas, segundo informações de funcionários, o expediente já havia sido encerrado.
O prefeito Edinho Silva (PT) também foi procurado pela reportagem, através da assessoria de imprensa e telefone celular, mas não retornou às ligações para comentar o assunto.
De acordo com informações da 3ª Companhia de Policiamento Militar do 13º Batalhão da PM, responsável pela guarda da muralha, o efetivo na Penitenciária não foi reforçado. Até o fechamento desta edição, funcionários da unidade afirmavam que o clima no local era de tranqüilidade. (*Colaboração de informações do Jornal Estado de São Paulo Online)
(*) Tribuna Impressa/ Especial para o JC