Cultura

Shows internacionais invadem o País

Diego Molina
| Tempo de leitura: 6 min

O bolso dos “musicófilos” vai esvaziar nos últimos meses do ano, com o grande número de atrações internacionais que vão aportar pelas terras que Cabral descobriu. A lista vai do new metal de Slipknot ao rock teen da musa canadense Avril Lavigne e ao funk de M.I.A., passa pelos novos The Strokes e Kings of Leon, os semi-novos Weezer e Mercury Rev e chega aos gigantes do Pearl Jam.

O calendário internacional já começou na última semana, com a “velha guarda do metal” Judas Priest e Whitesnake, que se apresentaram em São Paulo e Rio de Janeiro. O próximo grande nome da lista é o DJ e músico Moby, que passeia – novamente – por São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte a partir do próximo final de semana.

Ainda em setembro, há os shows de Avril Lavigne em Porto Alegre, Curitiba, São Paulo e Rio de Janeiro. A importância é justamente pelo fato da garota com fama de mal-humorada ser um dos grandes nomes da música pop atual – um fenômeno, na verdade, com mais de 22 milhões de discos vendidos e meio milhão apenas no Brasil –, o que põe abaixo a teoria de que só velhotes e artistas em fim de carreira se aventuram pela América do Sul.

A musa teen de 20 anos, que vem indiretamente ditando moda e estilo para as fãs, chega ao Brasil ainda com a turnê de seu último disco, “Under My Skin”, lançado em 2004. No entanto, Avril voltou às paradas de rádios e da MTV com uma nova música, “He Wasn’t”, que deve estar em seu novo CD, com lançamento previsto para os próximos meses.

Outros destaques são o Chimera Music Festival, que traz ao País, também pela primeira vez, a banda Slipknot; e o Curitiba (agora) Rock Festival, que apresenta as atrações internacionais Weezer, Mercury Rev e The Raveonettes. O americanos do Weezer, atração principal do evento – que deixou de ser Pop Festival – chegam embalados pelo sucesso do último CD, “Make Believe”, e do primeiro single, “Beverly Hills”, mas colecionam fãs brasileiros de longa data com seu power pop rock e letras emotivas, às vezes românticas, do vocalista-nerd Rivers Cuomo.

Outubro traz o evento de maiores proporções até o momento no País, o TIM Festival, que em sua edição 2005 terá sede principal no Rio e distribuirá (mais ou menos) os shows por quatro capitais, São Paulo, Belo Horizonte e Porto Alegre. Enquanto a programação carioca ganhou três dias e quatro espaços/palcos (Club, Main Stage, Lab e Motomix), as outras três cidades terão apenas um dia de música.

O palco principal do Rio tem atrações para todos os públicos, em um elenco que faz justiça à proposta do festival. Apresentam-se no Main Stage Mundo Livre S/A, Kings Of Leon, The Strokes (dia 21 de outubro), De La Soul, M.I.A., Dizzee Rascal (dia 22), Television e Elvis Costello & the Imposters (dia 23). No TIM Lab, os destaques são o músico, ator e cineasta Vincent Gallo, The Arcade Fire, Wilco, Kings of Convenience e Morcheeba.

Em São Paulo, a programação ficou resumida a um dia, na Arena Skol Anhembi, com shows dos brasileiros Mundo Livre S/A, a “neo-funkeira” inglesa-cingalesa M.I.A., nova sensação das pistas européias e que faz uma fusão de dancehall jamaicano, funk carioca, hip hop e banghra indiano; e The Arcade Fire, do Canadá, banda moderna com som melódico, dançante (de leve) e folk, e seus oito integrantes.

Completam a noite duas bandas queridinhas dos fãs de rock: Kings of Leon e The Strokes. As duas têm dois ótimos discos no currículo – respectivamente “Youth & Young Manhood” (de onde saíram as pancadas “Molly’s Chamber” e “Red Morning Light”) e “Aha Shake Heartbreaker”, e “Is This It” e “Room on Fire” – e colecionam comparações entre si por conta do vigor das músicas.

O Kings, porém, tem suas guitarras e bateria fincadas no Tennesse, estado onde nasceram e cresceram os três irmãos e um primo da banda, enquanto os Strokes são som 100% nova-iorquino. A banda merece um capítulo a parte na história recente do rock por ter sido a primeira a ganhar visibilidade, fãs e grandes contratos antes mesmo de lançar um disco. Pura culpa da Internet que as ótimas “Barely Legal”, “Hard to Explain” e “Last Night” já estavam no computador de todo moleque curioso antes de “Is This It” chegar às lojas.

Finalmente

A culpa, em parte, é de uma fã brasileira, que teria reunido 7 mil assinaturas e enviado o abaixo-assinado ao site oficial do Pearl Jam. Assim, uma das bandas mais adoradas da década de 1990 e que continua seu legado no rock vem, finalmente, ao Brasil a partir de novembro, para shows em São Paulo, Rio, Porto Alegre e Curitiba.

A turnê foi pré-anunciada no site da banda com a apresentação de uma versão de “Garota de Ipanema” na página inicial. Antes do Brasil, os já tiozinhos de Seattle passam pelo Chile, Argentina e México. Os shows integram a programação de pré-lançamento do novo álbum, ainda sem nome divulgado e que deve chegar às lojas em 2006. Os locais dos shows ainda não foram definidos, mas a organização informa que os ingressos serão disponibilizados para venda a partir de 30 de setembro.

Outra informação não confirmada sobre os shows é de que a banda de Eddie Vedder e cia. deve disponibilizá-los por completo, para download pago em seu site oficial (www.pearljam.com) e no iTunes, assim como fez em sua última turnê mundial. A iniciativa foi a melhor forma encontrada pelo Pearl Jam de combater a pirataria – eles mesmos criam os discos “não-oficiais” para os fãs.

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O show (quase sempre) vale o ingresso

Os preços para uma apresentação de artista internacional normalmente são um pouco salgados. O ingresso para o show de Avril Lavigne em São Paulo, por exemplo, custa de R$ 60,00 a R$ 140,00, enquanto o único dia do TIM Festival na Capital sai por R$ 100,00. A ressalva, no entanto, é que na maioria das vezes o preço vale o show. Um artista ou banda podem ter CDs, discos ao vivo e DVDs de shows, mas só mostram realmente seu poder de fogo em um palco, mesmo que esse seja ridículo e vergonhoso – e mesmo assim, o fã terá assistido tudo ao vivo.

É a opinião do publicitário Fernando Ribeiro, que foi para Curitiba, no ano passado, para assistir um dos primeiros shows do retorno do Pixies. “O show foi muito estranho. A impressão é de que o som estava mal equalizado, os microfones estavam chiando e eles erraram muito nas músicas”, revela. “Por outro lado, o show do U2 no Estádio do Morumbi (em 1997) foi de uma emoção sem tamanho, só me fez gostar mais da banda”, completa.

A expectativa do tenente da Polícia Militar Ricardo Folkis para a programação do final do ano é unicamente com o show do Pearl Jam. “Quero tentar ir a pelo menos dois shows, o de São Paulo e o de Curitiba”, diz o fã.

Experiente em shows internacionais, Folkis recomenda que os interessados procurem se informar e comprem os ingressos com antecedência, para evitar ficar na mão de cambistas.

É comum haver grupos ou empresas que organizam excursões para grandes shows em São Paulo, Rio e Curitiba, então vale a pena chegar com agências de turismo, pois evita-se a preocupação da compra de ingressos e transporte. Outra boa fonte de informações é o site de relacionamentos Orkut, que já tem comunidades como “Avril no Brasil - Eu Vou!”, “Pearl Jam no Brasil - Eu Vou!!!” e “Strokes no Brasil”.

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