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Massa tem torcida especial em Botucatu

Da Redação
| Tempo de leitura: 4 min

Botucatu - Desde a morte de Ayrton Senna, em maio de 1994, os brasileiros procuram um substituto para o ídolo da Fórmula-1. Com a ida de Rubens Barrichello para a Ferrari, em 2000, a esperança aumentou, mas o freqüente ‘azar’ do piloto vinha frustrando a torcida que há oito anos espera um novo campeão do Brasil.

Quando o jovem Felipe Massa, 21 anos, estreou na F-1 pela equipe Sauber, no início deste ano, parte da torcida brasilera - e da imprensa internacional - voltou a acreditar num ‘novo Senna’ surgindo nas pistas.

O maior apoio a Massa, no entanto, vem de Botucatu, cidade em que o piloto cresceu (na verdade, ele nasceu em São Paulo) e deixou a família e muitos amigos para tentar a carreira de piloto na Europa. E ao contrário dos torcedores ‘comuns’ e da imprensa especializada, que apostam em Massa baseados em seu sucesso na Fórmula Renault ou na Fórmula 3000 européia, muitos botucatuenses torcem para o colega de escola, para o amigo de infância.

Nessa torcida especial por Massa vale tudo, até torcer contra Barrichello, considerado um obstáculo para que o piloto de Botucatu chegue a uma equipe de ponta. Qual delas? A Ferrari, claro. “Torço contra o Rubinho mesmo, prefiro até o (Michael) Schumacher”, revela o botucatuense Eduardo Aiello Sartor, o “Dudu”, amigo de Massa.

É na casa noturna de Dudu que os amigos e a família Massa se reúnem para torcer pelo piloto. Nas paredes, quadros com fotos autografadas que refazem a trajetória de Massa até chegar à F-1. Segundo Dudu, em corridas que acontecem na madrugada, como na Austrália, a casa chega a receber até 400 pessoas, que assistem os GPs num telão instalado no local.

Na corrida desta manhã, na Áustria, não estava prevista a reunião da torcida diante do telão da casa noturna. â€œÉ muito cedo, ainda mais no domingo”, diz Dudu. Para Marcelo Carbonari, também amigo do piloto, a próxima corrida em que a turma vai torcer junta e fazer festa novamente será só em outubro, no GP do Japão.

Outro amigo de Massa, Roger Duarte Teixeira, o “Roginho”, concorda que, quando a corrida é muito cedo, nem sempre é possível acompanhar o desempenho do amigo piloto. “Às vezes só dá para ver a largada; depois, o pessoal ‘capota’ no sofá”, conta.

Acelera, Massa!

Roginho também foi o responsável pelo ônibus que representa a torcida de Massa em Botucatu. No GP do Brasil, em março, quem levou um grupo de 15 torcedores locais a Interlagos, em São Paulo, foi o ônibus todo decorado com caricaturas do piloto e cores do Brasil. Nas laterais, o pedido ao amigo piloto: “Acelera, Massa!”.

A empresa de ônibus de Roginho também foi patrocinadora de Massa desde que ele corria no Kart. Depois, a empresa passou a patrociná-lo na Fórmula Chevrolet e na Fórmula Renault. Agora, com o amigo na F-1, Roginho fica só na torcida. “A Fórmula 1 é um negócio realmente muito caro”, diz.

Quase da mesma idade de Massa, Roginho conta que conhce o piloto desde os três anos de idade. Eles estudaram juntos e, até hoje, conversam por telefone com freqüência, mesmo o amigo morando em Zurique, na Suíça.

No escritório de Roginho, as paredes também estão decoradas com quadros da carreira de Massa. Um deles tem até dedicatória ao pai de Roginho, quando Massa venceu uma etapa no Kart em 1997.

O amigo, no entanto, não acompanha a carreira de Massa apenas à distância. Roginho conta que acompanhava pessoalmente as corridas do piloto desde a época em que ele começou no Kart, aos oito anos. No exterior, ele já assistiu a uma corrida do amigo em Roma, pela Fórmula Renault italiana - na ocasião, Massa venceu.

A maior vontade da “torcida especial” de Massa, no momento, é ver o botucatuense em uma grande equipe da F-1, disputando por pódios e títulos, assim como ele fazia nas categorias menores. O amigo Marcelo Carbonari resume a situação: “Vamos esperar para quando o Felipe for contratado por uma equipe grande; daí ele vai entrar com tudo”.

"Padrinho" de Fundação

Além da torcida na Fórmula-1, Botucatu conta com o apoio do piloto Felipe Massa na divulgação no Brasil e no exterior da Fundação Bons Ares, entidade sem fins lucrativos que tem como objetivo dar apoio a crianças com câncer e portadoras do vírus HIV.

A Fundação funciona como suporte ao Hospital das Clínicas da Universidade Estadual Paulista e, atualmente, está com seus sócios empenhados no projeto Cidade da Esperança, uma rede de auxílio aos pacientes do setor de oncologia pediátrica do HC. Segundo a assessoria da Fundação, o projeto pretende ajudar as crianças e seus familiares nas questões de alimentação e transporte, pois grande parte dos pacientes vem de fora de Botucatu.

Além disso, o desafio do projeto é fazer com que a criança sinta-se “em casa” na Cidade da Esperança. Para isso, deve funcionar no local uma escola, ginásio de esportes e espaços para aulas de música e artes.

Para ajudar na campanha, o piloto de F-1 de Botucatu foi adotado como “padrinho” da Fundação, que agora investe em camisetas alusivas a Felipe Massa, vendidas em vários locais da cidade a um custo de R$ 15,00, valor que já está sendo totalmente revertido ao projeto Cidade da Esperança.

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